sábado, 10 de março de 2012

Marcelo Rebelo de Sousa: um garoto cobarde e brincalhão

Marcelo é um tipo divertido, foi meu professor de Ciência Política, na Católica. Era daqueles professores que chegavam quase sempre atrasados, mas os alunos esperavam por ele, pois as aulas eram boas. Entrava 45 minutos depois, peculiar, de chapéu na cabeça, a assobiar ou cantarolar.

Marcelo tem a política no sangue, mas a dos jogos florentinos de poder. Se Obélix caiu, quando jovem, num caldeirão de poção mágica, no caldeirão de Marcelo só constavam edições do "Príncipe" de Maquiavel.

Sempre teve a ambição da política, por isso decidiu atirar-se ao Tejo, corajosamente, mas depois soube-se que tomou antes todas as vacinas possíveis e imaginárias pois ele é um crónico hipocondríaco. O resultado desse banho, foi um banho nas urnas de Jorge Sampaio, dando-lhe o primeiro travo amargo da derrota e nunca me esqueço do debate televisivo em que se fez acompanhar de uma enorme e ridícula montanha de dossiers.

Depois, Cristo, perdão, Marcelo, desceu à Terra em Santa Maria da Feira, dando asas a outra das suas ambições: a liderança do PSD. Mas como sabemos, deixou o seu retrato nas paredes da São Caetano, mas, pessoalmente, o João Valentão nunca chegou a ir a votos, saindo sem honra nem glória de uma das suas cadeiras de sonho. Porque isto da política é para homens de acção, não para especialistas em cada vez mais cansativas e rebuscadas análises em prédicas dominicais.

E ainda faltava um úlimo desígnio: Belém. Ele esteve sempre à beira do passo final, mas no último momento retrai-se. Desta vez já dizia a próximos que em 2016 é que era, mas leio que Marcelo, sai mais uma vez do jogo, assumindo a presidência vitalícia da Fundação Casa de Bragança. Marcelo com medo da assombração de uma derrota fica para a História como o político que podia ter sido tudo, mas não foi.

Marcelo criou o mito que dormia 4 horas por noite, mas esquece-se de dizer quantas horas faz de sesta; Marcelo criou o mito que nadava todos os dia no Guincho, mas tenho pena que já não haja o "Tal&Qual" pois, decerto, já teria enviado um repórter durante um mês, diariamente, para, se calhar, confirmar que o professor afinal nem as ondas enfrenta; Marcelo criou o mito que é do Braga para não ferir susceptibilidades, optando pelo politicamente correcto, mas sempre foi de outro clube.

Marcelo é um garoto brincalhão que se diverte a traçar cenários, a montar armadilhas e a fazer um enorme esforço para ser simpático. Marcelo é um mito com pés de barro, como os portugueses tanto gostam. Divertido, inteligente, mas inconsequente. Marcelo é o escorpião da fábula, mas nunca pica com medo de se picar a si próprio.

1 comentário:

  1. Fantástico texto, que era Lampião até aqui no Entroncamento já se sabia. Mas alguém é só do Braga? Este Marcelo é um charlatão.

    Paulo Sérgio Silva

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