segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Balanço das Autárquicas

Ontem fui comentando no meu mural as incidências autárquicas, mas agora estamos em melhores condições de ver o filme de uma maneira global.

- Maior vitória de sempre do PS em autárquicas, vitória inquestionável de António José Seguro.

- Maior derrota e muito mais grave que a de Guterres em 2001, que o levou a abandonar o Governo, do PSD.

- PCP cresce e merece crescer ganhando Loures, Beja e Évora, e CDS também. O Bloco prova que é um partido de forte implantação nas redacções de jornais, mas ao qual os portugueses não atribuem qualquer credibilidade e foi dizimado.

-Rui Moreira foi um dos ganhadores da noite porque ganhou a segunda cidade mais importante e é um verdadeiro independente e não um daqueles trânsfugas de partidos, ressabiados por não terem sido escolhidos pelas direcções nacionais. E é importante que haja mais independentes como ele daqui a 4 anos.

-Depois registo uma derrota total dos directórios partidários, daquela gente que vive da política e não conhece o país real que escolhe o candidato que mais gosta e não o que é imposto pelos partidos.

-Grande contestação nos centros urbanos ao PSD. Dizimado em Lisboa, Porto, Oeiras, Gaia, Matosinhos, Gondomar, Loures, Amadora, mantendo vitórias em bastiões normais. E sem as grandes cidades e centros urbanos não há reformas, não há força para governar.

-No PSD dou o mérito a 4 homens: Ricardo Gonçalves (Santarém), Álvaro Amaro (Guarda), Ribau Esteves (Aveiro) e especialmente ao Ricardo Rio, com grande vitória em Braga.

-Na Madeira é claro o fim de ciclo de Alberto João Jardim, com o seu pior resultado de sempre.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O rei e o peão

«No fim do jogo, o rei e o peão voltarão à mesma caixa»

Provérbio italiano

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Lisboa teve uma campanha miserável e merecia melhor

É lamentável que a campanha autárquica em Lisboa esteja a acabar e a melhor oposição foi a de cidadãos anónimos nas redes sociais. Nada se discutiu, não vi uma ideia nova nem uma crítica contundente. É triste. 

Costa está há seis anos à frente da edilidade e, para lá turismo - cada vez mais autónomo da câmara -, tivemos uma mão cheia de nada. Mas citando João Soares, numa famosa frase do passado, parece que António Costa «tem mel». É um ungido pelos media que tiraram Lisboa da agenda como era da sua conveniência.

António Costa fez esta campanha na passadeira vermelha, sem críticas, sem o dedo na ferida de uma cidade que nunca esteve tão suja, obras que não fazem sentido, reabilitação urbana ZERO, brincadeiras no Marquês e Avenida de Liberdade que foram uma desgraça, promessas assumidas e não respeitadas.

Parecia que o bloco central dos interesses quer que  a Câmara Municipal de Lisboa fique assim. É lamentável como lisboeta que nenhum candidato desse nas vistas pelas críticas nem por propostas construtivas. Daqui a 4 anos, está escrito nas estrelas, algo vai ser diferente. Tem de ser.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Perguntas que têm de ser feitas sobre Jesus a Miguel Macedo

O senhor ministro Miguel Macedo sabe que já passaram mais de 12 horas sobre os inacreditáveis acontecimentos no estádio do Vitória de Guimarães. No Governo, os senhores têm clipping e se lêem o que eu escrevo no meu blog, por certo já viram as imagens do treinador Jorge Jesus a agredir um polícia.

Senhor ministro da Administração Interna, dr. Miguel Macedo, o senhor cobardemente vai manter-se em silêncio?

O senhor ministro vai condenar ou não o que um cidadão português fez contra um agente da autoridade, violando gravemente o nosso direito penal?

O treinador da colectividade encarnada é inimputável? Faz o que quer e lhe apetece?

Se não condenar publicamente e se não se empenhar para que a lei penalize um crime contra a polícia o senhor ministro está a abrir um precedente para que qualquer cidadão possa impunemente agredir um qualquer agente da autoridade.

É muito grave dr. Miguel Macedo que o Governo esteja aflito e calado com o que se passou porque tem umas eleições à porta. mas dos ministros nós esperamos tomada de decisões, firmes e justas, e o que se passou está à vista de todos são factos evidentes.

Se o senhor ministro nada disser e nada fizer, qualquer português é livre de agredir um polícia sem que por isso seja penalizado. É lamentável, é uma vergonha, mas ainda maior será a vergonha se o Governo não se empenhar e tomar posição e a Justiça não penalizar.

domingo, 22 de setembro de 2013

Sugestões para a semana (16-2013)

Livros

"Viagem por África", paul Theroux, Quetzal, 566 páginas. Deram-me imenso prazer este Verão o livro que cito e o "Comboio Fantasma para o Oriente" do melhor autor de viagens da actualidade. Nesta obra vai percorrer do Cairo para a Cidade do Cabo. «As notícias que nos chegam de África são sempre más. Ao ouvi-las, eu ficava com vontade de lá ir...».

"Nome de Toureiro", Luis Sepúlveda, Porto editora, 184 pág. Não é um dos melhores dele, mas é um escritor muito agradável de se ler. Aqui uma narrativa atrás de umas moedas de ouro que desapareceu da prisão de Spandau durante o nazismo. O título é motivado por uma personagem, Belmonte, que foi um dos mestres da tauromaquia.

"Unha com Carne", Elmore Leonard, Teorema, 295 pág. Com a morte deste autor conhecido pelas suas tramas policiais e pelos diálogos que poucos conseguiram, a reedição de vários dos seus livros.

Cinema

"Os amantes passageiros", Pedro Almodôvar. O seu último filme finalmente com edição em DVD depois de um atraso de dois meses. Almodôvar é um cineasta brilhante com uma obra muito consistente. Mas este não é dos que fica para a sua galeria de honra. Mas é um Almodôvar.

"Estação Termini", Vittorio de Sica. Um dos grandes mestres do cinema italiano aqui com o privilégio de rodar com Montgomery Cliff e Jennifer Jones na estação de Roma.

Séries

Recomendo "Secret State", com Gabriel Byrne no papel de primeiro-ministro inglês, sobre os poderes ocultos que influenciam a política e a força moral de os enfrentar. Dá no Sundance channel aos domingos..

Documentário

"Convention", Sundance Channel, segunda-feira às 14.20h. Os bastidores da Convenção Democrata de 2008 que entronizou Barack Obama como candidato à Casa Branca.

Restaurante

Entre Copos, ali escondido atrás do Campo Pequeno, experimentem o peixe de qualidade e os peixinhos da horta como entrada. É dos restaurantes mais desconhecidos que mais gente conhecida da política, futebol e negócios tem por metro quadrado.
"Convention"

sábado, 21 de setembro de 2013

A marca de Kanye West

Eu gosto do Kanye West e ontem li no Ipsilon que ele ia recorrer a Peter Saville, um dos grandes designers gráficos da história da música e com diversas passagens pela moda., para lhe criar uma identidade gráfica.

«Estamos à procura de escrever Kanye West. Ele disse-me: tu és o meu Cassandre. Acho que quer um YSL», diz Saville. Referia-se a Adolphe Mouron Cassandre, o homem que criou uma das identidades gráficas mais reconhecidas no mundo, a da casa Yves Saint-Laurent, símbolo de "glamour", moda, luxo.

A identidade gráfica é o núcleo fulcral de uma marca, a forma de a reconhecermos em todo o lado, sendo mais ou menos estilizada consoante o caso. Quando uma grande estrela tem este cuidado de procurar a sua identidade para lá da qualidade da sua música, ainda por cima com um mestre, temos homem.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

As mãos de Merkel e o dedo do meio espetado

O SPD não tem um líder forte desde Gerhard Schroeder e o actual era pouco conhecido mundialmente até ao momento que fez capa de uma publicação com o dedo do meio espetado. Foi a morte do artista, apesar de já se prever a vitória da CDU.

A comunicação política, após o erro do adversário, num belo outdoor que pode ver aqui, de Angela Merkel fixou-se nas mãos dela. Dando a ideia de serenidade, de não trocar o certo pelo incerto, Na comunicação política a crise gera oportunidades e a CDU aproveitou magnificamente.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Orelhas de burro para Nuno Crato

Ao decretar o fim do inglês obrigatório no 1º ciclo, mas mantendo exames no 9º ano, Nuno Crato favorece os mais ricos, os que têm mais possibilidades de frequentar outros institutos não públicos.

Mas a medida é estúpida e é um contra-senso. Portugal precisa de internacionalizar mais as suas marcas, melhorar ainda mais a exportação, fomentar o seu "networking". Ora, o inglês é quase uma língua universal e agora o ministro faz retroceder os nossos jovens.

Noutros tempos, quando um aluno se portava mal, era chamado ao pé do quadro e punham-lhe orelhas de burro. É o que Crato merece.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O Lomba sabe de tudo

Ontem fiquei com a confirmação daquilo que suspeitava e temia no Governo. O Pedro Lomba nunca fez nada na vida, escreveu nuns blogs e na última página do Público, mas...

- é especialista em comunicação (viu-se pelos briefings)

- é especialista na área política (vê-se ao dizer que não sabia que cada ministério é como um Governo)

- é especialista em chaminés (mas acha que são nas caves)

- é especialista em cinema (mas nunca viu Luchino Visconti, Antonioni e acha que Ozu e Mizoguchi são sushi-men)

- é especialista em futebol (mas acha que os Pescadores da Costa da Caparica, que eu muito respeito, jogam melhor que o Borussia de Dortmund)

- é especialista em baratas (mas gosta mais das que voam, por uma questão de simpatia)

O mais grave, é que quando sair do Governo vai para televisões e jornais opinar sobre tudo e todos e é apenas um vácuo. Felizmente, as redes sociais não vão perdoar qualquer opinião deste indivíduo sobre quem quer que seja, pois é um especialista em tudo que não sabe nada.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A quem mais se mente no mundo

«Os Africanos, menos estimados do que nunca, parecem-me ser as pessoas do mundo a quem mais se mente - são manipulados pelos próprios governos, queimados pelos especialistas estrangeiros,, iludidos pelas instituições de solidariedade e enganados em tudo. Qualquer chefe africano era um ladrão, mas os evangélicos roubaram ao povo a inocência e as organizações não-governamentais deram-lhe falsas esperanças, o que ainda é pior»

Paul Theroux, em "Viagem por África", edição Quetzal

As "injustiças" da lei de limitação de mandatos

É claro como a água que há um enorme descrédito da classe política, uma falta de confiança dos cidadãos com aqueles que os representam. É um fenómeno que ainda mais se acentua em tempos de crise.

A lei de limitação de mandatos que marcou esta campanha autárquica é positiva ou negativa? Julgo que os legisladores a têm de tornar mais exacta para evitar estas guerrilhas com a justiça no futuro, mas entendo que é positiva.

Pela transparência, para evitar vícios e rotinas, para renovar em todos os concelhos as caras que os governam. Mas também se deve fazer notar que nem todos os autarcas são maus, bem pelo contrário, e muitos deles saem com popularidade elevada, com muito trabalho realizado e mais por fazer.

Dou dois casos exemplares, e de diferentes partidos, fora das disputas mediáticas, e outros haveria, mas estes conheço melhor. Armindo Costa, em Vila Nova de Famalicão, e Jorge Martins, em Gavião, são dois casos como referi. No caso deles, se perguntassem aos seus conterrâneos, provavelmente, gostaria a maioria que eles continuassem. São as "injustiças" da limitação de mandatos.

domingo, 15 de setembro de 2013

A "Hola" e a "Caras" na televisão

Li hoje no DN que a revista "Hola", a espanhola mais conhecida do mundo, vai apostar num canal de televisão. Ao mesmo, tempo a nossa "Caras" também salta em exclusivo para os assinantes da ZON até ao final do ano.

A "Hola", que deve ser a revista estrangeira que mais vende em Portugal há muitos anos, é editada em 26 versões diferentes e tem leitores semanais na casa dos 15 milhões espalhados pelo mundo.

Foi uma escola para as revistas "cor-de-rosa" com o seu acompanhamento da realeza, toureiros e muitas outras celebridades. A vida precisa de um bocadinho de "glamour" e a "Hola" sempre soube dar esse toque de sofisticação.

Ambas as revistas saltarem para as televisões é um passo natural, pois têm leitores fieis e é um passo importante para diversificar as suas receitas e crescer em termos de impacto público.

sábado, 14 de setembro de 2013

7 títulos que fazem falta no universo mediático

Deixo sete títulos que fazem falta à imprensa e a tornariam nos dias de hoje muito melhor. Seis já existiram, o último podia aparecer.

- "O Independente", marcou uma época e deixou muitas saudades.

- "Os Donos da Bola", grande programa desportivo da SIC criado pelo Jorge Schnitzer.

- «Tal & Qual", jornal por onde passaram grandes jornalistas e fazia grande reportagem

- «Grande Reportagem», grande revista de Barata Feyo e depois de Miguel Sousa Tavares

- Uma revista de política, algo que não existe hoje em dia, e faz falta. Lembro duas: a "Política Moderna", da qual eu fui criador e director, e a "Atlântico" do Paulo Pinto de Mascarenhas.

- "K", revista fabulosa, com textos e entrevistas de qualidade, e de muito bom gosto.

~E para quando o "Huffington Post" português?

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O défice do PS nas autárquicas

Em 2001, o PSD venceu as eleições autárquicas conquistando uma série de câmaras de uma maneira inesperada. Nessa noite, falando no «pântano», António Guterres deixou de ser Primeiro-Ministro.

Em 2013, há uns meses atrás, a maior parte dos observadores entendia que era possível ao PS ter uma noite épica no dia 29 e o PSD uma hecatombe. Porque a contestação social era imensa, a crise agudizava-se e Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e Vitor Gaspar eram os rostos de todo o descontentamento que provocaria um voto de protesto massificado contra PSD/CDS nas eleições. Aliás, nunca Guterres, em 2001, teve contestação semelhante e manifestações públicas como o actual Governo viveu.

Neste mês, as percepções mudaram e até de muitos candidatos do PSD que andaram meses a esconder o símbolo do seu partido, a evitar serem vistos com Passos e que agora já o convidam para acções de campanha. Do lado do PS, a sensação que se baixaram expectativas e que a maré de contestação nacional não está, neste momento, tão agudizada.

O actual défice de confiança do PS deve-se a um factor: em 2001, a percepção das pessoas já dizia que Durão Barroso seria Primeiro-Ministro a seguir. Hoje, ainda não foi criada a percepção de que António José Seguro se seguirá a Passos e os estudos de opinião demonstram-no. Para uma viragem a nível nacional, o PS e o seu líder precisavam de estar mais fortes. E neste momento não estão.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A fama

«A fama gera o mais perverso dos mal entendidos»

Jorge Luis Borges

Raptaram a ministra das Finanças?

Mais de um mês - desde que o secretário de Estado escolhido pela miss Swap apresentou a demissão por causa dos mesmos - sem que Portugal tenha ouvido uma palavra de Maria Luis Albuquerque.

Esconderam-na, raptaram-na, o que é verdade é que nunca mais ninguém lhe ouviu a voz, ninguém sabe o que vai fazer, quais as suas ideias (se tem alguma ) para o dito novo ciclo.

É legítimo isso acontecer? É. O Governo deve conhecer os seus calcanhares de Aquiles e deve protegê-los. É bom para o País? Diz muito sobre a política que temos, mas desde que o Governo não governe e não diga asneiras, os portugueses passam melhor.

É o que está a acontecer: esta mistura de prolongamento de Verão com inexistência de Governo e miss Swap está a narcotizar os portugueses que parece que deixaram de sentir a crise. Mas já agora: se raptaram a Miss Swap, pelo menos que avisem a polícia para ver se a senhora está bem.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O exemplo da Noruega

A direita venceu as eleições legislativas, mas não é o resultado que me interessa. O importante salientar é que os noruegueses não estavam desagrados com o anterior primeiro-ministro, Jens Stoltenberg, que sai de cena com o país bem governado, com um superior nível de vida, a taxa de desemprego é praticamente inexistente e a economia apresenta números de excelência.

A Noruega tem petróleo, é um facto mas tem um bom Governo. E sobretudo, é isso que saliento, uma sociedade que satisfeita com a sua governação entende, com maturidade, que importa renovar o poder para que não se criem maus hábitos e rotinas que levem à corrupção. E se correr mal, mudam. É simples a democracia.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Obama é um anjo, Putin uma besta. Mas...

A Barack Obama, sem nada ter feito por isso, deram-lhe um Nobel da Paz. Tem sido um fraco presidente, mas todo o mundo se rendeu à sua oratória de teleponto e às técnicas da mesma de qualquer tele-evangelista.

Vladimir Putin é uma besta. Posa de tronco nú, convive com a corrupção dos oligarcas russos, é um ex-urso feroz oriundo do KGB, é odiado pelo mundo.

Mas...neste conflito da Síria, Obama quis a guerra qualquer custo, contra a opinião dos americanos e até dos Republicanos que nunca renegam uma intervenção militar, contra a opinião de toda opinião pública mundial. Há uma semana que anunciava a intervenção e já tinha a cartilha da preparação mediática construída, para avançar contra Assad sem saber muito bem o que ia dar no dia seguinte um novo conflito.

A "besta", aliada tradicional do regime sírio, por essa aliança, sempre recusou uma intervenção militar, mas sugeriu e avançou para uma negociação diplomática que obrigaria a Síria a entregar todo o seu arsenal químico. Até pode ser uma manobra dilatória, mas há dias em que as bestas viram anjos e vice-versa.

Umas autárquicas nacionais e sem interesse local

A imprensa nunca ligou muito e leio por aqui que as televisões não vão fazer cobertura da campanha autárquica, acompanhando apenas os líderes partidários.

Para lá das limitações da própria lei eleitoral, que é demasiado restritiva, o que se sente é que a leitura e os resultados vão resultar de factores nacionais e pouco do trabalho de campanha local, algo que sempre o disse desde o início.

Tudo resultará dos factores de contestação, ou não, ao Governo. Em 2001, o PSD virou o País com uma vitória autárquica que afastou Guterres. Mas nessa altura, a crise portuguesa não era a que vivemos e a contestação não era tão elevada.

Se assim é, o PS tem obrigação de obter um mesmo resultado como o que o PSD alcançou em 2001. Se assim não for, é porque afinal os portugueses não estavam tão descontentes com o Governo como se pensava. E não podemos esquecer a abstenção, que será o verdadeiro sinal de contestação, neste caso, mais aos políticos do que ao Governo.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A cada um a sua "Moby Dick"

Há pouco tempo li sobre a crescente revisitação de um grande clássico da literatura: "Moby Dick", de Herman Melville.

A baleia branca que motivava a perseguição do capitão Ahab em páginas de uma escrita tenaz e avassaladora, não era mais do que uma metáfora sobre as nossas pulsões internas, os nossos dilemas existenciais, os nossos pesadelos, as nossas zonas negras.

Cada um tem direito à sua "Moby Dick" por isso é um livro eterno, uma metáfora que se prolongará pelos tempos, a nossa necessidade de apaziguar e serenar o nosso ser, a nossa consciência.

As deformações do jornalismo

«O jornalismo, que para mim foi muito útil, sofre agora uma deformação monstruosa: o "amarelismo". A obsessão pelo escândalo converteu-se numa forma mais de entreter que de informar. De entreter através do espectacular, do chamativo, do escandaloso e, muitas vezes, se não têm informações com essas características, fabricam-se. Há gente que vive disso e que goza com isso, mas eu creio que isso é uma depravação do jornalismo do nosso tempo».

Mario Vargas Llosa, ontem em entrevista à revista do El Mundo

domingo, 8 de setembro de 2013

Sugestões para a semana (16-2013)

Livros

"História da minha vida", Giacomo Casanova, Divina Comédia, 582 páginas. É o primeiro volume, o segundo sai no final de Setembro, das memórias de Casanova. Uma tradução fantástica de Pedro Tamen dos escritos de um homem que passou para a história como sedutor, mas era muito mais do que isso. Imperdível.

"As Mulheres dos Césares", Annelise Freisenbruch, Texto Editora, 518 pág. Acabei de o ler na segunda-feira com imenso gosto. Leio muito sobre Roma e este livro é inovador pelo perfil e história das principais mulheres do poder da capital do mundo antigo. Lívia, Agripina, Messalina, Domícia, entre outras, andam por aqui. Mulheres perversas outras castas, mas com marca indelével na história.

"Acqua Toffana", Patrícia Melo, Quetzal, 164 pág. Gosto muito desta escritora brasileira que segue as linhas da linguagem de Rubem Fonseca. A obra dela, que eu já li praticamente toda está agora a ser reeditada, e, se não a conhecem, recomendo.

Cinema

Nas salas recomendo que tomem contacto com a prodigiosa obra de Yasujiro Ozu que chega pela primeira vez ao circuito comercial. Está "Viagem a Tóquio" e "O Gosto do Saquê", que são duas das suas obras-primas.

A bom preço podem comprar um clássico de David Lean, "A Filha de Ryan"com Robert Mitchum e sarah Miles. Um drama intenso com uma fotografia sensacional passado na Irlanda.

Documentário

Recomendo vivamente, amanhã ás 9.45h, no Sundance Channel, "Mandelson the real PM?". Um documentário sobre o Príncipe das Trevas da política inglesa, Peter Mandelson, articulador da Terceira Via, e um dos maiores "king-makers" da política. E tem tiradas do próprio absolutamente geniais.

Séries

A 7a temporada de Dexter que passa a horas decentes na Fox e que é a sua penúltima, de uma das melhores personagens da ficção televisiva americana.

No Sundance Channel estreia-se hoje "Secret State", com Gabriel Byrne, passa-se nos meandros da política e estou curioso.

Restaurante

Esta semana jantei na segunda e na sexta no "Primavera", do sr. Rafael, no Bairro Alto. Continua grande cozinha com a simpatia de sempre.

As "surpresas" de Pedro Lomba

«Surpreendeu-me os ministérios funcionarem como mini-Governos», diz hoje, ao Público, Pedro Lomba. Pois é assim o país real da política e a generalidade dos portugueses, julgo, que a compreende.

Estranho é que quem escreva em blogues e na imprensa não o saiba. Pois é, mas quem diz isto foi um dos autores dos briefings porque julgava que percebia alguma coisa de comunicação e foi o deboche que foi, e foi a secretário de Estado desconhecendo o básico da política e, já agora, também desconhecendo o país real. Mas estamos em Portugal, é normal.

sábado, 7 de setembro de 2013

A saída de cena de Miyazaki e Yasujiro Ozu

Durante o festival de Veneza, o mestre do cinema de animação Hayao Miyazaki anunciou que vai deixar de realizar aqueles filmes que conseguem encantar todas as gerações.

Foi com a "A Viagem de Chihiro" que obteve o reconhecimento público do seu talento genial. Com a animação conseguia construir histórias fantásticas que não eram só para crianças. Em redor dele construiu uma indústria que muito raramente não dá películas de qualidade. O seu legado é eterno.

Nesta semana, também, pela primeira vez em termos comerciais, Portugal poderá ver dois dos melhores filmes de um dos mestres japoneses, Yasujiro Ozu: "Viagem a Tóquio" e "O Gosto do Saquê». Estes dois portentosos filmes de um esteta, com uma técnica peculiar de realização que levou Wim Wenders a realizar um documentário com ele, estavam já numa caixa, que eu tenho, e que estava à venda na FNAC que incluía ainda "Primavera Tardia", "Ervas Flutuantes", "Outono Tardio" e "Bons Dias". Quem não o conheça, que vá espreitar.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O TC e as eleições autárquicas: só em Portugal...

«O Tribunal Constitucional já decidiu sobre a Lei de Limitação de Mandatos. O limite é apenas territorial, pelo que os candidatos com três ou mais mandatos autárquicos podem concorrer a outro município», entre aspas porque é retirado da notícia do Público.

Estas autárquicas não estão a cativar ninguém, os media estão pouco interessados e as pessoas ainda menos. Durante meses o único acompanhamento mediático era dado às questões que envolviam o TC na limitação de mandatos e na limitação, ou não, de autarcas se recandidatarem noutros municípios.

Primeiro, a lei foi mal feita e mais uma vez o Parlamento tem de aprender a fazer melhor, porque era pouco explícita. Depois, é ridículo que durante meses se tenha andado neste folclore em que mais uma vez o TC é parceiro de dança. Meses e meses para se chegar uma conclusão que era fácil de tirar, se quisessem que fosse fácil.

Portugal está refém de anomalias, de decisões sem sentido, de protagonistas que não podem ser protagonistas. Os portugueses assistem a este espectáculo e só podem entender como entretenimento. E é lamentável que o TC e a política se tornem, única e exclusivamente, entretenimento. Pois cada vez menos são levados a sério.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Investir na Cultura

A Holanda, país com a nossa dimensão, investiu 375 milhões de euros na renovação do Rijksmuseum, o museu nacional deles. Por ali andam obras de Vermeer e Rembrandt entre outros.

Como o Público deu à estampa, o impacto deste investimento, só até ao final de 2013, é de 235 milhões de retorno. Um museu é um sinónimo de prestígio e de atravtividade, é um sintoma de desenvolvimento de uma sociedade a aposta e visão estratégica na cultura.

Em Portugal desapareceu uma política de Cultura, até se tirou prestígio político à sua gestão. Olha-se para a cultura com a visão de um amanuense, de um contabilista de vão de escada que pretende apenas poupar no seu fomento e manutenção e ninguém liga à capacidade de reforço de oferta turística da indústria cultural.

A pobreza de espírito é um sinal de uma sociedade medíocre. Que os responsáveis vejam este caso da Holanda e o caso do desenvolvimento da indústria cultural islandesa, da qual também já dei nota, para verem o potencial que Portugal tem nesta área. O problema é que a política portuguesa é um feudo de incultos. E é muito difícil ultrapassar isso.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Guerra ao TC e falta de coragem do Governo

O Governo estabeleceu como seu alvo o Tribunal Constitucional, apoás sucessivos chumbos de pacotes legislativos para ali enviados. Passados estes meses, o Governo ainda não aprendeu a lidar com o TC e ainda não aprendeu que há uma Constituição, que pode estar ultrapassada em certos pontos, mas tem de ser respeitada. É um problema que continuará.

Mas o Governo devia ter a coragem política de anunciar os cortes que vai fazer em salários, reformas, pensões ou criação de mais impostos antes das eleições autárquicas. Os portugueses não querem ser enganados outra vez.

domingo, 1 de setembro de 2013

A guerra de férias na Síria

Barack Obama já decidiu avançar para uma acção militar na Síria. Mas quer, primeiro, que o Senado aprove. Há um problema: o Senado está de férias até dia 9. Assim, temos uma guerra anunciada já nas televisões enquanto se espera pela ratificação dos "veraneantes". Podia ser coisa do Raul Solnado nas suas famosas guerras...