quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Os animais domésticos de Assunção Cristas

Ontem era manchete e um dos temas mais falados nas redes sociais, a possibilidade de Assunção Cristas legislar sobre a quantidade de cães e gatos que as pessoas podem ter em casa. Era ridícula a iniciativa e como eu escrevi ontem devia ser um sintoma de depressão pós-parto.

Hoje, Cristas anuncia que deixa cair essa limitação de animais domésticos: «Ministra garante que lei que iria limitar número de cães e gatos por apartamento "não é uma prioridade", apenas em estudo técnico. "Não gastei um minuto a olhar para isso», diz ao Expresso.

Foi um disparate total ou um daqueles temas para desfocar as atenções numa altura importante do Orçamento de Estado. Ou como também ontem escrevi por aqui, a diferença entre a previsibilidade e a imprevisibilidade de um Governo. O Governo tornou-se imprevisível pelo disparate contra si próprio.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A previsibilidade e a imprevisibilidade de um Governo

Governar é decidir, tomar medidas, mas é também dar sinais a quem governa, o povo, e aos mercados internacionais. Não são só as medidas, as reformas, que fazem um Governo, são também muitas outras coisas que lhe conferem estabilidade, credibilidade.

Governar é tentar ser o mais previsível possível. É ter um rumo definido, falar a uma só voz, serenar os ânimos e dar confiança. Os factores imprevisíveis devem ser exógenos ao Governo.

O grande problema deste Executivo de Pedro Passos Coelho é que quase todos os dias diz uma coisa e depois faz outra, não se nota claramente uma linha e parece que está sempre na praça pública a falar com ele próprio. Tornou-se imprevisível, sendo o próprio Governo o maior foco de imprevisibilidade.

Ora, isso não transmite segurança, estabilidade, confiança. Parece uma orquestra desgarrada, sem maestro, a tocar de improviso e, às vezes, com muito pouco talento dos seus solistas.

Como neste Governo, como é sabido, de comunicação se sabe pouco e não trabalham com especialistas na área, relembro-lhes a máxima sempre presente na "war room" de Karl Rove: "Prever muito, improvisar pouco". É essa a diferença entre a previsibilidade de um bom Governo e a imprevisibilidade de um mau.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Para encerrar o assunto Bárbara Guimarães/Carrilho

Nem a Bárbara Guimarães é a Madre Teresa de Calcutá nem Manuel Maria Carrilho é Gandhi. Estão a ser vítimas da exposição mediática em que transformaram a vida deles em que até para irem votar, como vi eu, no liceu Filipa de Lencastre, organizavam as coisas para que alguém os fotografasse.

Tem sido um espectáculo deprimente, do mais baixo e vil que tenho assistido em Portugal, particularmente, da parte de Manuel Maria Carrilho que parece sofrer de incontinência verbal, esquecendo que tem dois filhos pequenos, que vão sofrer por tudo o que se está a passar.

Aliás, Carrilho ao tentar à força entrar em casa, acompanhado de seguranças como foi exibido, sob o pretexto de ver as crianças às 23h, tendo uma delas 3 anos, só as assustou.

Carrilho hoje ataca de novo, Bárbara põe um processo de difamação por uma entrevista que o marido concedeu ontem ao DN. Como passou quase despercebida, escrevo aqui o que ele disse, que é de uma gravidade sem defesa possível:

- «A meu ver a origem desta loucura toda é o álcool»
-«Acha que aquilo é que é vida, aquilo é que é a alegria da vida, que a casa devia ser garrafas de uma ponta à outra, cheia de gente a entrar e a sair»
-«Há um ano que a única coisa em que a Bárbara pensa são os 40 anos. Ela não conseguiu suportar a idade. Foi por um lado a parte da depressão com o álcool e o resto com silicones, botoxs, estrias e 50 comprimidos, para aí, que ela toma por dia»
- «Deixou de comer e passou a beber»
- «Quando fui para Paris tínhamos combinado passar fim-de-semana romântico no Hotel Design. E ela disse-me: `só tens que me prometer uma coisa. É que te emborrachas comigo»
- «A Bárbara alcoolizada chocava com paredes, caiu na minha quinta, numa sebe de 5 metros. Há muitas auto-agressões de uma bêbeda»

Isto foi dito por Carrilho, ontem, ao DN. É do mais baixo que já vi na minha vida. E este cavalheiro foi promovido como o Jack Lang português, foi ministro da Cultura e embaixador na UNESCO. É a todos os títulos deplorável o afã com que fala para a imprensa sobre a mãe dos seus filhos.

E na mesma entrevista afirma: «tão reservado fui como agora serei locuaz». Pois, Manuel Maria Carrilho ligou a ventoinha, mas se tivesse um pingo de vergonha e se se preocupasse com os seus filhos resolvia as coisas em silêncio, em bastidores, em tribunal e não na praça pública.

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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Como se abate o presidente da Liga de Futebol

Mário Figueiredo ganhou as eleições para a Liga de Futebol Profissional, sobretudo, com o apoio dos clubes mais pequenos. Prometeu-lhes coisas e venceu com surpresa.

Passado pouco tempo, começou numa cruzada contra Joaquim Oliveira. Esqueceu-se que muitos dos clubes mais humildes estão gratos a Joaquim Oliveira que muitas vezes os livrou de muitos problemas financeiros e tem uma ligação pessoal e de amizade com muitos presidentes.

Nessa altura, uma pessoa conhecida e muito conhecedora do mundo do futebol, com ligações a Mário Figueiredo, perguntou-me o que é que eu achava que ia acontecer, sendo eu apenas um observador atento deste fenómeno. Respondi:

«O Mário Figueiredo ou se cala ou "abatem-no"».

Pouco tempo depois, iniciou-se o movimento de muitos dos que o apoiaram se afastarem dele, deixando-o a falar sozinho, sem apoios. Hoje leio na primeira página da Bola: «movimento de clubes para afastar o presidente». Natural, como referi na altura. Joaquim Oliveira ganhou outra vez.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Reabertura do caso Maddie

É um processo que se arrasta há demasiado tempo, é um bom instrumento de "spin" para abafar outros assuntos da agenda mediática e é um dos grandes embustes do qual ouvimos há muito.

Há tantas crianças desaparecidas no mundo, tantas crianças que são traficadas e escravizadas, mas parece que só esta criança, especificamente, mobiliza a atenção de alguns poderes.

Considero uma vergonha estes avanços e recuos - agora o Ministério Público vai reabrir este processo - lançam-se uns retratos-robot para capas de jornais sensacionalistas e aqueles pais que me parecem pessoas extremamente frias voltam à ribalta.

Todos viram este espectáculo que se tornou um circo, todos têm na sua opinião uma visão do caso e todos têm também a suspeita do que aconteceu. A minha é idêntica à da maioria dos portugueses, mas não a quero dizer.

O Governo inglês e a Scotland Yard envolveram-se fortemente, se calhar, como nunca o fizeram antes com outra criança, porque um assessor dos pais fez parte da equipa de comunicação de Downing Street.

Este caso é cansativo, tem barbas, engana quem quer, mas mantém-se à tona da água. É a todos os títulos vergonhoso o tempo que com ele os media perdem, mas vende. É esse o segredo do renovado interesse.

Mourinho na intimidade ou uma dose de liderança

Num mercado editorial da imprensa em recessão, saúdo sempre novas publicações. Comprei a nova revista de futebol a "Quatro Quatro Dois" que traz como tema de capa "Mourinho na intimidade.

«Eu sou um mestre de nada», arranca assim. «Para se ser um treinador de topo é necessário ter um pouco de tudo. Se formos um excelente motivador mas não percebermos o jogo, não chegamos ao topo. Se formos um grande estratega mas não conseguirmos criar empatia com os jogadores, não conseguimos fazer nada. Se não soubermos treinar ou não tivermos uma metodologia que ajude os jogadores a melhorarem, também não nos safamos».

E acrescenta: «tal como cada jogador tem um dom, um treinador de topo também precisa de o ter, algo que esteja dentro de si, mas eu não me preocupo em descobrir qual é o meu».. Sábias palavras que resumem talento e liderança.

Por isso, a liderança, em todas as áreas da vida profissional, passa por o que atrás foi dito ao qual acrescento uma frase do prof. Abel Salazar: «um médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe».

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Lisboa para cruzeiros

Lia esta notícia do OJE sobre o crescimento dos cruzeiros em Lisboa. É muito positivo para a cidade, é o nosso petróleo, o turismo. Que o continuem a aproveitar e a promover as nossas cidades e terras. É bom sinal se o Governo não intervir demais e só aparecer nas cerimónias públicas.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Todos os dias "Jornal de Angola"

Todos os dias agora temos de aturar as notícias baseadas no que o "Jornal de Angola" escreve, ainda por cima os editoriais nem são assinados.

É um bocadinho cansativo que andemos nesta troca de recados em páginas de jornais e que não se resolvam, sem ninguém de joelhos, a bem, as relações entre dois países que devem ter uma relação biunívoca como já escrevi. O resto é espuma.

sábado, 19 de outubro de 2013

A entrevista de José Sócrates ao Expresso

1- Bom gancho do Expresso na entrevista e bom trabalho de comunicação e marketing durante toda a semana para aguçar apetite dos leitores.

2- Quer se queira quer não, José Sócrates é uma personalidade carismática, de ruptura, como ele próprio diz de perfil pouco redondo. Muita gente o odeia e ainda muitos gostam dele, por isso a entrevista bem promovida despertava o interesse.

3- A entrevista não é em pergunta/resposta, é em texto corrido. Nele, Clara Ferreira Alves escreve assim: «Humilde é um adjectivo difícil de aplicar a José Sócrates». E é verdade, mas ter ego não é mau e como Sócrates diz: «nada choca mais com o meu mundo mental do que a cultura católica, da falsa humildade». Por isso, mantém a mesma postura altiva de sempre.

4- Espremendo a entrevista, não é nada de especial. Episódios vários, citações de filosofia política, retratos da vida de um homem em Paris, vingança com insultos a outras personalidades das quais não gosta e promoção do seu livro sobre a tortura.

5- Diverti-me com a entrevista, está dentro da filosofia "light" da Revista do Expresso, foi a espuma dos dias desta semana.

O milagre de Fátima

O título deste post é da revista Notícias TV - que é a melhor do mercado sobre televisão - do DN. A Fátima deste milagre é Fátima Campos Ferreira.

A reportagem vem a propósito dos 11 anos de existência  do programa Prós e Contras da RTP e como diz a jornalista, «este programa é uma marca forte, uma âncora do serviço público». E é.

Nenhum canal generalista tem este formato de debate aberto, com múltiplas personalidades, com ilustres ou menos ilustres, mas que no momento certo debatem os temas que afligem a Nação. Isso é serviço público, é a missão da RTP e rompe com o "cliché" das novelas e programas de imbecis em canal aberto.

Mérito da Fátima Campos Ferreira que com o tempo se tornou uma das caras de proa da RTP. Alguns a criticam por excesso de teatralização ou até na escolha dos convidados ou das assistências, mas hoje vivemos numa sociedade aberta em que as opiniões são publicadas por qualquer um nas redes sociais.

Posso dizer o que eu acho sobre ela, mas não a conheço bem e analiso pelos meus "feelings" que vêm da experiência de muitos anos de jornalismo e comunicação. Se calhar, como dizem os americanos, não é uma "natural". Mas mais importante do que ter um dom e desperdiça-lo, é construir uma carreira a pulso, com trabalho, com esforço e abnegação.

A Fátima Campos Ferreira é uma "self made woman" da televisão, merece o reconhecimento pelo seu trabalho e é uma figura incontornável da televisão portuguesa. Que ela e o "Prós e Contras" continuem por muitos anos.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Rui Machete e a diplomacia de pantufas

Costumo dizer que os melhores guerreiros são os melhores diplomatas. Se assim é, como é que Rui Machete, que fez a vida nas sombras e nos silêncios, pode ser um bom diplomata e contornar este problema com Angola, se a coisa mais agressiva que fez na vida foi calçar as pantufas?

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Portugal-Angola: uma relação posta em causa por incompetência

Falamos a mesma língua. Portugal investe em Angola, muito. Angola investe em Portugal, muito. Somos um mercado biunívoco. José Eduardo dos Santos anunciar, segundo a Lusa, no discurso do Estado da Nação o rompimento da parceria estratégica com Portugal é grave. Muito grave.

Não vamos saber como ficam as coisas num momento crítico para Portugal que precisa do investimento angolano, bem como precisa do País africano para fomentar negócios e exportação. Houve inépcia total de Portugal neste relacionamento, sobretudo porque muitas vezes se rebaixou e humilhou, como foi manifesto o caso do pedido de desculpas de Rui Machete que só acicatou ânimos e não revelou qualquer bom senso para a função.

Portugal e Angola precisam de estadistas. No nosso caso, temos na nossa diplomacia uma figura frágil, o pior do Bloco Central que governa Portugal há décadas e que, manifestamente, não tem capital político, humano, competência e sensibilidade para repor as relações Portugal/Angola no patamar que merecem.

Esta é a mais grave crise diplomática que Portugal atravessa desde há muitos anos e Machete não é homem para esta crise. Muitos portugueses vivem em Angola, bem integrados na comunidade. Muito dinheiro português está ali investido, muitas empresas dependem como pão para a boca daquele mercado.

Portugal foi colonizador mas já não é. Portugal tem a sua história, a sua honra, mas Angola é um Estado de legítimo direito como nós. Faz parte do nosso universo cultural, da nossa área de influência e é um País-irmão. É assim que as relações têm de ser. Ninguém tem de estar de joelhos. Portugal e Angola precisam um do outro. Mas Portugal precisa de estadistas. E não tem.

Um Governo de um ministro

Este Governo comete demasiados erros. Ainda ontem falava da irritação de Paulo Portas que esteve bem no domingo a explicar uma medida que a equipa das Finanças tinha passado estupidamente para os jornais, por vingançazinha mas, sobretudo, com inépcia e incompetência.

Todos os ministros já erraram. Por exemplo, Miguel Macedo tem passado entre os pingos da chuva sem se pronunciar sobre a agressão de um treinador a um elemento da PSP, força policial que tutela. Será que é aceitável para um ministro que se agrida, como a queixa da PSP reconhece, um polícia?

Mas passando à frente, de todo o elenco governativo destaco um ministro, Paulo Macedo. O que tem actuado melhor, o que tem neste momento a melhor reputação junto dos portugueses - e gerindo um sector muito difícil - e que como leio hoje no CM não teve pejo em arrasar a equipa das Finanças. É nele que o Governo tem de apostar para ser a sua cara e mais nada.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A fraqueza da Miss Swap e a diferença para Gaspar

Eu não tenho nenhumas saudades de Vitor Gaspar, mas é evidente que a Miss Swap, Maria Luis Albuquerque, é uma pálida caricatura de uma caricatura.

Quando havia assuntos de Finanças, a arena era de Gaspar, todos baixavam a bola. Foi assim que Passos decidiu ao torná-lo a segunda figura mais importante do Governo, mais importante do que Portas. Entretanto, Gaspar bateu com a porta, cansado da sua própria incompetência e de todos os seus diagnósticos e soluções erradas.

A Miss Swap, como se augurava, é um erro de casting, fragilizadíssima pelos casos que lhe deram nome, remeteu-se ao silêncio durante mais de um mês por alturas de Agosto, por causa de um secretário de Estado escolhido e demitido por responsabilidade dela.

Ontem, numa declaração muito importante para milhares de portugueses, sobre assuntos de Finanças, falou Paulo Portas. E falou bem. Primeiro, resolvendo e esclarecendo o susto para milhares de pessoas que foi provocado por uma fuga de informação para o Expresso, saída da equipa da Miss Swap. Segundo, ao seu lado direito estava a ministra das Finanças. Pois bem, a senhora não tugiu nem mugiu. Com Gaspar nunca seria assim, foi só a prova da fraqueza de que eu faço título do meu post.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Passos e Seguro com os calcanhares mordidos

Já sabemos que do PS será António Costa que andará todos os dias a morder os calcanhares a António José Seguro. No PSD, a sombra negra, pelo que leio nas entrelinhas desta notícia, chama-se Rui Rio. Agora, a cada acto falhado, os microfones vão procurar estes dois protagonistas.

Tudo sobre a questão Machete/Angola

Basta ler este artigo do Pedro Santos Guerreiro.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Uma pergunta com sentido à RTP

A RTP1 tem The Following (uma das melhores séries do ano passado nos EUA) e, nem anunciou, no "late-night". A RTP2 tem a 5ª temporada do Mentalista, apresentou a última de Fringe e à terça-feira passa a 6ª temporada de Mad Men. Sem marketing do que é bom, como é que querem ter audiências?

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Até o Governo está farto de Rui Machete

Rui Machete, enquanto esteve protegido na FLAD imensos anos e com a embaixada americana a elaborar relatórios negativos sobre ele, foi acumulando prebendas, avenças e lugares em diversas instituições.

Esteve no BPN, como também noutros bancos, mas fez de conta que não se lembrava. Machete é igual a tantos outros do Bloco Central que acumularam alvíssaras das empresas que apostavam neles para terem a porta aberta para fazerem negócios com o Estado.

Para além da mais que evidente falta de talento para o cargo que escolheram para ele, são cansativos para os portugueses os seus "casos de esquecimento constantes", a sua cara de enjoado como se estivesse a fazer um favor em ser ministro.

Espero que seja a última vez que vá ao Parlamento, está marcado para hoje às 16h, e se tivesse um pingo de vergonha nem lá ia. É que os portugueses não gostam dele e até os seus colegas de Governo estão fartos dele.

Pedro Passos Coelho só tem vergonha de o demitir porque o escolheu há muito pouco tempo e seria mostrado à evidência mais um erro de "casting". Por isso, que saia pela surra pelo seu próprio pé, a mesma surra que usou toda a vida para somar alvíssaras.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Porque Sesimbra foi a autarquia com maior abstenção

Conheço bem duas terras como a palma da minha mão: Lisboa, onde nasci e vivo, e Sesimbra, onde passei férias desde os sete anos de idade e aonde os meus pais têm casa de Verão.

Li no Público de hoje uma reportagem sobre Sesimbra, motivada por ter sido o concelho que apresentou maior índice de abstenção do País. Eu sobre o facto quero dizer umas coisas:

- Os sesimbrenses estão cansados de ver a sua terra a perder importância, a perder empregos, a perder identidade. Sesimbra já não é o que era e, em muitos casos, piorou, nomeadamente, na indescritível avalanche de cimento e betão que todos os autarcas permitiram que inundasse a terra.

- Sesimbra tem um charme muito próprio e todas as condições para agradar a quem a visita. É bonita por natureza e abençoada por ser uma terra calma, come-se bem, tem vistas magníficas. Quem por ali passa e vive mais do que um dia tem sempre saudades dessa calmaria que a invade.

- Mas este ano vários restaurantes fecharam, até o meu preferido, o Tony. Há zonas quase despovoadas de actividade comercial - veja-se o antigo largo da GNR - e se no Verão ainda há vida, no Inverno a povoação está quase deserta.

- Não responsabilizo partidos, responsabilizo pessoas. Sesimbra, desde o 25 de Abril, nunca teve um grande presidente de câmara. Nunca teve uma personalidade que empurrasse o concelho e lhe desse visibilidade. Sesimbra foi-se despovoando e ao mesmo tempo adormecendo. Nunca estimulou a atractividade e mediatizou o potencial que tem. E isso são opções políticas.

- Logo, as pessoas cansadas pela crise, com o desemprego, com a falta de oportunidades e com a falta de carisma e empatia dos candidatos ficam em casa em dia de votos. Não se mobilizam porque, para lá dos factores nacionais, não sentem a paixão dos candidatos e não confiam que eles sejam agentes da mudança que o concelho precisa.

- Este texto que escrevo é apenas uma impressão de um lisboeta que adora Sesimbra. Não tenho receitas para inverter a situação, mas falta visão estratégica global, falta audácia, falta marketing. Não ponho em causa o amor pela terra de quem a governa, mas parece que adormeceram também, estão sem força vital para dar a volta e Sesimbra vai perdendo a sua alma e a sua identidade. E era tão fácil fazer um bocadinho mais e melhor.

domingo, 6 de outubro de 2013

Sugestões para a semana (18-2013)

Livros

"Coração tão branco", Javier Marias, Alfaguara, 340 páginas. Um dos melhores escritores espanhóis da actualidade, para lá de me deliciar com as suas crónicas na última página da revista do El Pais de domingo, cada livro dele me encanta, comecei a lê-lo hoje e vou continuar.

"Lugares Escuros", Gillian Flynn, Bertrand, 411 pág. Foi um fenómeno com "Em parte incerta" e regressa agora com o mesmo domínio do trhiller.

"Lobo das Estepes", Hermann Hesse, D. Quixote, 266 pág. Uma reedição de um dos melhores livros deste Nobel da literatura. Um dos livros que mais me marcou e contribuiu para uma decisão que mudou a minha vida lá pelos anos 90 do século passado. É um livro genial que recomendo.

Cinema

"Cosmopolis", David Cronemberg. O livro de De Lillo é magnífico, o filme passou um bocado despercebibo e merece um novo olhar.

"À procura de Sugar Man"Malik Bendjelloul. Um brilhante e muito premiado filme/documentário sobre uma lenda da música Sixto Rodriguez.

Séries

Esta semana para quem gosta é um luxo. A FOX estreia Agents of SHIELD, Elementar (que já vi no TVSéries e que lá vai estrear a segunda temporada), Homeland 3a temporada, para a semana vêm The Americans e a 4a temporada de Walking Dead.
A Fox Life estreia a 3a de Scandal, a TVSéries Masters of Sex, e o AXN Black para a semana traz a 4a temporada de Boardwalk Empire., o AXN White estreou a 2a da Doutora no Alabama que é muito divertida e tem a Rachel Bilson e ainda recomendo no Sundance Channel uma série de sua produção que se chama Rectify e dá ao domingo às 18.30h que é genial.

Restaurante

Zapata, ali no fim da Calçada do Combro com a Poiais de S. Bento. restaurante familiar com um menú muito variado, recomendo as gambas à guilho e os filetes de polvo com açorda que me encheram as medidas nesta sexta-feira.

sábado, 5 de outubro de 2013

Quando se esgota a paciência com Jorge Jesus

Sempre se soube que quando se esgota a paciência da direcção do Benfica com um treinador, os sinais evidentes são publicados no jornal A Bola.

Por isso, quando José Manuel Delgado, ontem, escreveu na última página desse jornal que «Jorge Jesus tem uma prova de fogo. Precisa de ganhar e, sobretudo, precisa de mostrar ao mundo que continua a ter condições para dar a volta por cima e tirar o grupo de jogadores que Luis Filipe Vieira lhe confiou da depressão em que está mergulhado». Este é o sinal. Depois, como é tradicional, as fontes próximas do treinador defendem-se e foi assim:

«Jesus não se demite e só sai com indemnização de 6,8 milhões», acrescentando: «Jorge Jesus não irá pedir a demissão do cargo de treinador do Benfica, mesmo no caso de derrota amanhã à noite, no Estoril. A ideia foi transmitida ontem ao DN por fontes próximas do técnico de 59 anos, que tem a plena certeza de que irá conseguir reverter o momento negativo por que a equipa atravessa», diz o DN.

Assim se percebe que Vieira e Jesus estão a ver quem é que sai melhor deste filme e passaram para uma medição de forças em bastidores, com avisos, ameaças, golpes e «contra-golpes». É uma constatação, não comento, só me divirto a assistir a este espectáculo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O trabalho que dá ser jornalista e procurar a verdade

Passa no TVSéries a segunda temporada de "The Newsroom", de Aaron Sorkin. O autor tal como idealizou um presidente perfeito e um staff de eleição em "West Wing", agora apresenta a sua visão ideal de uma equipa de produção de conteúdos de um canal televisivo.

Se a primeira temporada achei um bocadinho desequilibrada com grandes episódios e outros fraquinhos, esta segunda temporada considero-a mais próxima do brilhantismo. Nela está sempre presente uma pretensa história de uma operação de resgate das forças militares americanas em que pela primeira vez são utilizadas armas químicas.

Por ser polémica e fruto de informações prestadas a um jornalista pouco conhecido dos colegas, levanta dúvidas. Por isso, é visível o trabalho de reforço da história da primeira fonte, a procura de outras que a credibilizem, as discussões da equipa até haver a decisão de a emitir.

E o jornalismo é assim. Ao contrário do que muitos pensam, dá muito trabalho encontrar a verdade, criar uma boa história sem lacunas que a descredibilizem. No caso, a ambição de um jornalista leva-o a inventar a notícia, o que é descoberto. Depois disso é um problema para o canal, pois, quando assim é, as pessoas perdem a confiança no pivot e na equipa informativa. É difícil reconquistar a confiança e a credibilidade perdida, vamos ver nos próximos episódios como será.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A cegueira do Governo e do PSD

Os resultados das últimas autárquicas foram muito claros. O PSD teve o seu pior resultado de sempre e perdeu a força motriz dos grandes centros urbanos nos dois maiores distritos. Não tem Lisboa, Amadora, Loures, Sintra, Oeiras, a sul; e Porto, Gaia, Matosinhos, Gondomar, Valongo, a norte.

É uma grande derrota e que não se desculpem com independentes trânsfugas do partido, pois isso não aconteceu em várias destas cidades, apesar do directório partidário ter culpas no cartório ao apostar em candidatos que não eram os melhores para cada cidade.

Por isso, vejo com legitimidade reforçada o Paulo Cunha, presidente da distrital de Braga que obteve a grande vitória da noite com o Ricardo Rio e ganhando pessoalmente Vila Nova de Famalicão e que é um valor a acompanhar, quando pede que o PSD veja os sinais da noite eleitoral. E ainda não percebi por que é que as distritais de Lisboa e Porto ainda não se demitiram depois de um massacre total nos resultados e pela falta de categoria dos seus dirigentes. E aqui se vê a cegueira do PSD.

Por outro lado, é muito mais difícil o Governo ter força sem o controlo dos grandes centros urbanos, a sua capacidade de reformar é muito mais limitada, o risco de contestação é muito maior. Um Governo que não percebe os sinais evidentes e diz que mantém o seu caminho sem parar para pensar está cego.

Cabe ao PSD e ao Governo regenerar-se. Ver bem que tipo de gente é que integra ambos e precisa de uma revisão programática e no campo das ideias. No último caso, Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba, em vez de perderem tempo com "briefings", deviam meter mãos à obra e municiar partido e Governo de outras ideias.