Poder, pode, mas continuo a achar difícil. Não porque a alternativa esteja a encantar, mas porque o cansaço é mais forte. O PSD/CDS pode apontar a recuperação de dados macroeconómicos, mas as pessoas foram esquecidas neste caminho penoso de quatro anos.
Delfim Netto, ex-ministro de várias pastas na ditadura brasileira, tem para mim uma tirada que é a base de qualquer eleição: «o órgão mais sensível do corpo humano é o bolso». E não podemos nunca esquecer que o segmento de eleitores que mais participa numa eleição, são os mais velhos. E, esses, não esquecem a delapidação das suas poupanças e o assalto a pensões e reformas que aconteceram com este Governo.
Por isso digo que a provável vitória de António Costa não vem das suas propostas nem da sua capacidade de fazer sonhar, mas sim de um cansaço e desencanto de muita gente que não esquece o que custaram estes quatro anos.
Pode a maioria dizer que esta perspectiva é injusta, pois agarrou num barco completamente à beira de um abismo, mas o eleitor quando vota, naquele momento de solidão com a sua consciência, vota com base em múltiplos factores mas, sobretudo, com a racionalidade do seu bolso.
E isto, apesar de um dos maiores erros comunicacionais que vi nos últimos anos, com a declaração de António Costa de que Portugal está melhor do que há quatro anos atrás. O PS posiciona-se à espera que o poder lhe caia nas mãos e o seu líder até agora nada disse ou diz diversas coisas consoante a audiência.
O Governo está desgastado, o PS ainda tem a herança de Sócrates. São estes os dois pontos em confronto nas próximas legislativas. Mas ambos, maioria e PS, precisam de se refrescar. Colocar outras peças, e mais jovens, no combate. O PSD tem jovens com valor: o António Leitão Amaro, o Duarte Marques, a Constança Martins da Cunha, o Sérgio Azevedo, o Pedro Rodrigues, o Diogo Agostinho a quem tem de dar palco. O PS tem uma geração 35/45 já mais bem posicionada: João Tiago Silveira, Duarte Cordeiro, Pedro Nuno Santos, Graça Fonseca, entre outros, naturalmente, não quero ser exaustivo.
O afastamento das pessoas com a política e com os políticos, para lá da sensação de que nada muda e há um desgoverno implícito ou incapacidade de se ultrapassarem os problemas, passa por serem sempre os mesmos, as mesmas caras, o mesmo discurso, uma retórica cansativa e antiquada. As fórmulas actuais estão gastas, as soluções cheiram a mofo, é urgente que se pense um País melhor, com mais gente de mérito e fora dos partidos. Porque o risco é que nunca mais Portugal tenha esperança.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
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