terça-feira, 30 de abril de 2013

O dilema de Obama na Síria

Há decisões que marcam a imagem dos presidentes americanos. Habitualmente, são as intervenções militares. Foi assim com Reagan, Bush, Clinton, W. Bush e pode ser com Obama.

Neste fim-de-semana, Timothy Garton Ash chamava a atenção para o facto de que é muito mais grave o que se passa hoje na Síria do que há dez anos atrás na Bósnia, no entanto, naquela altura, o mundo estava fixo no que acontecia na Bósnia.

Barack Obama está hesitante numa intervenção militar na Síria. Lembra-se que no Iraque disseram que havia armas nucleares e tal não era verdade, afundando milhares de jovens americanos naquele pântano. Obama estabeleceu uma linha vermelha: o uso de armas químicas. Mas já tem relatórios de agências americanas confirmando que tais armas foram usadas.

O seu dilema será o seu legado. Com que imagem ficará para a História?

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Notícias exclusivas no twitter

Leio esta notícia da Briefing que diz que o Gabinete do Primeiro-Ministro britânico vai dar notícias exclusivas via twitter. Até pode parecer uma coisa simpática, mas não sei como reagirão os media tradicionais. É uma tendência perigosa a meu ver. O lado mais institucional deve privilegiar a forma mais institucional de comunicação, mas sem descurar as novas potencialidades das redes sociais. Agora, passar por cima dos media tradicionais não sei se vai ser perdoado. 

A falta de fé dos dias de hoje

«A falta de fé é um dos assuntos mais importantes da actualidade. Não temos fé na autoridade, nos políticos, no serviço nacional de saúde ou na polícia...Todas as instituições são questionáveis»

John Le Carré, em entrevista ao Expresso

domingo, 28 de abril de 2013

Em que se parecem o Facebook e a Coca Cola?

Convido a ler esta crónica de Moises Naim, de hoje no El Pais, que é um desafio de comunicação interessante para as marcas citadas.

As relações do Governo com os portugueses

Cada vez mais penso que o Governo julga que cada português é um "swap".

sábado, 27 de abril de 2013

A 3 preocupações da cartilha de um político

Em primeiro lugar: os interesses pessoais

Em segundo lugar: os interesses pessoais

Em terceiro lugar: os interesses pessoais

Depois, talvez venha o interesse nacional e local.

A mafia da Goldman Sachs: do crime a guru de gestão

Leio na Economia do Expresso um senhor Louis Ferrante que lançou um livro, "Aprenda com a Mafia". Este senhor teve vida criminosa e dali passou a guru da gestão.

Pelas suas palavras vejo que a vida criminosa foi apenas um estágio. O código de honra também existe na banca. «A Goldman Sachs é mais mafiosa do que muitos mafiosos que conheci». Aqui não são rosas, como no milagre da Raínha Santa Isabel. Aqui é a banca meus senhores, é a banca.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A política do fogacho e do folclore

Quando surgem as eleições autárquicas, logo aparecem os cromos para adornar listas. Neste dia soube de João Gabriel e João Pinto no Porto e de Hélder Cristóvão, que mal sabe falar, em Cascais, todos candidatos a juntas de freguesia e todos nas listas do PSD.

Acham que estes cavalheiros vão gerir alguma coisa? As autarquias têm destas coisas, gestão de folclore e de fogachos para inglês ver, falta de linha de rumo e estratégia global de visão das cidades. E ainda mais um tiro na credibilidade da política em Portugal.

«Como fazer uma bomba na cozinha da sua mamã»

Leio por aqui que foi num artigo de uma revista on-line da Al Qaeda, com o título do post, que os bombistas de Boston se inspiraram. Continuo sem saber as suas motivações, mas sei é que a internet não dando conhecimento, dá informação. E foi com essa informação que se semeou o pânico. Os conteúdos estão todos por aí e qualquer um pode ser um terrorista. É um dos perigos da sociedade de informação.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A «fadiga» de Cavaco

A maior parte das intervenções públicas de Cavaco Silva pauta-se habitualmente por duas opções: ou se remete ao silêncio (que também é uma forma de intervenção), que há muitos anos caracteriza a esfinge de Belém, ou por uma mão cheia de banalidades.

Hoje, pelo dia em que vivemos, foi obrigado a falar. E, naturalmente, lá saíram as banalidades do costume: «É indiscutível que se instalou na sociedade portuguesa uma 'fadiga de austeridade' associada à incerteza sobre se os sacrifícios feitos são suficientes e, mais do que isso, se estão a valer a pena. Estas são interrogações legítimas, que todos têm o direito de colocar. Mas, do mesmo modo que não se pode negar o facto de os portugueses estarem cansados de austeridade, não de deve explorar politicamente a ansiedade e a inquietação dos nossos concidadãos».

Não é preciso a esfinge de Belém despertar do seu sono letárgico para dizer o que todos sabemos. Estamos fartos de austeridade e não é este o caminho que o País precisa. O que ele se esqueceu de mencionar é que há uma enorme «fadiga» de Cavaco. Também estamos fartos dele.

terça-feira, 23 de abril de 2013

A Catalunha dá bom exemplo para o mercado imobiliário e contra a desertificação das cidades

Por esta notícia verão que a Catalunha para promover o arrendamento e evitar desertificação das cidades atacará com impostos banca e promotores imobiliários. Quando vemos a nossa cidade de Lisboa, deserta no centro cidade e sem reabilitação urbana, este é um bom exemplo que evitará que muitos fujam para outras cidades em busca de habitação ao alcance das suas bolsas.

Ali no Governo mora o núcleo do futuro do PSD

Às vezes há mudanças no presente que são sinais para o futuro. Pedro Passos Coelho, involuntariamente, presumo, criou um núcleo no Governo que será o futuro do PSD.

Na equipa de Miguel Poiares Maduro, que nas primeiras impressões caiu no goto da media, ele próprio militante mas ainda distante da máquina do PSD mas com enorme futuro, encontra-se Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD e advogado que estava até agora a seguir com sucesso a sua etapa profissional, que tem um conhecimento pleno e boas afinidades com o PSD mais profundo (é chefe de gabinete do ministro).

E como secretários de Estado, Pedro Lomba, que será uma espécie de ideólogo, e António Leitão Amaro, um dos melhores da sua geração, com passagem por Harvard, boa performance na Quatrecasas, valor académico e muito criativo. Nesta equipa falta só o ex-líder da JSD, Duarte Marques, e temos cinco nomes incontornáveis para o futuro do PSD. Às vezes o presente escreve certo para o futuro.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Hollande e as suas duas mulheres

O título do post nasceu de uma crise oriunda do twitter e retrata um presidente fraco vítima de duas mulheres fortes, a sua ex- Ségolene Royal, e a actual, Valérie Trierweiller. O mais engraçado é que este triângulo amoroso dá origem a uma BD em França, da autoria do jornalista Renaud Dély.

Um presidente que se pensava ser um homem normal, ao contrário do seu antecessor que vendia a imagem de ultravitaminado e forte, dá para o gozo e a sua aventura em BD é uma sequela de "Sarkozy e as Mulheres" e "Sarkozy e os ricos", do mesmo autor.

domingo, 21 de abril de 2013

Sugestões para a semana (8-2013)

Livros

"Contos de São Petersburgo", Nikolai Gogol, Assírio & Alvim, 244 páginas. Junta as 5 histórias de São petersburgo: Avenida Névski, Diário de um Louco, O Nariz, O Retrato e O Capote. Humor e sátira de um autor que inspirou os grandes nomes do romance russo e europeu.

"Nome de Código Portograal", Luis Corredoura, Marcador editora, 580 páginas. primeiro livro de um português curioso por teorias da conspiração, criando o cenário de uma invasão a Portugal por Hitler, campos de extermínio de judeus no Entroncamento e Torres Vedras e fuga de Salazar para os Açores, tudo por causa do santo Graal. Um bom livro para a praia.

Filmes

"O Laço Branco", de Michael Haneke. Um dos melhores cineastas da actualidade, que recentemente realizou o belíssimo "Amor", aqui na sua obra-prima que é obrigatória.

"Alemanha, Ano Zero", de Roberto Rosselini. Juntamente com "Roma, Cidade Aberta", faz parte de um díptico do grande realizador italiano sobre a reconstrução dos dois países após a II Guerra Mundial. Ambos são geniais.

Séries

Estrearam-se em poucas semanas várias séries interessantes: "Banshee", de Alan Ball, "Bates Motel" de Carlton Cuse (um dos argumentistas de Lost), ambas no TV Cine Series. Mas destaco para as formidáveis "Hannibal", no AXN, com um actor que a maior parte das pessoas só conhece das lágrimas de sangue que derramava em OO7-Casino Royale, Mads Mikkelsen, e "Da Vinci`s Demons" sobre Leonardo Da Vinci na Fox

Documentários

No ARTE, "Últimas Novidades sobre a Atlãntida", quarta-feira às 15.20h, sobre o enigma desse continente que tantos quiseram descobrir; e uma série sobre Madrid às 14.50h a partir de terça-feira.

"Leyendas de la India", de Michael Wood que nos mostra toda a história e costumes da civilização mais antiga do mundo, está á venda no Corte Inglês e Fnac.

Revistas

Le Figaro Histoire, número 7, sobre os Bórgia e com o grande dossier de quando a Fraça dominou África.

Wired, sobre televisão e facebook

Restaurante

Para fugir aos clássicos Ramiro, que está a abarrotar de estrangeiros e tem longa fila de espera, e Pinóquio, que lá dentro está com muito barulho, nas últimas duas sextas-feiras jantei no Palácio em Alcântara. Marisco muito fresco, cadelinhas de qualidade que já pouco se vêem e atendimento simpático. Uma alternativa às marisqueiras mais conhecidas, também podia incluir o Relento emAlgés que é muito bom.

A partida da Dama de Ferro

Margaret Thatcher neste grande texto de Mario Vargas Llosa.

O que um criador de capas de discos nos "ensina" sobre comunicação

Storm Thorgerson pode dizer muito pouco a muita gente, mas foi notícia ontem pela sua morte. Este senhor foi o criador de mais de 300 capas de discos para diversas bandas.

Algumas delas que marcam a história da música e foram marcas registadas de conhecidas bandas. Na música, para lá da qualidade da mesma, do reconhecimento e notoriedade dos artistas, o primeiro foco tangível de comunicação entre bandas e o público são as capas dos álbuns.

Foi ele o criador da capa de "Dark Side of the Moon" dos Pink Floyd e com Dave Gilmour e Roger Waters manteve ao longo de décadas uma grande proximidade. Diz o Público que ele «não discutia música, limitava-se a ouvi-la atentamente, a investigar as letras para mergulhar no imaginário, a falar com os seus autores para perceber a criação». E depois criava. Capas que se tornaram ícones, ferramentas de comunicação lendárias,

É assim também na comunicação quando se cria. Ouve-se, investiga-se, escolhem-se prioridades, fala-se com os protagonistas e depois lança-se uma capa (o trabalho de comunicação) no momento certo.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A «dor social» do Governo

O Primeiro-Ministro acaba de anunciar que não haverá «mais austeridade», mas «maior dor social». Os cortes são na educação, na saúde, na segurança social.

Ora, se a crise já está instalada, há desemprego como nunca houve e a economia não existe, serão os que mais sofrem e a classe média a pagar por outra via as despesas do Governo.

Se já há autismo orçamental, empresas moribundas, desconhecimento total do país real, só faltava a última facada no Estado social. É um abismo onde estamos e a «mão atrás do arbusto» de Belém irá consentir.

40 anos de PS

O PS sempre foi um partido do socialismo democrático. Teve algumas rupturas, no início, de alas mais extremistas de esquerda, mas cedo na história da democracia portuguesa se posicionou como partido de poder.

Vestiu as causas da área social, do Serviço Nacional de Saúde e uma herança republicana e laica. Mas sendo um partido de poder, como todos os partidos de poder, "centrou-se" e com isso foi-se aproximando ideologicamente e no "modus operandi" do outro partido de poder, o PSD.

O grande desafio do PS é revitalizar a sua ideologia, vestir causas e diferenciar-se claramente, não só como alternativa de mudança de mudar por mudar, dos seus rivais. O PS precisa de ser mais PS e menos PSD.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

O primado da política

Sou de um tempo em que havia grandes líderes políticos, sou de um tempo em que se discutia política, sou de um tempo em que se tomavam opções, sou de um tempo em que havia esquerda e direita, sou de um tempo em que havia valores.

Hoje, quase nada disto existe. Não há ideias, a esquerda e direita, a não ser os pólos mais radicais, transformou-se em centrão e tudo se resume ao primado dos amanuenses que se tornaram ministros das Finanças. São estes "burros", que na sua vida toda nunca olharam para mais do que uma página de excel, que ocupam a agenda mediática a falar de números, orçamentos, dívidas, crises.

Esses grandes líderes de que falo no primeiro parágrafo, sabiam que o primado é da política, porque a política serve para as pessoas, para melhorar a vida das pessoas, tomando decisões e não subvertendo e submetendo a sua acçção às vontades e trejeitos dos senhores das Finanças.

Para lá da falta de ideias, tem de haver o regresso da política. Sem ela estaremos sujeitos a todos os caprichos de indivíduos que não conhecem o país real e não têm a mínima ideia sobre a vida das pessoas.

O tempo faz de nós bons

É o que muitos políticos devem pensar, usando o título deste post. Quantas vezes pessoas arrasadas mediaticamente num tempo, são reconhecidas e amadas tempos depois. Margaret Thatcher, Reagan, Bill Clinton, Helmut Kohl.

A novidade é que hoje em dia rapidamente se passa de odiado a amado pelas comparações com quem lidera no momento. Veja-se esta notícia e em pouco tempo um presidente que saiu pela porta dos fundos passa a ter maior popularidade, em menos de um ano, do que o líder actual. Falo de Sarkozy e Hollande.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O que faz um dito empreendedor?

Julgo que um empreendedor, empreende. E depois diz que é empreendedor. É uma boa profissão, depois faz umas conferências, usa metáforas imbecis como «bater punho», depois começa a vender pipocas e a seguir é contratado pelo Governo. É uma solução para quem se encontra no desemprego.

Repito a pergunta que nenhum jornalista ainda teve coragem de fazer ao ministro Maduro: o parolo imbecil que «bate punho» ainda está ao serviço do Governo, ou já o dispensou?

Ministério Público investe em comunicação

Leio pelo Renato Póvoas que o Ministério Público vai criar um gabinete de comunicação. Bem precisa. Para lá da degradação da imagem dos políticos, a Justiça tem de precaver essa erosão de imagem, e ela é crescente, face aos atrasos na investigação, à fuga de informações para os jornais e à demora da elaboração de sentenças em que os poderosos parecem sempre ser protegidos.

Nunca é tarde para aprender, esperemos que os profissionais contratados saibam melhorar a, comunicação e contribuir para uma maior transparência na actividade do Ministério Público que numa sociedade democrática, mas mediática, é fundamental.

A "ditadura" de Gaspar e o erro do Governo

Hoje, o jornal diário mais lido do País faz manchete com «Ditadura de Gaspar ataca chefias públicas». No fim-de-semana, o comentador mais visto do País fez uma comparação entre Gaspar e Salazar.

Estes dois momentos atestam baterias para o titular das Finanças. Cria-se subliminarmente a imagem de ditador, que é a que vai ficando de Gaspar, que já tem focos quase unânimes de impopularidade. É um ataque brutal.

O pior é que o próprio contribuiu para isso, mas sobretudo o Governo ainda contribuiu mais para isso ao dar-lhe poder total de aprovação até da compra de material de escritório. Este Governo é Gaspar e Pedro Passos Coelho ainda não percebeu que não pode ser só Gaspar.

terça-feira, 16 de abril de 2013

PSD em maus lençois nas autárquicas

Não sei como vão ser os resultados dos recursos que os diversos candidatos do PSD interpuseram contra a decisão de serem salta-pocinhas e candidatarem-se a outros municípios.

O que sei é se o cenário para o PSD nestas autárquicas é negro, como o próprio partido antevê, agora em Porto e Lisboa terem os seus candidatos oficiais fora de cena a pouco tempo de ir a jogo é um rombo de todo o tamanho.

Uma nota positiva para o PS e António José Seguro que evitou entrar neste filme de autarcas saltarem para outros municípios depois de atingirem o tempo máximo de mandatos. Foi um sinal de bom senso que o PSD não teve.

Sobre o pessimismo

«O pessimismo é uma profecia que se cumpre»

João Lobo Antunes, ontem na TVI24

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Uma pergunta simples ao ministro Maduro

O sr. ministro sabe que em política há gestos que dizem tudo e marcam um caminho. Por isso pergunto: o sr. ministro vai continuar a apostar naquele parolo imbecil que «bate punho»?

Ramalho Eanes e Mário Soares

Mário Soares foi o primeiro político que cumprimentei. Tinha sete ou oito anos e foi o meu avô, socialista e soarista, que numa secção do PS o proporcionou. Com ele ia Salgado Zenha que em contraste com a bonomia de Soares não tinha muito jeito para o contacto com as pessoas.

Por influência do meu avô, sempre tive grande admiração por Mário Soares que é uma figura que deixa marca no século XX. Porém, com o passar do tempo, e temos o direito de evoluir, Soares, apesar da vitalidade e do seu dinamismo intelectual para a idade que tem, não foi preservando a sua imagem e reputação e foi perdendo em mim a admiração.

Neste sábado fez declarações de quem se julga inimputável e ainda reconheceu que nos últimos tempos tem sido um conspirador contra o Governo reunindo com diversas personalidades. Muitos se esquecem que foi Soares que disse que Passos Coelho «é um homem bem intencionado» e chegou mesmo a visitá-lo em campanha na sede do PSD. Estranhamente, ou não, começou a atacar o Governo desalmadamente quando lhe cortaram apoios à sua Fundação.

Pelo contrário, nunca tive em miúdo e adolescente grande simpatia por Ramalho Eanes, era um homem distante, reservado. O primeiro artigo de opinião que escrevi no jornal da universidade Católica foi sobre ele e sobre o que se falava na altura de um eventual seu regresso à política.

Eanes teve conhecimento do que escrevi, não sei como, e numa conferência na Faculdade de Direito falou comigo. Simpático, educado e dizendo que não iria regressar à política numa justificação que um estudante de 21 anos não precisava de receber dele. Mas, efectivamente, não voltou, confirmando-se o que me disse.

Com o passar do tempo cresceu a minha admiração por Ramalho Eanes. Que soube zelar pelo seu papel de ex-presidente, mantendo-se discreto e só intervindo com o seu rigor intelectual e quando o País precisa de o escutar.

Para os tempos actuais, e sem beliscar o papel de ambos na história política do século XX,  Eanes é muito mais importante que Soares pois valoriza a imagem de quem interveio na esfera política e soube sair a tempo sem querer intervir a todo o momento. Num momento em que as pessoas estão fartas dos políticos, Soares contribui para essa desacreditação, Eanes é uma referência de bom senso.

CDS e PSD pressionam Governo e vão atacar Maduro

Quando para uma pasta que gere milhões se escolhe um filiado no PSD mas sem grande ligação ao aparelho do partido já se sabe que teremos contestação a ele e à sua equipa. Basta ler esta notícia, de que destaco esta passagem: «António Leitão Amaro, deputado do PSD, foi convidado para secretário de Estado do poder local que aceitou, mas como a sua posse ficou adiada à espera do preenchimento de outra vaga no ministério, a do desenvolvimento regional, há fortes pressões do PSD Lisboa contra Leitão Amaro».

Já sabíamos que Carlos Carreiras e "sus muchachos" queriam entrar neste Governo, já corria isso em bastidores aqui fica a evidência. Maduro vai ser um foco de guerrilha e nos próximos tempos veremos a tentativa de cilindrar o novo ministro.

O CDS também queria mais e é uma evidência diária que o seu silêncio institucional é contrabalançado pela contestação de algumas das suas principais figuras, da qual o ponta-de-lança é António Pires de Lima.

Para lá da crise para a qual não tem solução, do descontentamento dos portugueses, as próprias bases do Governo estão partidas. É muito difícil governar assim.

domingo, 14 de abril de 2013

A diferença entre os comentários de Sócrates e Marcelo

Quem faz comentário em televisão pode ser um sábio, mas acima de tudo tem de ser um "entertainer" e estabelecer laços com quem o acompanha. Enquanto Marcelo é uma vedeta do "entertainment", Sócrates começou ainda apenas no registo de político profissional. Tem de mudar a postura.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Daquilo que Portugal se esquece facilmente

«De vez em quando, esquecemo-nos do óbvio.: não temos moeda nem soberania! Todas as análises devem partir daqui»

Henrique Monteiro, no seu twitter

terça-feira, 9 de abril de 2013

Três regras para exclusivos na comunicação

Uma notícia exclusiva, desde que relevante e tenha interesse, é algo de muito importante para os media. Assim sendo, quais são as regras fundamentais quando se negoceia e dá um exclusivo. Deixo estas notas porque os profissionais já o sabem, os amadores não.

1- Escolher o meio que tenha a maior audiência se queremos um trabalho de notoriedade. Ou escolher por nicho ou como factor de reputação a mensagem que queremos veicular.

2- Só se dão exclusivos a quem nos trata bem e onde sabemos que o conteúdo será bem tratado.

3- Outra opção é dar o exclusivo a um meio onde estejamos a recuperar a nossa relação de simpatia e confiança.

Se damos um exclusivo a um meio que três dias depois nos dizima é de amador.

Os "Especialistas" de tudo e de nada

«Os Especialistas. Há o dia em que o tema é a crise económica portuguesa. A TV enche-se de especialistas em Economia que nos explicam o que se passa. Depois vem o dia em que o tema é da desgraça financeira de Chipre. A TV enche-se de especialista em Finanças (ou em Desgraças) que nos explicam o que se passa. A seguir chega a problemática da remodelação do governo. A TV enche-se de especialistas em Política que nos explicam o que se passa. Temos, finalmente, uma intervenção do Tribunal Constitucional. A TV enche-se de especialistas em Direito Constitucional que nos explicam o que se passa. O curioso é que os Especialistas são sempre os mesmos».

Luis Paixão Martins, no seu mural no Facebook

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A "partida" da Dama da Ferro

Partiu hoje deste mundo, Margaret Thatcher. Errou algumas vezes? Errou. Porquê? Porque não teve medo de decidir e os líderes são assim.

Fez parte de uma plêiade de alguns dos melhores líderes que o mundo já teve. Combativa, agressiva, mas sempre em defesa do seu país e das suas convicções. Uma mulher como dificilmente se encontrará igual é uma perda irreparável.

Uma referência para uma geração e uma referência para aqueles que sendo políticos gostavam de ser como ela, mas isso é impossível. A sua capacidade de combate, a sua honestidade são coisas muito difíceis de encontrar.

Acredito em pesquisas qualitativas, mas não em sondagens nem audiências televisivas

Acredito em pesquisas qualitativas e estudos de mercado bem feitos, por profissionais competentes, baseados em "focus groups" e que ajudam a seguir a linha de rumo para marcas, instituições e pessoas.

Mas não confio muito, sem menosprezar os profissionais aí envolvidos, em sondagens (tantos erros nos últimos anos e tantas histórias que podia contar) e nas audiências televisivas. Um bom exemplo disso é esta notícia que diz que «Marcelo esmaga Sócrates» nos comentários de ontem.

Ontem e hoje várias pessoas me falaram de Sócrates, nas redes sociais só se falou de Sócrates e depois aparece este resultado. É um facto que há uma habituação de anos às prédicas dominicais de Marcelo, mas o factor novidade de Sócrates e os temas envolvidos devem dar à RTP uma boa audiência que não se reflecte nos resultados.

A beleza da Constituição

«A Constitição é muito bonita mas dela não sai dinheiro»

Medina Carreira

domingo, 7 de abril de 2013

Sugestões para a semana (7-2013)

Livros

"Mao, a história desconhecida", Jung Chang, Quetzal editora, 847 páginas. Senão a melhor, provavelmente uma das melhores biografias de Mao Tse-Tung. Uma biografia não panegírica e que derruba muitos dos mitos da revolução dita popular na China e conta vários vícios de personalidade do líder que foi referência para determinada esquerda durante muitos anos.

"Agosto", Rubem Fonseca, Sextante editora, 314 páginas. Um dos melhores escritores de língua portuguesa e que me tem deliciado nestes dois dias. Como pano de fundo o suicídio de Getúlio Vargas e o atentado a Carlos Lacerda.

Cinema

Taxi Driver, Martin Scorsese. Para quem o considera, como eu, um dos grandes filmes da história do cinema, a possibilidade de o ver em reposição nas salas de cinema, sem esquecer a banda sonora de Bernarrd Herman e o saxofone de Tom Scott.

A Escolha de Sofia, de Alan J. Pakula. Um grande papel de Meryl Streep bem coadjuvada por Kevin Kline. Num campo de concentração nazi uma mulher tem de escolher entre a sua vida e a vida do seu filho.

Ladrões de Bicicletas, Vittorio de Sica. Um filme belíssimo, sempre na lista dos melhores de sempre, uma obra do neorealismo, sobre a condição humana.

Chamo ainda a atenção para o facto da RTP2 esta semana dedicar 5 filmes ao jornalismo. Destaco "O Ano de Todos os Perigos", de Peter Weir, durante a ditadura de Suharto na Indonésia; e "Os Homens do Presidente", de Alan J. Pakula, no famoso filme sobre o Watergate.

Documentários

"Os italianos e a crise", no ARTE, terça-feira às 21.25h. Num país ingovernável e que virou um manicómio político como se pode ultrapassar a crise.

No Odisseia, na madrugada de hoje às 4h, "A Queda do Sendero Luminso". Um dos mais famosos grupos de terrorismo que matou milhares de pessoas no Perú.

Séries

Amanhã, no Syfy às 22.15h, uma das estreias mais aguardadas, a terceira temporada da Guerra dos Tronos.

E uma nota de desagrado para o universo FOX. Não podem estrear séries e depois interrompê-las, dou três exemplos: Scandal, que deu até ao décimo episódio da segunda temporada, interrompeu e depois voltou na Fox Life; Blue Bloods que estreou a terceira temporada na Fox e interromperam, dando sete episódios; e na FOX Crime que estrearam a 4a temporada de Southland e a interromperam ao fim de 3 episódios. Acho que não é bom para os espectadores fieis.

Música

"The existential soul of Tim Maia". Está em destaque na FNAC, ouçam o cd e percebam porque ele é um dos maiores nomes da história da música brasileira e estava muito avançado no seu tempo.

Revista

Africa Investor. Num tempo em que as empresas portuguesas têm de procurar negócio fora do País, espreitem esta edição c om várias ideias para negócios.

Restaurante

Volto a referir um dos meus preferidos restaurantes, o Lisboa à Noite, jantei lá na terça e na sexta-feira. A mesma qualidade de sempre, um serviço de qualidade e a simpatia dos srs. Vitor e César, os donos do mesmo.

As missas de Marcelo e Sócrates

Para o primeiro duelo entre um professor universitário e um estudioso em Paris, auguro que a RTP vai crescer nas audiências e conseguir abafar os resultados da TVI.

É que as prédicas dominicais de Marcelo já cansavam pelo seu maquiavelismo e interesse pessoal em alguns comentários que fazia, fora várias previsões erradas que foi fazendo ao longo do tempo. Marcelo já cansa e satura.

Sócrates estreia-se hoje, pelo menos tem o factor novidade do seu lado mas ainda tem a sua imagem muito danificada e também comentará segundo os seus interesses. Mas neste caso as pessoas vão querer ouvi-lo. É um duelo interessante.

sábado, 6 de abril de 2013

Morreu um grande senhor da televisão portuguesa

Luis Andrade foi realizador de alguns dos grandes ícones da programação da televisão portuguesa (como a Visita da Cornélia), foi director de programas e sobretudo um homem da RTP. Da saudosa RTP que foi inovadora no seu tempo, criando novas estrelas, dando oportunidades ao talento. Paz à sua alma.

Só resta um caminho a Vitor Gaspar

Depois de dois orçamentos chumbados pelo Tribunal Constitucional, depois de todas as previsões falhadas, depois de todos os objectivos falhados, depois de todos os disparates comunicacionais, depois de desmotivar os portugueses e lhes retirar a esperança, só resta um caminho a Vitor Gaspar: se tiver vergonha, que saia pelo próprio pé do Governo. Era um grande serviço a Portugal e aos portugueses.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A saída de Miguel Relvas

Foi sempre o número 2 de Pedro Passos Coelho, construiu com o labor de uma formiga a sua ascensão à liderança do PSD e a Primeiro-Ministro. Foi sempre o seu braço-direito.

No Governo perdeu parte da sua influência para Vitor Gaspar e tornou-se, também muitas vezes por culpa própria, o saco de pancada preferido do mesmo.

Não sei como será o futuro proximo, mas teve outros motivos e momentos para apresentar a demissão, agora não percebo e não sei como vai ficar a coesão política deste Governo que vive com debilidade a ameaça de chumbo do Tribunal Constitucional.

É uma mudança de ciclo que se anunciava e a saída de Miguel Relvas acentuou esse caminho.

Um sinal positivo de Obama inexistente em Portugal

Li esta notícia em que Barack Obama cortou 5 por cento do seu salário em solidariedade com o corte automático na despesa de alguns serviços públicos. Não é o valor que está em causa, mas é o exemplo de um líder.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O cansaço do Governo

Pedro Passos Coelho diz que o Governo «tem garra», mas depois surgem notícias como esta, em que se fala do «cansaço» de pelo menos dois ministros. A verdade é que não se sente essa «garra», que julgo ser uma tentativa de comunicação subliminar, apenas um fim de ciclo que será ditado pelo Tribunal Constitucional.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

A decadência de França

A França já se cansou de François Hollande, que apresenta as mais baixas taxas de popularidade de um recém-eleito presidente. Mas mais do que isso, é a quebra da sua força e da sua influência.

Nesta Europa comandada a uma só voz com acento germânico, a Inglaterra está-se marimbando, Espanha está atolada num pântano e Itália entrou no manicómio. Cabia à França fazer um contraponto à Alemanha. Mas isso não aconteceu. Com Hollande a França tem perdido a sua voz e não conta para nada.