Políticos darem entrevistas na cozinha das suas casas é algo que gera proximidade com os cidadãos, que faz passar a imagem de pessoas normais. É uma concessão deles aos seus consultores de comunicação e de imagem, que vêem desta maneira um momento para se poder gerar empatia com as pessoas que podem votar neles.
É um risco calculado e ensaiado, mas nunca deixa de ser, como já escrevi, uma concessão, uma grosseira invasão da privacidade. Em Inglaterra criou-se este momento comunicacional e, por acaso, a um mês das eleições gerais correu mal a coisa aos líderes dos dois partidos tradicionais.
Ed Miliband, líder do "Labour", figura excêntrica, que podia ter sido um personagem criado por Tim Burton, abriu as portas da sua cozinha humilde, pequena, e tomou um chá com a BBC. Uma divisão austera, sem luxos, comum a muitos britânicos. O problema é que se veio a saber que era a segunda cozinha da casa, era uma de apoio, e tinha outra muito mais ampla e com outras condições. Durante uma semana, comentou-se esta manobra.
David Cameron, ocupante do 10 de Downing Street, líder dos "Tories", decidiu também dar uma entrevista informal na sua cozinha da casa de campo, em Costwolds. Ali cometeu o erro político de lançar já três nomes para seus possíveis sucessores, pondo um assunto na mesa que só desvia o foco da sua agenda.
Quando os políticos são os próprios a abrir as portas da sua intimidade e privacidade, depois não se queixem que os media se preocupam com o que não interessa. Gerar empatia e criar a vaga ideia de proximidade não deve ser construída na cozinha.
segunda-feira, 30 de março de 2015
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