Mário Soares foi o primeiro político que cumprimentei. Tinha sete ou oito anos e foi o meu avô, socialista e soarista, que numa secção do PS o proporcionou. Com ele ia Salgado Zenha que em contraste com a bonomia de Soares não tinha muito jeito para o contacto com as pessoas.
Por influência do meu avô, sempre tive grande admiração por Mário Soares que é uma figura que deixa marca no século XX. Porém, com o passar do tempo, e temos o direito de evoluir, Soares, apesar da vitalidade e do seu dinamismo intelectual para a idade que tem, não foi preservando a sua imagem e reputação e foi perdendo em mim a admiração.
Neste sábado fez declarações de quem se julga inimputável e ainda reconheceu que nos últimos tempos tem sido um conspirador contra o Governo reunindo com diversas personalidades. Muitos se esquecem que foi Soares que disse que Passos Coelho «é um homem bem intencionado» e chegou mesmo a visitá-lo em campanha na sede do PSD. Estranhamente, ou não, começou a atacar o Governo desalmadamente quando lhe cortaram apoios à sua Fundação.
Pelo contrário, nunca tive em miúdo e adolescente grande simpatia por Ramalho Eanes, era um homem distante, reservado. O primeiro artigo de opinião que escrevi no jornal da universidade Católica foi sobre ele e sobre o que se falava na altura de um eventual seu regresso à política.
Eanes teve conhecimento do que escrevi, não sei como, e numa conferência na Faculdade de Direito falou comigo. Simpático, educado e dizendo que não iria regressar à política numa justificação que um estudante de 21 anos não precisava de receber dele. Mas, efectivamente, não voltou, confirmando-se o que me disse.
Com o passar do tempo cresceu a minha admiração por Ramalho Eanes. Que soube zelar pelo seu papel de ex-presidente, mantendo-se discreto e só intervindo com o seu rigor intelectual e quando o País precisa de o escutar.
Para os tempos actuais, e sem beliscar o papel de ambos na história política do século XX, Eanes é muito mais importante que Soares pois valoriza a imagem de quem interveio na esfera política e soube sair a tempo sem querer intervir a todo o momento. Num momento em que as pessoas estão fartas dos políticos, Soares contribui para essa desacreditação, Eanes é uma referência de bom senso.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
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