Causou impacto a saída de Jon Stewart da apresentação do Daily Show. Dezasseis anos a apresentar a sátira política e social que nunca cansaram.
Recordo que ele não era um jornalista, mas um comediante que fazia reflectir com o seu humor genial, independente, sem balizar os assuntos entre esquerda e direita, entre Republicanos e Democratas, apenas usava a notícia para criar entretenimento.
Porém, essa sua independência tornou-o um líder de opinião respeitável e credível. Ganhou aquilo que muitos jornalistas lutam toda uma vida: uma reputação sólida e sem mentiras.
Por outro lado, Brian Williams era um respeitável jornalista, escolhido pela NBC para substituir uma das suas míticas "âncoras", Tom Brokaw.
«Em 2003, Williams deslocou-se ao Iraque com as tropas norte-americanas, tendo relatado, após o seu regresso, que o helicóptero onde viajava esteve debaixo de fogo. Num comunicado, a presidente da NBC, Deborah Turness, afirmou que esta descrição foi "errada e completamente inapropriada para alguém na posição de Brian"» (retirei esta passagem da notícia do DN).
Caiu assim na esparrela de transformar a sua vida em notícia, foi seduzido pelo lado do entretenimento, tentando gerar uma proximidade emocional com os espectadores. E mentiu. A sua reputação de solidez e a confiança de verdade que um jornalista tem de dar à notícia ficou fatalmente beliscada. E a credibilidade é como a virgindade, quando se perde nunca se recupera.
Jon e Brian são duas faces da notícia. Mas o comediante nunca mentiu, o jornalista tornou-se algo que nunca devia acontecer. A verdade vale muito mais do que o entretenimento, essa é a verdade indissociável da boa reputação.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário