Partiu hoje João Rocha, o melhor presidente que conheci do Sporting Clube de Portugal. Quando hoje dizemos com orgulho que somos o segundo maior clube do mundo em títulos, isso deve-se em grande parte a este presidente que marcou uma geração.
Foi pela mão do meu avô e do meu pai que aos 4 anos senti, pela primeira vez, o que era o Sporting. Foi na Rua do Passadiço, com Reis Pinto a ser o meu professor de ginástica, algo que pratiquei durante dez anos.
Nunca como nesses tempos senti o fervor, a paixão, a movimentação e agregação dos adeptos com o nosso clube. Era a Porta 10-A, era o pelado, o pavilhão, a sala Joaquim Agostinho, milhares de praticantes de muitos desportos a darem vida ao velhinho estádio.
Era o futebol, mas eram também todas as modalidades que deram títulos, representação olímpica e potenciaram o eclectismo. A grande marca de João Rocha e o seu legado inolvidável.
Cumprimentei-o pela última vez quando se deslocou ao estádio para ver a meia-final com o Bilbau na temporada passada. Falei por diversas vezes com ele ao telefone, muitas em 1998, quando escrevi uma carta para o Jornal do Sporting que foi publicada atacando o projecto de Roquette e defendendo o legado de João Rocha.
Ele era um visionário, salvou o clube quando assumiu a presidência, era um líder nato e no clube e fora do clube sabia-se quem mandava nele. Teve opositores, naturalmente, mas até esses com o passar dos anos se vergaram à sua obra e à sua competência.
Foi no seu tempo, por o Sporting ter uma liderança forte e ser um clube temível com uma massa adepta apaixonada, que o Porto se aproximou do Benfica, havendo uma aliança entre Pinto da Costa e Fernando Martins. Foram tempos de orgulho, mas também de combate.
João Rocha levou o Sporting à China, antecipando em muitos anos o que muitos clubes perceberam décadas mais tarde: que aquele mercado era de forte expansão e terreno para negócios futuros e desenvolvimento da marca.
Já o escrevi uma vez, que lamento que a Loja Verde e o departamento de marketing do Sporting não proceda a uma reedição do livro de Alfredo Farinha, "João Rocha-uma vida". Para que todas as gerações vindouras tenham conhecimento da sua obra e da força do clube nos seus tempos.
Quem é grande nunca morre, fica na nossa memória e no nosso coração. Passaram muitos depois dele, mas serão apenas notas de rodapé na magna história do Sporting Clube de Portugal ao pé do seu legado e da sua liderança.
Foi com ele que cresci no Sporting, foi com ele que ficam as páginas mais gloriosas que retenho na memória. Onde quer que esteja, mas estará de certo entre os grandes, deixo-lhe a minha eterna gratidão.
sexta-feira, 8 de março de 2013
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