segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Sugestões para a semana


Livros

“21 Lições para o século XXI”, Yuval Noah Harari, Elsinore, 391 páginas. Depois dos sucessos de “Sapiens” e “Homo Deus”, o regresso do filósofo que escreve simples e toca os problemas do futuro agarrando nas histórias do passado.

“O Desaparecimento de Joseph Mengele”, Olivier Guez, Planeta, 222 pág. Um dos romances mais interessantes que deram à estampa este ano. A história de como o diabólico médico de Auschwitz passou os seus últimos anos em fuga pela América do Sul. O pânico que sentiu que nunca se assemelhou ao terror que infligiu

“Quarenta dias sem sombra”, Olivier Truc, Planeta, 437 pág. Um policial inovador. Que apesar de passado na Lapónia entre as tradições da última tribo aborígene europeia, os Samis, tem pouco a ver com o clima habitual dos policiais nórdicos.

Cinema

No dia em que morre Bernardo Bertolucci aconselho que revisitem os seus dois melhores filmes: “O Conformista”, com um papel memorável do Jean-Louis Trintignant, e “1900”. Em casa têm os “Morangos Silvestres”, obra-prima de Ingmar Bergman, no TVC2, e no mesmo canal um ciclo que revisita Gene Kelly, bom para quem gosta de musicais.

Séries

Neste momento rolam as sextas temporadas de House of Cards e Ray Donovan, no Netflix podem ver “Narcos Mexico” e a 2ª temporada de “The Sinner”, há muita oferta nova no momento.

Documentários

No Odisseia passem a vista pelo “Escândalo Harvey Weinstein”, o homem que o movimento Metoo fez cair do pedestal. No TVC2, amanhã, “Shine a Light”, realizado por Martin Scorsese em que as estrelas são os Rolling Stones, no mesmo canal para quem conhece bem o cinema brasileiro, como eu, um interessantíssimo retrato da sua vanguarda, Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, entre outros, em “Cinema Novo”.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Sugestões para a semana


Livros

Escritos sobre cinema, João Bénard da Costa, Cinemateca, 1297 páginas. Uma obra de enorme envergadura e que prestigia o autor que pela sua sensibilidade e cultura promoveu como poucos o cinema. Serviço público da Cinemateca.

O Samurai, Shusaku Endo, D. Quixote, 382 pág. A jornada de alguns japoneses que pisaram pela primeira vez o solo europeu. Não é tão bom como “O Silêncio”, mas é recomendável para quem aprecia este vencedor do Nobel da Literatura.

Rita Lee- Uma autobiografia, Rita Lee, Contraponto, 318 pág. Uma diversão completa esta extensa e alegre vida da cantora brasileira. Um deleite em cada página.

O Silêncio de Gelo, Ragnar Jonasson, Top Seller, 286 pág. Quarto livro editado em Portugal deste escritor de policiais islandês. Para quem gosta do policial nórdico seguir a investigação de Ari Thor é bom tempo passado.

Cinema

Em casa, recomendo que no TVC1 vejam A Linha fantasma, de Paul Thomas Anderson, com Daniel Day Lewis, um dos grandes filmes do ano passado.

Em sala, englobado no DOC Lisboa, passem pela cinemateca para ver a retrospectiva integral de Luis Ospina, cineasta colombiano em destaque esta semana na Cinemateca.

Séries

No Netflix não percam uma das séries do ano, a segunda temporada de Ozark. E para quem gosta de policiais, recomendo a finlandesa, Deadwind

Documentários

Sugiro que vejam, estão a repetir, “AMC Visionaries”, no canal AMC, em que James Cameron conversa com uma série de realizadores e actores dos grandes filmes de ficção científica, passa nas noites de sexta. Sugiro no TVCine o documentário sobre Steven Spielberg e hoje no TVC2 “Eu sou prova”, sobre o trabalho da polícia americana na investigação a casos de viol~encia sexual.

domingo, 1 de julho de 2018

Sugestões para a semana


Livros

“Os meninos da Camorra”, Roberto Saviano, Alfaguara, 380 pág. O regresso do criador do livro, e que depois deu a origem à série, “Gomorra”. Escrita ágil ritmo elevado e insinuante para quem gosta dos ambientes da Mafia napolitana.

“Calibre 22”, Rubem Fonseca, Sextante, 171 pág. Um dos maiores escritores de língua de múltiplos contos despudorados como é habitual e com mais uma aventura do seu detective inigualável, Mandrake.

“Irmão de Gelo”, Alicia Kopf, Alfaguara, 220 pág. Um dos melhores livros do ano, uma obra de estreia sobre o gelo dos grandes exploradores pela qual é fascinada, mas sobretudo sobre o gelo das famílias e das relações.

“Nuvem de Cinzas”, Ragnar Jonasson, Top Seller, 284. É o terceiro policial, depois de “Neve Cega” e “Noite Cega” (ambos destaquei na altura dos seus lançamentos) deste autor islandês e do seu inspector Ari Thor. Bom para levarem para a praia.

Cinema

Na quarta, no TVC2, 22h, um dos melhores filmes que passou por cá em 2018, “O amante de um dia”, de Philippe Garrel. E para comprar em loja recomendo a caixa de mestres do cinema russo, saídos de um brilhante ciclo que andou pelo Nimas no ano passado. “Asas”, “Ascensão” (absolutamente geniais) e “Tu e Eu”, de Larisa Shepitko; “Adeus a Matiora”, de Elen Klimov (o que gosto menos); “Nove dias de um ano”, de Mikhail Romm; e “Chuva de Julho”, de Marlen Khutsiev.

Séries

Estreia daqui a pouco no TVSéries,”Gunpowder”, protagonizado e produzido pelo Jon Snow da Guerra dos Tronos; depois recomendo às 22h no mesmo canal a soberba 4ª temporada de “The Affair” e aguardo com expectativa pela série policial belga “Salamandra” que estreia na RTP2 na quinta às 22.15h

Documentários

Para quem gosta de cinema, o melhor é contactar com os grandes mestres, na RTP2, na terça às 23h, um documentário sobre o genial Billy Wilder. Na quinta, também na RTP2, recomendo o filme que é um manifesto em forma de documentário, com o superlativo “Spirit of 45”, do Ken Loach, que quando é bom é muito bom e aqui com a sua visão de esquerda sobre o pós-Guerra tem um olhar extremamente actual sobre o mundo.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Sugestões para a semana


Livros

“Sul profundo”, Paul Theroux, Quetzal, 536 páginas. O livro saiu na semana passada, li no fim-de-semana, e o autor, dos quais conheço todos os anteriores títulos editados em Portugal, é na minha óptica o melhor escritor de viagens vivo. Desta vez, decide passar pelo sul dos Estados Unidos da América, «onde o passado nunca morre». Na sua escrita não se recortam apenas lugares, mas sim a geografia das pessoas que vai encontrando e que lhe permitem retratar todos os lugares.

“Solaris”, Stanislaw lem, Antígona, 255 pág. Pela primeira vez, traduzido directamente do polaco, é apresentado aos portugueses um dos maiores clássicos da literatura de ficção científica e que esteve na génese de dois filmes com o mesmo nome, um, uma obra-prima, o “Solaris” de Andrei Tarkovsky, e outro de Steven Soderbergh. Não é um livro simples porque é quase um tratado de filosofia, a incapacidade dos humanos lidarem com o desconhecido.

“Era uma vez um talento”, Dalila Pinto de Almeida, Vida Económica, 139 pág. Recomendo algo completamente diferente, um livro de uma mulher que trabalha há 25 anos em Consultoria Organizacional, especializada em Executive Search e Coaching para Executivos, áreas extraordinariamente importantes e por vezes pouco utilizadas por quem as devia usar e ouvir quem sabe, como é o caso da Dalila. O livro é muito interessante e é sobre como as empresas devem atrair e reter os talentos que as fazem crescer. Deixo ao cuidado também dos senhores jornalistas que lêem estas sugestões pois dará uma excelente entrevista.

Cinema

No Netflix recomendo o soberbo “Aniquilação”, de Alex Garland. Estreou-se com um filme magistral, “Ex-Machina” e agora vem uma fita que o tempo tornará como um filme de culto para os amantes de ficção científica.

Em sala, começa na quinta o Indie Lisboa e o destaque é uma retrospectiva sobre a obra de Jacques Rozier. Recomendo, na Cinemateca, na sexta o seu retrato de Jean Vigo.

Séries

Estreias da semana, e é sobre isso que sugiro aqui, no Netflix recomendo “O Alienista” (mas não é para toda a família), a estreia da 2ª temporada de Westworld no TVSéries e a estreia daqui a pouco de Deep state na fox. Na RTP2 a 3ª temporada de “Herança” na quarta. Horários podem consultar nas grelhas das vossas boxes.

Restaurante

Por motivos profissionais almocei duas vezes num restaurante de boas gentes de Vila Real na Amadora. Chama-se Cozinha Lusa, grandes vitualhas portuguesas, serviço simpático e preços em conta.

domingo, 15 de abril de 2018

terça-feira, 3 de abril de 2018

Sugestões para a semana


Livros

“Pátria”, fernando aramburu, D. Quixote, 716 paginas. Li este livro em espanhol quando ele por lá saiu. É absolutamente genial, vendeu mais de 700 mil em Espanha e a crítica é burra se não o considerar um dos melhores do ano. Duas famílias, no tempo da ETA, no País Basco. Uma que sofre pela morte, outra que sofre porque matou. Um mosaico extraordinário de personagens, uma construção fabulosa de narrativa. Podem fazer um favor a vocês e leiam-no.

“Confissão de um assassino”, Joseph Roth, Cavalo de ferro, 141 pág. Outra obra magistral agora publicada, escrita no início do século XX, um tratado sobre a natureza humana e a sua relação com o Mal. Soberbo.

“O nervo ótico”, Maria gaínza, D. Quixote, 167 pág. O livro que mais me surpreendeu neste primeiro trimestre. Tem uma coisa que me incomoda que é o título escrito ao sabor do novo acordo ortográfico o que lhe amputa um P a óptico. Esta escritora argentina mistura arte, sensibilidade e uma narrativa cuidada. Excelente.

Cinema

Na televisão, no TVC1, sábado e domingo, têm às 21.30 h dois grandes filmes: “Paterson”, de Jim Jarmusch e “A Cidade perdida de Z”, de James Gray. No TVC2, a partir desta quinta às 22h, terão um ciclo dedicado a Glen  ford e arranca logo da melhor maneira com o sublime “Corrupção”, de fritz lang. Começa amanhã a festa do cinema italiano e o realizador deste ano em destaque, na Cinemateca, será Marco ferreri. Não sou particular devoto da sua obra, mas há dois filmes que irei ver.

Séries

As estreias desta semana são de grande qualidade. Daqui a pouco o AMC estreia a muito elogiada pela crítica “The Terror”, produzida por Ridley Scott. Na sexta, no Netflix, a segunda parte do fenómeno e formidável “Casa de papel”. Nesse dia na fox crime, a última temporada, a 6ª, de “The Americans” e no TVS, no sábado, arranca a terceira temporada de uma série que adoro: “Billions”.

Documentário

Hoje, na RTP2, perto da meia-noite, Umberto Eco na sua casa e na sua biblioteca. Um dos pensadores mais importantes do século XX.

Restaurante

Um japonês muito tranquilo e de qualidade, o Nómada, entre a 5 de Outubro e a Avenida da República. Peças de fusão criativas e um bocado fora do habitual dos japoneses.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Sugestões para a semana

Livros

"Mulheres", Eduardo Galeano, Antígona, 227 páginas. A editora Antigona está a fazer verdadeiro serviço público ao dar à estampa toda a obra do excepcional escritor uruguaio, Eduardo Galeano. Tenho estado a deliciar-me com "Mulheres". 

"A Carne", Rosa Montero, Porto Editora, 187 pág. Magnífico livro da escritora espanhola, sobre o envelhecimento e a necessidade de amar. Uma mulher de culta de 60 anos que recorre a um gigolo de 32. Leiam.

"A menina silenciosa", Hjorth & Rosenfeldt, Suma, 559 pág. Mais um livro para a saga de policial nórdico do peculiar Sebastian Bergman. Um dos melhores policiais editados no ano passado, do qual recomendo que leiam os 3 livros anteriores pois a evolução dos personagens e das suas relações é importante para o desenrolar da acção.

Cinema

Em casa, sugiro amanhã por volta das 23h, na RTP2, o meu filme preferido (juntamente com "Morangos Silvestres") de Ingmar Bergman, "A Máscara" (Persona).
Na Cinemateca sugiro terça às 18h, no pequeno ciclo sobre a história dos formatos dos écrans, "Rancho Notorious" de fritz lang.

Séries

Escondida na noite de sexta, e sem grande promoção, a fox exibe a 7a temporada de Homeland (Segurança Nacional), às 22.15H.
Para os mais nostálgicos, e fãs da mais carismática personagem feminina, Emma Peel (Diana Rigg), de televisão, recomendo a estreia na RTP memória na sexta às 23h da 5a temporada da mítica série Vingadores

Documentários

Na terça, ás 11.30h, na RTP2, deixem a gravar "Empatia" que vale a pena ver. Também na terça, na RTP2, às 23,30, espreitem um documentário sobre Gauguin, «Á procura dos paraísos perdidos».
No TVC2, às 22h, terça, David Lynch- A vida arte sobre a carreira do grande realizador.

Restaurante

Na rua de São filipe nery, ao Rato, está um conceito chamado Lob. Tem as melhores sandes de lavagante. Não é barato como imaginam, mas é fora do comum.    

Congresso do PSD

No congresso do PSD uma das coisas mais engraçadas é ver indivíduos subirem ao púlpito ("olhos nos olhos", como eles gostam de salientar como se fossem uns tipos muito corajosos) e dizerem que "com toda a franqueza", "com honestidade", "vão fazer tudo para apoiar o nosso companheiro", que "lhe desejam o mesmo que desejariam para si próprios", "que me tem ao seu lado como um humilde soldado", quando na sombra já pagaram a um amolador para afiar os seus punhais porque no momento certo vão assaltar a jugular do líder que agora "olhos nos olhos" dizem apoiar. Já os conheço à distância, tenho muitos anos disto e conheço a história de Roma.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

A vitória da CMTV

O meu artigo desta semana no ECO que pode ler aqui.

A imagem da justiça

A Procuradoria Geral da República tem estado como o Dum Dum, contra moscas e mosquitos. Se havia alguma dúvida sobre a independência de Joana Marques Vidal, eu não as tinha, tudo fica dissipado com as suas “blietzkriegs” contra os poderes políticos, económicos e, o não menos poderoso, futebol. Ontem, foi a vistosa Operação Lex, mas outras se vêm somando no currículo de uma mulher sem medo de enfrentar os que mais podem.
Quando a Justiça é cega e independente está a fazer o seu trabalho. E assim ganham as sociedades democráticas que sentem que todos são escrutinados. Porém, todos sabemos que muitas operações mediáticas do Ministério Público não têm tido a mesma eficácia no que toca ao termo dos processos e culpabilização dos alegados criminosos que já foram julgados pelo júri constituído pela opinião pública. E é aqui que a imagem da Justiça vem falhando.
Não chega anunciar operações acompanhadas de meios de comunicação social, pois se os tribunais não são céleres no juízo das acusações, ficam a pairar um manto de dúvidas sobre as pessoas que têm a sua reputação atingida. E estaria na altura de se discutir abertamente, e se calhar com novos critérios, a questão do Segredo de Justiça. Não é crível que jornalistas estejam à porta de casa ou em aeroportos atrás de polícias ou funcionários judiciais por acaso. Alguém os avisou e isso é uma violação do Segredo de Justiça e quem provavelmente viola são os senhores da PJ ou do Ministério Público, que não enganem as pessoas.
Logo, e como me dizia uma pessoa que muito estimo, há uma enorme confusão na relação do sistema de justiça com o sistema mediático, em que é notória uma sobre-instrumentalização dos meios de comunicação social que se colocam ao serviço do Ministério Público. E julgo que é tempo de pôr termo a este espectáculo degradante de se matarem reputações com títulos de jornais que mais tarde não levam a acusação nenhuma. É a imagem da Justiça que está em jogo e também a dos media.
Claro que a imprensa tem e confia nas suas fontes e nada é mais seguro do que ela ser avisada por aqueles que lançam uma operação. Mas haverá um dia em que a comunidade se irá interrogar se as manchetes de jornais e abertura de telejornais bastarão, quando depois ninguém é acusado e sentenciado. Assim, temos que para lá da manifestação de independência do poder judicial, tem havido um excesso de fogo-de-artifício que dá jeito a muita gente mas que depois não serve para nada. E de folclores estão os portugueses fartos. Há bandidos, criminosos e gatunos? Que sejam punidos severamente pelas leis da República, é isso que todos desejamos, espectáculos circenses, só no circo. E está tudo do lado da Justiça.
Publicado no ECO