quinta-feira, 10 de junho de 2010

Yojimbo e Wallander

Que título estranho diriam alguns. Duas coisas que gosto. Um filme (personagem Sanjuro) e uma personagem de livros.

Yojimbo, um dos melhores filmes de Akira Kurosawa, com Toshiro Mifune, que ainda não há em Portugal em DVD. Comprei-o em Madrid e não o via há uns 15 anos (ainda tinha em vhs).

Um samurai que aparece numa aldeia para colocar a ordem entre duas famílias.

«Deves matar uns quantos ou os homens não te respeitarão», diz uma mãe ambiciosa para o filho. Que lhe responde que já matou uma pessoa. A mãe preversa espicaça: «mates um ou cem só te enforcarão uma vez».

O Yojimbo, de nome Sanjuro (personagem que reaparece pois é de outro filme do mestre japonês), resolve os problemas, depois da guerra surge a paz e, olimpicamente, abandona a aldeia sem nada dizer.

Outra saída de cena, a de Kurt Wallander. Personagem, inspector sueco, criado por Henning Mankell.

O mundo ficou fascinado com a saga Millenium de Stieg Larsson, mas espreitem os livros já publicados por cá, na Presença, deste autor que vive metade do seu tempo na Suécia e outra metade em Moçambique.

Wallander é um homem triste neste seu último livro (é mesmo o último desta personagem), «O Homem Inquieto» (ainda não está cá publicado, li-o em espanhol), num país que nada tem a ver com o pensamos dele. A ele regressam memórias e a sua maior paixão do passado, que também morre, e começa a dar sinais da doença que o vai abater, «esse universo de vazio a que chamamos Alzheimer».

Mankell como qualquer grande intérprete do policial, com o passar dos anos ganha uma força e refina o seu personagem. Com este livro optou por o fazer de sair de cena.

E tanto em Yojimbo e Wallander fica retratado algo que é muito importante nas grandes personagens: a capacidade de saber quando deve sair de cena. É um atributo de reis.

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