Maquiavel e o Maquiavelismo, vários autores, Almedina, 208 páginas. Tem Diogo Pires Aurélio, Luis salgado de Matos, entre outros a escreverem sobre um homem de poder, comunicação política e o dito «maquiavelismo», a forma de se usarem "armas" em determinados momentos, agarrando-se na figura de Maquiavel, que era um burocrata de Florença mas com uma visão perfeita dos mecanismos de poder e da natureza humana.
Sapatos Italianos, Henning Mankell, Presença, 285 páginas. Mankell é um dos grandes autores do género policial. Um dos nomes de proa dos escandinavos, que já fizeram uma escola neste género. Criou o genial Kurt Wallander, mas este seu novo livro é uma surpreendente pérola. Nada a ver com crimes nem a sua investigação. Um romance que junta Fredrik e Harriet, a mulher que tinha deixado para trás há 40 anos. Uma história simples, bem escrita, sobre o amor e a autodescoberta.
Os Sítios Sem Resposta, Joel Neto, Porto Editora, 190 páginas. Lê-se quase de um fôlego esta bonita história de amor entre pai e filho. Estive na sua apresentação e tenho a dedicatória guardada escrita pelo Joel. Um dos livros mais bem comunicados, como lhe disse na altura, explorando bem a ligação do autor ao mundo do futebol. E o livro é sobre um homem que decide mudar de clube a meio da sua vida. Prosa ágil, agradável, um regresso de quem se espera muito.
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domingo, 3 de junho de 2012
domingo, 24 de julho de 2011
Sociedades nórdicas, sociedades doentes
A Noruega é um país desmilitarizado, rico em petróleo e que abdicou da integração europeia. As sociedades nórdicas ganharam reputação de utopias como sociedades de bem estar.
O passar dos tempos e o contacto com outras culturas vieram revelar outras tensões acumuladas. Há quem diga que foi o assassínio de Olof Palme, na Suécia, que fez desabrochar essas pulsões até então sob a pele.
Não sei que imagem faz hoje o mundo dos países nórdicos, mas ontem deparou com o pesadelo desencadeado por um anjo negro (por acaso é louro) que abalou aquela calma de morte que parece tocar aqueles mares.
Sei que o mundo vibra com os grandes autores de policiais nórdicos. Stig Larsson - e a saga Millenium - trouxeram outro olhar, mas quem é apreciador do género. como eu, conhece Lars Kepler (uma dupla, a mulher é de ascendência portuguesa), Ann Holt, Camilla Lackberg, Arnaldur Indridason, Asa Larsson, Mons Kallentoft ou, sobretudo, Henning Mankell e o seu inspector Kurt Wallander.
O El Pais recorda hoje Wallander, como o ícone dos policiais mais extremos e próximos do mal que a nova geração de autores nórdicos trouxe e hoje os torna expoentes máximos do género.
O que ontem se passou, podia estar numa história de qualquer um destes autores. «Escrevo na tradição literária mais antiga, a que utiliza o espelho do delito e do crime para reflectir a sociedade. De que falavam as tragédias gregas senão de crimes?», Henning Mankell dixit.
Wallander é apenas o cansado inspector sueco que «simboliza a luta contra as pulsões obscuras de uma sociedade só aparentemente perfeita». As sociedades nórdicas estão doentes.
O passar dos tempos e o contacto com outras culturas vieram revelar outras tensões acumuladas. Há quem diga que foi o assassínio de Olof Palme, na Suécia, que fez desabrochar essas pulsões até então sob a pele.
Não sei que imagem faz hoje o mundo dos países nórdicos, mas ontem deparou com o pesadelo desencadeado por um anjo negro (por acaso é louro) que abalou aquela calma de morte que parece tocar aqueles mares.
Sei que o mundo vibra com os grandes autores de policiais nórdicos. Stig Larsson - e a saga Millenium - trouxeram outro olhar, mas quem é apreciador do género. como eu, conhece Lars Kepler (uma dupla, a mulher é de ascendência portuguesa), Ann Holt, Camilla Lackberg, Arnaldur Indridason, Asa Larsson, Mons Kallentoft ou, sobretudo, Henning Mankell e o seu inspector Kurt Wallander.
O El Pais recorda hoje Wallander, como o ícone dos policiais mais extremos e próximos do mal que a nova geração de autores nórdicos trouxe e hoje os torna expoentes máximos do género.
O que ontem se passou, podia estar numa história de qualquer um destes autores. «Escrevo na tradição literária mais antiga, a que utiliza o espelho do delito e do crime para reflectir a sociedade. De que falavam as tragédias gregas senão de crimes?», Henning Mankell dixit.
Wallander é apenas o cansado inspector sueco que «simboliza a luta contra as pulsões obscuras de uma sociedade só aparentemente perfeita». As sociedades nórdicas estão doentes.
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quinta-feira, 10 de junho de 2010
Yojimbo e Wallander
Que título estranho diriam alguns. Duas coisas que gosto. Um filme (personagem Sanjuro) e uma personagem de livros.
Yojimbo, um dos melhores filmes de Akira Kurosawa, com Toshiro Mifune, que ainda não há em Portugal em DVD. Comprei-o em Madrid e não o via há uns 15 anos (ainda tinha em vhs).
Um samurai que aparece numa aldeia para colocar a ordem entre duas famílias.
«Deves matar uns quantos ou os homens não te respeitarão», diz uma mãe ambiciosa para o filho. Que lhe responde que já matou uma pessoa. A mãe preversa espicaça: «mates um ou cem só te enforcarão uma vez».
O Yojimbo, de nome Sanjuro (personagem que reaparece pois é de outro filme do mestre japonês), resolve os problemas, depois da guerra surge a paz e, olimpicamente, abandona a aldeia sem nada dizer.
Outra saída de cena, a de Kurt Wallander. Personagem, inspector sueco, criado por Henning Mankell.
O mundo ficou fascinado com a saga Millenium de Stieg Larsson, mas espreitem os livros já publicados por cá, na Presença, deste autor que vive metade do seu tempo na Suécia e outra metade em Moçambique.
Wallander é um homem triste neste seu último livro (é mesmo o último desta personagem), «O Homem Inquieto» (ainda não está cá publicado, li-o em espanhol), num país que nada tem a ver com o pensamos dele. A ele regressam memórias e a sua maior paixão do passado, que também morre, e começa a dar sinais da doença que o vai abater, «esse universo de vazio a que chamamos Alzheimer».
Mankell como qualquer grande intérprete do policial, com o passar dos anos ganha uma força e refina o seu personagem. Com este livro optou por o fazer de sair de cena.
E tanto em Yojimbo e Wallander fica retratado algo que é muito importante nas grandes personagens: a capacidade de saber quando deve sair de cena. É um atributo de reis.
Yojimbo, um dos melhores filmes de Akira Kurosawa, com Toshiro Mifune, que ainda não há em Portugal em DVD. Comprei-o em Madrid e não o via há uns 15 anos (ainda tinha em vhs).
Um samurai que aparece numa aldeia para colocar a ordem entre duas famílias.
«Deves matar uns quantos ou os homens não te respeitarão», diz uma mãe ambiciosa para o filho. Que lhe responde que já matou uma pessoa. A mãe preversa espicaça: «mates um ou cem só te enforcarão uma vez».
O Yojimbo, de nome Sanjuro (personagem que reaparece pois é de outro filme do mestre japonês), resolve os problemas, depois da guerra surge a paz e, olimpicamente, abandona a aldeia sem nada dizer.
Outra saída de cena, a de Kurt Wallander. Personagem, inspector sueco, criado por Henning Mankell.
O mundo ficou fascinado com a saga Millenium de Stieg Larsson, mas espreitem os livros já publicados por cá, na Presença, deste autor que vive metade do seu tempo na Suécia e outra metade em Moçambique.
Wallander é um homem triste neste seu último livro (é mesmo o último desta personagem), «O Homem Inquieto» (ainda não está cá publicado, li-o em espanhol), num país que nada tem a ver com o pensamos dele. A ele regressam memórias e a sua maior paixão do passado, que também morre, e começa a dar sinais da doença que o vai abater, «esse universo de vazio a que chamamos Alzheimer».
Mankell como qualquer grande intérprete do policial, com o passar dos anos ganha uma força e refina o seu personagem. Com este livro optou por o fazer de sair de cena.
E tanto em Yojimbo e Wallander fica retratado algo que é muito importante nas grandes personagens: a capacidade de saber quando deve sair de cena. É um atributo de reis.
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