O Sporting tem os melhores adeptos do mundo, acreditam, confiam e apoiam sempre. Infelizmente, este ano, apenas com dois jogos a depressão voltou. É muito mau sair de um estádio e ter a sensação de que o treinador não dá mais porque não sabe mais.
Eu gosto muito do Ricardo Sá Pinto, desejo-lhe as maiores felicidades, mas a equipa não rende. O ano passado a equipa estava em coma e precisava de um psicólogo. Sá Pinto foi excelente na relação que manteve com a equipa, com os adeptos e para fora do clube. A equipa saiu do divã e renasceu a esperança nos sócios, porém, essa esperança foi ténue com o falhanço dos 3 objectivos finais: assegurar a Liga dos Campeões, chegar à final da Liga Europa e a humilhante derrota na final da Taça, em que todos vimos um futebol, mau, inconsequente, sem ambição, que é o que marca o arranque desta temporada.
Este ano o Sporing tem bons jogadores. Provavelmente o melhor plantel desde José Peseiro. Mas há uma diferença abissal. Peseiro que tanto foi contestado por perder campeonato e UEFA, andou na luta com o melhor futebol dos últimos 20 anos, era um regalo para a vista. Este plantel, onde só falta mais um 9, porque o actual é débil e já não dá mais do que mostrou, dava garantias de se fazer uma boa equipa.
Com boa matéria prima um bom treinador faz maravilhas. Infelizmente, para lá das caricatas e disparatadas declarações de Sá Pinto - que considero um ultraje para os sócios e adeptos, pois tenta tomar-nos por parvos - a equipa não apresenta qualidade de jogo, não há ligação entre sectores, está mal montada, joga mal e isso é responsabilidade total do treinador.
Relembro que Sá Pinto várias vezes disse que estava muito satisfeito com o plantel que tinha à disposição, por isso que não afaste de si as responsabilidades por não saber conduzir um Ferrari. É que no tempo de Paulo Sérgio tínhamos um carro de bois, um plantel miserável, hoje temos um excelente plantel onde falta mais um 9 puro e duro e que devia ter o perfil de matreirice e de experiência como Beto Acosta. Nenhum clube de topo entra nas competições onde está para ganhar apenas com um ponta-de-lança inscrito e isso é responsabilidade do treinador também porque deixou que isso acontecesse.
Portanto, esta depressão em que o Sporting se vê mergulhado é da responsabilidade directa de Sá Pinto. E há ainda outra coisa muito importante: a relação do treinador com o balneário. Ontem, aquela volta final dos jogadores imposta pelo treinador vai deixar marcas internas. E nenhum treinador ganha sem um compromisso forte com os seus jogadores. O Sporting, para lá do estatuto do Rui Patrício, tem 3 líderes no balneário: Onyewu, Schaars e Rinaudo. Nenhum deles foi titular de caras no arranque da temporada, julgo que isso é um sinal de que haverá problemas.
Mas esta crise é só do Sá Pinto ou do Sporting? Julgo que vai mais longe. Ouvi declarações de Lucho Gonzalez onde dizia que no clube dele é impossível não ganhar dois jogos seguidos. No Sporting, a cultura da desresponsabilização instalou-se há muito. Onde o Sporting entra é para ganhar e PONTO FINAL. Mas assistimos a conversetas de «anos zero», «união» e mais lengalengas de quem não sente o Sporting. Temos um presidente que tem 60 anos e é o sócio 20 mil, e a martelo, eu tenho idade para ser filho dele e sou o 6095.
Há muito tempo que não existe liderança em Alvalade e isso passa para todos os níveis do clube. Sá Pinto ainda hoje não percebeu que foi usado pela direcção. Foi o seu nome e o seu carisma junto dos adeptos que seguraram uma direcção esfrangalhada e fraca, onde o tal saco de gatos anunciado nas eleições saltou a olhos vistos de todos.
A crise é da equipa e do treinador, sem margem para dúvdas. Mas o campo da percepção de vazio da liderança, de gente que não sabe o que é o Sporting, os sinais de que a desresponsabilização grassa em Alvalade são latentes. É este estado de coisas que emperra os nossos sonhos e esperanças de Esfoço, Dedicação, Devoção e GLÓRIA.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
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