Do excelente livro do jornalista Orlando Raimundo, publicado com a chancela D. Quixote, que recomendo leitura, e que tem por título o mesmo do post, retirei vários ensinamentos.
Em primeiro lugar, a curiosidade de perceber melhor o primeiro marqueteiro português e a grande manobra de marketing que conduziu no Diário de Notícias com as suas entrevistas a Salazar.
Depois, já a comandar a propaganda do regime, da qual nunca foi ministro - uma das maiores desilusões de toda a vida - encenou diversos momentos e criações que hoje fazem parte da tradição portuguesa: o galo de Barcelos, as marchas populares, Manoel de Oliveira e a Tóbis, onde, com António Lopes Ribeiro, construiu uma indústria do cinema que realizou os clássicos portugueses que todos conhecemos do pobretes mas alegretes.
Com ele, a ideia de que para vender Portugal, e o seu regime, no estrangeiro, tem de se apostar na vinda de jornalistas, de artistas de diversas artes e da implantação da marca Portugal nas exposições universais, algo que faz parte da cartilha actual da promoção de qualquer país.
Mas ao contrário da percepção existente, aliás semeada pelo próprio Ferro, o retrato que lhe pinta não é o melhor. Não é nenhum génio vanguardista, mas um serventuário de um regime em que sempre acreditou. Manipulou a sua carreira de jornalista para cair nos braços de Salazar, sendo que o seu herói verdadeiro era Mussolini. Mas vivia em Portugal e o homem que pouco sorria e não se divertia com a vida foi o que serviu na sua vida de poder e criação de poder.
Por isso, uma lição que retiro, é que para encenar, comandar e influenciar a vida dos outros, é preciso sermos génios na criação da nossa própria personagem. Ferro era um mestre na criação de si próprio.
terça-feira, 14 de abril de 2015
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