O secretário de Estado, Pedro Lomba, a propósito da morte do Manuel Forjaz e das reacções que lhe seguiram colocou no seu mural uma interessante reflexão, que transcrevo, e à qual dou a minha resposta/opinião.
«Havia uma coisa que eu gostava de tentar perceber. Tentar, porque não estou absolutamente certo. Perceber porque é que Manuel Forjaz encarnava um novo tipo de carisma desconhecido do passado, um carisma diferente das formas tradicionais de influência ou liderança. Perceber que a adesão das pessoas a esse carisma diz muito sobre aquilo que hoje somos. E perceber que Manuel Forjaz, representando o tal novo tipo de carisma, conseguia chegar a mais gente do que chega hoje um político», Pedro Lomba
Primeiro, o Manuel era um bom comunicador; segundo, estava envolvido e ajudou muitos jovens empreendedores e isso criou um lastro de simpatia; terceiro, e mais importante, divulgou a sua luta contra o cancro, não teve vergonha em se expor, servindo o seu caso de exemplo e de alento a quem passava por um combate que precisa de ser feroz contra algo para o qual os cientistas ainda não encontraram cura. Juntamos estes três factores e só eles contribuem para construir uma aura positiva e que chega facilmente às pessoas.
Por outro lado, também não era político e nunca teve nenhum escrutínio de liderança. Era mais um influenciador do que um líder, apesar de ter dezenas de milhares de seguidores. Essa ligação com as pessoas constrói-se com a persistência e confiança ao longo do tempo e com alguma proximidade.
Em contraste, «as tradicionais formas de liderança», os políticos, como diz Pedro Lomba, são analisados no sortilégio da acção concreta, são vigiados ao pormenor, têm de responder ao minuto por aquilo que dizem e fazem. Aparentemente, são mais decisivos nas nossas vidas, porém, o cansaço com a sua ausência de proximidade, a sensação de que muitas vezes desconhecem o país real, vai retirando carisma e uma aura de que um político precisa para chegar ao coração das pessoas. E o discurso que todos os dias se impõe, do «economês», que a maior parte das pessoas não compreende, cria ainda maiores barreiras e entropias.
E o mundo mudou, a internet trouxe a capacidade de cada um produzir conteúdos, de ser seguido e analisado pelo que diz e pelo que escreve. As lideranças mudaram, as comunidades de seguidores de pessoas que não aparecem nos media tradicionais, aumentaram. São estes os novos tempos e para novos tempos, novos profetas. Algo que muitos ainda não perceberam, sobretudo os políticos.
Mas ao contrário de muitos, considero a política essencial, uma actividade nobre que deve ser exercida pelos melhores ao serviço de todos. É mais difícil ser político hoje? É, sem dúvida. E os políticos que não se esqueçam que numa rede social perto de si, está um líder de opinião muito mais popular do que ele.
terça-feira, 8 de abril de 2014
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