domingo, 18 de fevereiro de 2018

Sugestões para a semana

Livros

"Mulheres", Eduardo Galeano, Antígona, 227 páginas. A editora Antigona está a fazer verdadeiro serviço público ao dar à estampa toda a obra do excepcional escritor uruguaio, Eduardo Galeano. Tenho estado a deliciar-me com "Mulheres". 

"A Carne", Rosa Montero, Porto Editora, 187 pág. Magnífico livro da escritora espanhola, sobre o envelhecimento e a necessidade de amar. Uma mulher de culta de 60 anos que recorre a um gigolo de 32. Leiam.

"A menina silenciosa", Hjorth & Rosenfeldt, Suma, 559 pág. Mais um livro para a saga de policial nórdico do peculiar Sebastian Bergman. Um dos melhores policiais editados no ano passado, do qual recomendo que leiam os 3 livros anteriores pois a evolução dos personagens e das suas relações é importante para o desenrolar da acção.

Cinema

Em casa, sugiro amanhã por volta das 23h, na RTP2, o meu filme preferido (juntamente com "Morangos Silvestres") de Ingmar Bergman, "A Máscara" (Persona).
Na Cinemateca sugiro terça às 18h, no pequeno ciclo sobre a história dos formatos dos écrans, "Rancho Notorious" de fritz lang.

Séries

Escondida na noite de sexta, e sem grande promoção, a fox exibe a 7a temporada de Homeland (Segurança Nacional), às 22.15H.
Para os mais nostálgicos, e fãs da mais carismática personagem feminina, Emma Peel (Diana Rigg), de televisão, recomendo a estreia na RTP memória na sexta às 23h da 5a temporada da mítica série Vingadores

Documentários

Na terça, ás 11.30h, na RTP2, deixem a gravar "Empatia" que vale a pena ver. Também na terça, na RTP2, às 23,30, espreitem um documentário sobre Gauguin, «Á procura dos paraísos perdidos».
No TVC2, às 22h, terça, David Lynch- A vida arte sobre a carreira do grande realizador.

Restaurante

Na rua de São filipe nery, ao Rato, está um conceito chamado Lob. Tem as melhores sandes de lavagante. Não é barato como imaginam, mas é fora do comum.    

Congresso do PSD

No congresso do PSD uma das coisas mais engraçadas é ver indivíduos subirem ao púlpito ("olhos nos olhos", como eles gostam de salientar como se fossem uns tipos muito corajosos) e dizerem que "com toda a franqueza", "com honestidade", "vão fazer tudo para apoiar o nosso companheiro", que "lhe desejam o mesmo que desejariam para si próprios", "que me tem ao seu lado como um humilde soldado", quando na sombra já pagaram a um amolador para afiar os seus punhais porque no momento certo vão assaltar a jugular do líder que agora "olhos nos olhos" dizem apoiar. Já os conheço à distância, tenho muitos anos disto e conheço a história de Roma.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

A vitória da CMTV

O meu artigo desta semana no ECO que pode ler aqui.

A imagem da justiça

A Procuradoria Geral da República tem estado como o Dum Dum, contra moscas e mosquitos. Se havia alguma dúvida sobre a independência de Joana Marques Vidal, eu não as tinha, tudo fica dissipado com as suas “blietzkriegs” contra os poderes políticos, económicos e, o não menos poderoso, futebol. Ontem, foi a vistosa Operação Lex, mas outras se vêm somando no currículo de uma mulher sem medo de enfrentar os que mais podem.
Quando a Justiça é cega e independente está a fazer o seu trabalho. E assim ganham as sociedades democráticas que sentem que todos são escrutinados. Porém, todos sabemos que muitas operações mediáticas do Ministério Público não têm tido a mesma eficácia no que toca ao termo dos processos e culpabilização dos alegados criminosos que já foram julgados pelo júri constituído pela opinião pública. E é aqui que a imagem da Justiça vem falhando.
Não chega anunciar operações acompanhadas de meios de comunicação social, pois se os tribunais não são céleres no juízo das acusações, ficam a pairar um manto de dúvidas sobre as pessoas que têm a sua reputação atingida. E estaria na altura de se discutir abertamente, e se calhar com novos critérios, a questão do Segredo de Justiça. Não é crível que jornalistas estejam à porta de casa ou em aeroportos atrás de polícias ou funcionários judiciais por acaso. Alguém os avisou e isso é uma violação do Segredo de Justiça e quem provavelmente viola são os senhores da PJ ou do Ministério Público, que não enganem as pessoas.
Logo, e como me dizia uma pessoa que muito estimo, há uma enorme confusão na relação do sistema de justiça com o sistema mediático, em que é notória uma sobre-instrumentalização dos meios de comunicação social que se colocam ao serviço do Ministério Público. E julgo que é tempo de pôr termo a este espectáculo degradante de se matarem reputações com títulos de jornais que mais tarde não levam a acusação nenhuma. É a imagem da Justiça que está em jogo e também a dos media.
Claro que a imprensa tem e confia nas suas fontes e nada é mais seguro do que ela ser avisada por aqueles que lançam uma operação. Mas haverá um dia em que a comunidade se irá interrogar se as manchetes de jornais e abertura de telejornais bastarão, quando depois ninguém é acusado e sentenciado. Assim, temos que para lá da manifestação de independência do poder judicial, tem havido um excesso de fogo-de-artifício que dá jeito a muita gente mas que depois não serve para nada. E de folclores estão os portugueses fartos. Há bandidos, criminosos e gatunos? Que sejam punidos severamente pelas leis da República, é isso que todos desejamos, espectáculos circenses, só no circo. E está tudo do lado da Justiça.
Publicado no ECO