Há muitos anos, durante a crise do vestido azul de Monica Lewinsky, numa coluna de opinião sobre política internacional que mantinha no Semanário, chamei Hillary de "Lady Macbeth", a mulher que encarnou a perfídia pelo poder escrita pelo autor que ao longo dos tempos melhor percebeu a natureza humana: William Shakespeare.
Hillary é uma mulher preparada, inteligente, mas gosta muito mais do poder do que o marido Bill, um grande presidente americano. Hillary tem características de liderança, tem o "killer-instinct" de um candidato, mas, apenas e só, as pessoas não gostam dela, melhor, não confiam nela. Hillary é a candidata que tem tudo para ganhar, mas é fria, não transpira emoção, não tem paixão nem apaixona.
Por isso, qualquer pessoa que esteja a acompanhar regularmente a campanha americana, e não tenha apenas despertado para o assunto no debate desta noite, tenha reparado que ela, sempre que entrava num palco, abria muito a cara para a plateia, sorria muito, dizia muito adeus para as pessoas, tentando criar uma ligação, uma empatia, que, naturalmente, não consegue transmitir porque os americanos não gostam dela e, em 2008, nem um tipo genial como o Mark Penn, seu estratega de campanha, e maior especialista em «micro trends» do mundo, conseguiu dar a volta a isso. E, em 2016, nada mudou.
Donald Trump apenas é a voz dos americanos que nunca puderam dizer nada na cara da classe política e, isso, nos dias de hoje tem mais valor do que se pensa, num mundo onde todos, inclusive idiotas, têm tribunas nas redes sociais onde podem dizer todos os disparates do mundo.
Trump tem mais apoio do que se pensa, há muita gente que diz que vota nele em surdina mas que não o assume em público porque parece mal e é politicamente incorrecto. E nestas eleições os europeus não votam e os americanos nada têm a ver com os cidadãos do nosso continente. E as sondagens assim o dizem, quando demonstram quase, neste momento, um empate técnico entre eles.
Trump não tem preparação, verdade. É um monte de ideias ao molhe, sem estarem sistematizadas. Mente, é politicamente incorrecto, mas os americanos percebem o que diz porque tem duas ou três ideias fortes que caem no goto duma sociedade quase analfabeta. Porque Nova Iorque, Boston, são ilhas na realidade de um território díspar.
Ambos são os candidatos menos populares da história das campanhas eleitorais americanas. O mundo assustado por uma série de disparates globais tem medo de Trump, mas vê apenas Hillary como um mal menor. Em qualquer dos casos o mundo será completamente diferente, em qualquer dos casos o mundo não será mais tranquilo.
terça-feira, 27 de setembro de 2016
domingo, 25 de setembro de 2016
Sugestões para a semana
Livros
"Uma Estranheza em Mim", Orhan Pamuk, Presença, 633 páginas. Ainda nenhum suplemento especializado nem jornal deram destaque ao lançamento do novo livro do Nobel turco, um dos meus escritores preferidos, que tem obra excepcional como "Istambul", "Neve", "My name is Red", "O Museu da Inocência" e que aqui volta ao seu território de eleição, ao cenário que melhor conhece, a sua Istambul, e as mudanças e evoluções que ali aconteceram entre 1969 e 2012.
"A Vida Como Ela É", Nelson Rodrigues, Tinta da China, 372 pág. Era para mim absolutamente incompreensível como nenhuma editora portuguesa dava à estampa a fascinante obra deste brasileiro que conhecia as ridicularias da natureza humana, os adultérios e os cornos sem complexos, construía uma galeria de personagens que podíamos identificar no nosso bairro (basta ver os nomes dos personagens para sorrir). Eu tenho a colecção toda dele (e até do que editou sob o pseudónimo Suzana flag), editada pela brasileira Companhia das Letras, e comprei este da Tinta da China porque é marcante e a edição é magnífica.
"O Silêncio do Mar", Yrsa Sigurdaddotir, Quetzal. Há umas semanas sugeri um policial, género que gosto, e salientei que este ano não tinha havido excepcionais livros lançados nesta área em Portugal e disse que indicaria um que me surpreendeu. Este de uma das escritoras islandesas que mais vende, tem o condão da acção ter como cenário um barco que sai de Lisboa com 6 pessoas e entra no porto de Reiquejavique sem ninguém. Um mistério envolvente e bem contado.
Cinema
Em casa, actual, aconselho "O Abraço da Serpente", de Ciro Guerra, nomeado para óscar de melhor filme estrangeiro e que há pouco andava em sala, dá TVC2 na quinta, 22h.
Recomendo na terça de madrugada, 1.50h e 7.15h, "Cativos do Mal" (The Bad and the beautiful) e "Duas Semanas noutra Cidade", o primeiro é genial, e recomendo-os porque fizeram parte de um ciclo integral de homenagem ao grande Vincente Minnelli que a Cinemateca organizou em Maio e Junho.
Em sala, Pedro Almodôvar é Pedro Almodôvar, passados dois filmes medíocres e que nada lhe acrescentam na sua brilhante filmografia, agora está "Julieta", a ver sem hesitações.
Séries
Ainda não começaram as grandes estreias nos nossos canais de séries, hoje arranca a segunda temporada da série de acção Blindspot no TVC Séries e recomendo, ainda esta semana escrevi sobre as 4 séries que a RTP lançou, a melhor delas, "Dentro", drama prisional que vale a pena ver.
Documentário
Já tinha recomendado no Netflix o sensacional "Chef`s Table" que mais do que uma série de culinária é sobre histórias de vida e cultura de diversos países. É um regalo para os olhos, vejam ambas as temporadas.
Restaurante
Cada vez mais valorizo restaurantes de comida portuguesa, onde me sinta bem tratado e que não me passe pela cabeça que esteja a ser vítima de um assalto à mão armada com a relação qualidade-preço que é praticada. O Entre Copos, na rua de Entrecampos é assim, ainda por cima como lá vou bastantes vezes, já conheço o senhor que grelha o peixe e já vou vendo o que vale mais a pena. Ao almoço tem dias que só marcando mesa.
"Uma Estranheza em Mim", Orhan Pamuk, Presença, 633 páginas. Ainda nenhum suplemento especializado nem jornal deram destaque ao lançamento do novo livro do Nobel turco, um dos meus escritores preferidos, que tem obra excepcional como "Istambul", "Neve", "My name is Red", "O Museu da Inocência" e que aqui volta ao seu território de eleição, ao cenário que melhor conhece, a sua Istambul, e as mudanças e evoluções que ali aconteceram entre 1969 e 2012.
"A Vida Como Ela É", Nelson Rodrigues, Tinta da China, 372 pág. Era para mim absolutamente incompreensível como nenhuma editora portuguesa dava à estampa a fascinante obra deste brasileiro que conhecia as ridicularias da natureza humana, os adultérios e os cornos sem complexos, construía uma galeria de personagens que podíamos identificar no nosso bairro (basta ver os nomes dos personagens para sorrir). Eu tenho a colecção toda dele (e até do que editou sob o pseudónimo Suzana flag), editada pela brasileira Companhia das Letras, e comprei este da Tinta da China porque é marcante e a edição é magnífica.
"O Silêncio do Mar", Yrsa Sigurdaddotir, Quetzal. Há umas semanas sugeri um policial, género que gosto, e salientei que este ano não tinha havido excepcionais livros lançados nesta área em Portugal e disse que indicaria um que me surpreendeu. Este de uma das escritoras islandesas que mais vende, tem o condão da acção ter como cenário um barco que sai de Lisboa com 6 pessoas e entra no porto de Reiquejavique sem ninguém. Um mistério envolvente e bem contado.
Cinema
Em casa, actual, aconselho "O Abraço da Serpente", de Ciro Guerra, nomeado para óscar de melhor filme estrangeiro e que há pouco andava em sala, dá TVC2 na quinta, 22h.
Recomendo na terça de madrugada, 1.50h e 7.15h, "Cativos do Mal" (The Bad and the beautiful) e "Duas Semanas noutra Cidade", o primeiro é genial, e recomendo-os porque fizeram parte de um ciclo integral de homenagem ao grande Vincente Minnelli que a Cinemateca organizou em Maio e Junho.
Em sala, Pedro Almodôvar é Pedro Almodôvar, passados dois filmes medíocres e que nada lhe acrescentam na sua brilhante filmografia, agora está "Julieta", a ver sem hesitações.
Séries
Ainda não começaram as grandes estreias nos nossos canais de séries, hoje arranca a segunda temporada da série de acção Blindspot no TVC Séries e recomendo, ainda esta semana escrevi sobre as 4 séries que a RTP lançou, a melhor delas, "Dentro", drama prisional que vale a pena ver.
Documentário
Já tinha recomendado no Netflix o sensacional "Chef`s Table" que mais do que uma série de culinária é sobre histórias de vida e cultura de diversos países. É um regalo para os olhos, vejam ambas as temporadas.
Restaurante
Cada vez mais valorizo restaurantes de comida portuguesa, onde me sinta bem tratado e que não me passe pela cabeça que esteja a ser vítima de um assalto à mão armada com a relação qualidade-preço que é praticada. O Entre Copos, na rua de Entrecampos é assim, ainda por cima como lá vou bastantes vezes, já conheço o senhor que grelha o peixe e já vou vendo o que vale mais a pena. Ao almoço tem dias que só marcando mesa.
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
As novas séries da RTP
Eu mantenho que Portugal, e sobretudo a RTP, deve na indústria do audiovisual ter uma aposta consistente na produção de séries, como alternativas de qualidade às telenovelas.
Como aqui escrevi, os hábitos de consumo em televisão são conservadores, e os programadores, por comodismo e por os resultados serem mais visíveis, mantêm as velhas fórmulas das novelas no prime-time. Mas, como vemos todos os dias, há cada vez mais público a fugir para o cabo e outras plataformas, por exemplo, o Netflix.
Há um consumidor mais esclarecido, também jovem e urbano, que já não tem pachorra nem perde tempo com novelas e reality-shows que inundam os nossos canais generalistas. Por isso, saudei a coragem da RTP em apostar em séries contra o monopólio das novelas. Sabendo bem, como escrevi na altura, que as audiências não iam ser relevantes e podiam ser más face aos hábitos instituídos. Assim sendo, e passadas três semanas, o meu balanço e depois umas palavras de optimismo na conclusão:
Na terça, "Mulheres Assim". É tão má, tão ridícula, que nem vale a pena comentar. E há uma coisa que não podem esquecer e que entendo ser uma das maiores pechas nesta fase embrionária da construção de uma indústria de séries portuguesas: a direcção de actores para série de televisão não pode ser a mesma coisa para novelas nem para teatro, onde continuam visíveis os mesmos tiques. Depois, estejam atentos um bocadinho ao pormenor, levem alguns actores ao dentista e invistam num branqueamento, isto é de um amadorismo sofrível.
Na quarta, "Os Boys". É conhecido que, por esse mundo fora, a aposta em séries que abordem o tema da política e do poder resultam bem. Não falo das de registo dramático que todos conhecem como "House of Cards" (e a primeira versão inglesa já está disponível no Netflix e sugiro), "West Wing", "Borgen", "Os Influentes" (as duas últimas transmitidas na RTP2) e a menos conhecida, mas sensacional, "Boss" (apenas com duas temporadas), também no humor e na sátira temos a premiadíssima "Veep" e a mais antiga "Spin City" por exemplo. Por cá apostou-se no humor. Uma das coisas que mais gosto é o seu genérico, depois o primeiro episódio não gostei muito e senti os actores muito presos e desconfortáveis, sobretudo a personagem principal do filipe Duarte que, para mim, juntamente com o Ivo Canelas, é o grande actor português. Tem melhorado, não sei se o público português compreende tudo o que ali está escrito, como exercício de humor não atinge todos os objectivos, mas mais uma vez é um primeiro passo.
Na quinta, "Dentro". Trama prisional que para mim é a melhor das quatro proposta da RTP. Tem um elenco homogéneo, tem falhas naturalmente, mas parece-me a série mais consistente e com mais pernas para andar. Depois, tem a melhor personagem e a actriz, Vera Kolodzig, vai excelente nesse papel, das quatro séries. Não é nenhuma "Orange is the New Black", até porque o registo, aqui, é dramático, mas até pode dar mais temporadas.
Na sexta, "Miúdo Graúdo". A ideia é engraçada, o tema é o mais universal, é uma série de família, mas peca por um erro crasso. O horário e o dia em que é emitido, Na sexta, o mind-set das pessoas é outro e o horário ideal seria ao sábado ou domingo de manhã.
Concluindo, houve um tempo em que uns tipos meio loucos decidiram ir morder os calcanhares da máquina de produção de novelas da Globo, que dominava a RTP no tempo do preto e branco, e decidiram produzir a "Vila faia". Um passo decisivo e marcante para o que hoje é a nossa poderosa máquina de produção de novelas. A RTP, com estas séries, dá o primeiro passo consistente na construção de séries portuguesas, com actores, técnicos e guionistas portugueses. Um dia diremos que esta aventura embrionária da RTP, se calhar com audiências baixas, com muitas fraquezas, terá sido decisiva para um futuro que se deseja auspicioso e de melhor qualidade.
Como aqui escrevi, os hábitos de consumo em televisão são conservadores, e os programadores, por comodismo e por os resultados serem mais visíveis, mantêm as velhas fórmulas das novelas no prime-time. Mas, como vemos todos os dias, há cada vez mais público a fugir para o cabo e outras plataformas, por exemplo, o Netflix.
Há um consumidor mais esclarecido, também jovem e urbano, que já não tem pachorra nem perde tempo com novelas e reality-shows que inundam os nossos canais generalistas. Por isso, saudei a coragem da RTP em apostar em séries contra o monopólio das novelas. Sabendo bem, como escrevi na altura, que as audiências não iam ser relevantes e podiam ser más face aos hábitos instituídos. Assim sendo, e passadas três semanas, o meu balanço e depois umas palavras de optimismo na conclusão:
Na terça, "Mulheres Assim". É tão má, tão ridícula, que nem vale a pena comentar. E há uma coisa que não podem esquecer e que entendo ser uma das maiores pechas nesta fase embrionária da construção de uma indústria de séries portuguesas: a direcção de actores para série de televisão não pode ser a mesma coisa para novelas nem para teatro, onde continuam visíveis os mesmos tiques. Depois, estejam atentos um bocadinho ao pormenor, levem alguns actores ao dentista e invistam num branqueamento, isto é de um amadorismo sofrível.
Na quarta, "Os Boys". É conhecido que, por esse mundo fora, a aposta em séries que abordem o tema da política e do poder resultam bem. Não falo das de registo dramático que todos conhecem como "House of Cards" (e a primeira versão inglesa já está disponível no Netflix e sugiro), "West Wing", "Borgen", "Os Influentes" (as duas últimas transmitidas na RTP2) e a menos conhecida, mas sensacional, "Boss" (apenas com duas temporadas), também no humor e na sátira temos a premiadíssima "Veep" e a mais antiga "Spin City" por exemplo. Por cá apostou-se no humor. Uma das coisas que mais gosto é o seu genérico, depois o primeiro episódio não gostei muito e senti os actores muito presos e desconfortáveis, sobretudo a personagem principal do filipe Duarte que, para mim, juntamente com o Ivo Canelas, é o grande actor português. Tem melhorado, não sei se o público português compreende tudo o que ali está escrito, como exercício de humor não atinge todos os objectivos, mas mais uma vez é um primeiro passo.
Na quinta, "Dentro". Trama prisional que para mim é a melhor das quatro proposta da RTP. Tem um elenco homogéneo, tem falhas naturalmente, mas parece-me a série mais consistente e com mais pernas para andar. Depois, tem a melhor personagem e a actriz, Vera Kolodzig, vai excelente nesse papel, das quatro séries. Não é nenhuma "Orange is the New Black", até porque o registo, aqui, é dramático, mas até pode dar mais temporadas.
Na sexta, "Miúdo Graúdo". A ideia é engraçada, o tema é o mais universal, é uma série de família, mas peca por um erro crasso. O horário e o dia em que é emitido, Na sexta, o mind-set das pessoas é outro e o horário ideal seria ao sábado ou domingo de manhã.
Concluindo, houve um tempo em que uns tipos meio loucos decidiram ir morder os calcanhares da máquina de produção de novelas da Globo, que dominava a RTP no tempo do preto e branco, e decidiram produzir a "Vila faia". Um passo decisivo e marcante para o que hoje é a nossa poderosa máquina de produção de novelas. A RTP, com estas séries, dá o primeiro passo consistente na construção de séries portuguesas, com actores, técnicos e guionistas portugueses. Um dia diremos que esta aventura embrionária da RTP, se calhar com audiências baixas, com muitas fraquezas, terá sido decisiva para um futuro que se deseja auspicioso e de melhor qualidade.
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quarta-feira, 21 de setembro de 2016
A anatomia de um "hater"
Por certo muitas pessoas já apanharam nas suas redes sociais, indivíduos que aparecem a dizer mal de tudo e de todos, sem vos conhecerem de lado nenhum aparecem nos vossos murais também a criticar, habitualmente gente que escreve mal, que ninguém conhece de lado nenhum, que ao espreitarmos os seus murais vemos que pouca gente interage com elas.
Estes indivíduos são "haters", no seu corpo corre-lhes um veneno pérfido, a sua alma é obscura, a sua maneira de estar na vida é doentia. Algumas características são simples de detectar, por exemplo:
Quem gosta de futebol, gosta de ver um bom jogo com jogadores de qualidade. O "hater" não vê futebol, vê apenas os erros dos árbitros e disso faz a sua expressão.
Quem gosta de um programa de troca de ideias, de política por exemplo, quer ouvir gente bem preparada que consiga explicar bem aquilo que diz. O "hater" nem ouve, nem percebe nada do que dizem, mas aguarda na sombra, com a precisão de um assassino principal, o erro (que acontece quase sempre), qualquer que seja, para disparar em seguida.
Quem gosta de comprar revistas socias, gosta das fotografias, de conhecer mais na intimidade algumas pessoas mediáticas. O "hater" tem os olhos do lobo mau, saliva como o mesmo, nem vê o que lá vem, mas morde na primeira oportunidade de dizer mal.
O "hater", ao fim e ao cabo, é um infeliz, gostava de ser o que nunca será, não tem alegria no trabalho nem na sua vida pessoal, alimenta-se do ódio a pessoas que nem conhece. O problema é que há cada vez mais "haters", são resultado, também, de uma sociedade cada vez mais triste e solitária.
Estes indivíduos são "haters", no seu corpo corre-lhes um veneno pérfido, a sua alma é obscura, a sua maneira de estar na vida é doentia. Algumas características são simples de detectar, por exemplo:
Quem gosta de futebol, gosta de ver um bom jogo com jogadores de qualidade. O "hater" não vê futebol, vê apenas os erros dos árbitros e disso faz a sua expressão.
Quem gosta de um programa de troca de ideias, de política por exemplo, quer ouvir gente bem preparada que consiga explicar bem aquilo que diz. O "hater" nem ouve, nem percebe nada do que dizem, mas aguarda na sombra, com a precisão de um assassino principal, o erro (que acontece quase sempre), qualquer que seja, para disparar em seguida.
Quem gosta de comprar revistas socias, gosta das fotografias, de conhecer mais na intimidade algumas pessoas mediáticas. O "hater" tem os olhos do lobo mau, saliva como o mesmo, nem vê o que lá vem, mas morde na primeira oportunidade de dizer mal.
O "hater", ao fim e ao cabo, é um infeliz, gostava de ser o que nunca será, não tem alegria no trabalho nem na sua vida pessoal, alimenta-se do ódio a pessoas que nem conhece. O problema é que há cada vez mais "haters", são resultado, também, de uma sociedade cada vez mais triste e solitária.
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
O PS, a Mortágua e o Sérgio Sousa Pinto
Assisti de alguma maneira atónito à tournée de Mariana Mortágua pela rentrée do PS em Coimbra. Aplaudida pela plateia, como um matador que percorre todas as praças à espera de semear simpatias para colher troféus no dia de amanhã, o partido não compreendeu que, apesar dos tempos de grande coligação que se vivem, o seu discurso nada tem a ver com a instituição fundadora da nossa democracia.
O PS é um grande partido de poder, na sua raíz tem, naturalmente, o diálogo com todos os espectros políticos, especialmente com os partidos à sua esquerda, mas a sua matriz, o seu âmago, é o socialismo democrático e a social-democracia. O carácter de grandes homens como Palme, Brandt, Mitterrand que o influenciaram nada têm a ver com o marxismo-leninismo nem com trostskismo.
Se alguém considera o discurso de Mariana Mortágua (pessoa com a qual simpatizo) moderno, está profundamente enganado. Se acham que esse discurso vale votos hoje, amanhã verão que as palmas que lhe bateram, serão punhais no coração. O PS deve dialogar sempre, mas não subjugar os seus princípios, os seus valores democráticos, a uma plêiade de carinhas larocas e aparentemente simpáticas que são o rosto do populismo da esquerda mais ortodoxa mas que é apaparicada pelos media e pelas televisões.
A propósito dos três parágrafos anteriores, quero dizer que conheço o Sérgio Sousa Pinto há muitos anos. Já disse coisas que eu não gostei e, por certo, ele já deve ter odiado coisas que escrevi. Mas tenho muita estima por ele, é um político sério e honesto (e de honestidade intelectual também) e tem substância, algo que nos dias de hoje, em que os políticos cheios de ar temem que a qualquer momento lhes apareça alguém com um alfinete, é de saudar. Além disso, temos uma coisa em comum: dizemos o que pensamos, por muito que isso custe a quem ouça.
Sobre esta questão do PS e Mariana Mortágua escreveu no seu mural e cito na íntegra:
«Lição ministrada do alto do legado histórico do trotskismo ou de uma qualquer seita comunista heterodoxa.
PS, penitencia-te, ainda vais a tempo, junta-te a nós, 1975 é passado, o capitalismo não sobreviverá ao nosso grandioso compromisso histórico.
Esta paródia senil, protagonizada por jovens burgueses cripto-comunistas e habilidosos pantomineiros da velha escola, sairá cara ao meu partido. Já só falta emergir um furioso qualquer, recentemente criado dirigente e ideólogo, ex...plicar que os últimos 40 anos foram governados pela direita - foi esse o problema.
Chegou a alvorada de Abril e a primavera dos povos, versão Madame Tussaut. Não há esganiçado que não bata com a moca da igualdade no chão, para levantar pó e celebrar a morte da direita. Parados no passado a atrasar o futuro e a teorizar a resplandecente justiça social inerente ao socialismo de miséria. Querem reabrir a gaveta onde Soares fechou diferentes caricaturas do Socialismo. Não escondem ao que vêm: superar o modelo. Ora, eu gosto do modelo. Foi construído pelo PS, com tremenda dificuldade, e pela direita democrática. Com o contributo do radicalismo esquerdista nunca se conseguiu construir uma cadeira de pau. Quanto mais o Socialismo».
PS, penitencia-te, ainda vais a tempo, junta-te a nós, 1975 é passado, o capitalismo não sobreviverá ao nosso grandioso compromisso histórico.
Esta paródia senil, protagonizada por jovens burgueses cripto-comunistas e habilidosos pantomineiros da velha escola, sairá cara ao meu partido. Já só falta emergir um furioso qualquer, recentemente criado dirigente e ideólogo, ex...plicar que os últimos 40 anos foram governados pela direita - foi esse o problema.
Chegou a alvorada de Abril e a primavera dos povos, versão Madame Tussaut. Não há esganiçado que não bata com a moca da igualdade no chão, para levantar pó e celebrar a morte da direita. Parados no passado a atrasar o futuro e a teorizar a resplandecente justiça social inerente ao socialismo de miséria. Querem reabrir a gaveta onde Soares fechou diferentes caricaturas do Socialismo. Não escondem ao que vêm: superar o modelo. Ora, eu gosto do modelo. Foi construído pelo PS, com tremenda dificuldade, e pela direita democrática. Com o contributo do radicalismo esquerdista nunca se conseguiu construir uma cadeira de pau. Quanto mais o Socialismo».
Concluo que ainda há algumas pessoas que não seguem, por muito bela que seja a música, os acordes de uma qualquer inebriante flauta mágica. E bem.
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Rui Calafate,
Sergio Sousa Pinto
domingo, 18 de setembro de 2016
Sugestões para a semana
Livros
«O Czar do Amor e do Tecno», Anthony Marra, Teorema, 382 páginas. Livro fabuloso, melhor livro do ano para New York Times, Washington Post, entre outros, a história de um artista, um pintor, que se torna um censor na União Soviético, eliminando de fotografias e pinturas os ditos, no tempo, «inimigos da revolução». A ler e já dei destaque no meu facebook.
«A Guerra Não Tem Rosto de Mulher», Svetlana Alexievich, Elsinore, 392 pág. É o segundo livro, depois das «Vozes de Chernobyl», que é publicado da vencedora do Nobel por esta editora. Este é o primeiro da autora. «Não escrevo sobre a guerra, mas sobre o ser humano na guerra. Não escrevo a história da guerra, mas a história dos sentimentos. Sou historiadora da alma». Depois, é o seu habitual, e genial, estilo de caleidoscópio de experiências que transporta com sensibilidade para o papel.
«Skype com Deus», Bruno Costa Carvalho, Glaciar, 67 pág. Livro que se lê com gosto e num ápice. Tenho grande estima pelo autor, que aqui exercita um diálogo criativo, imaginado com Deus. Alguém não teve já a tentação de agradecer, em tempo de alegria, ou de questionar quando algo corre mal a divindade ou divindades em que acredita? Por Skype vemos que Deus está mais perto de nós e tem quase os mesmos gostos que nós.
Cinema
Em casa, na RTP2, na quarta, 23.20h, um dos mais belos filmes do Peter Greenaway, «Os Livros de Próspero», inspirado na "Tempestade" de Shakespeare.
Sexta, no TVC1, 21.30h, um dos melhores saídos de Hollywood no ano passado: «Sicário».
Em sala, no Nimas, regressa em versão digital restaurada e remasterizada, na quinta, um dos clássicos do cinema moderno: "Taxi Driver", de Martin Scorsese. Tenho a certeza de que quem já o viu umas dez vezes voltará ao escurinho do cinema.
Séries
Na RTP2 estamos já na segunda semana da segunda temporada de «Príncipe», série de produção espanhola, passada em Ceuta, sobre terrorismo e que não sendo nenhuma obra-prima é uma agradável produção europeia e uma boa alternativa.
Na quinta regressa uma espécie de Dallas nó hip-hop e R&B em Empire, na fox Life.
Documentários
Vou chamar-lhe documentário, sabendo que é uma série, mas é uma produção do canal História que se estreia amanhã às 22h. "Barbarians Risings" sobre as diversas civilizações e tribos que atacaram e sucederam ao Império Romano.
No TVC2, na quarta, 19.15h, para aquelas pessoas que gostam de passar o fim-de-semana no IKEA, que tal conhecerem Ingvar Kamprad «O homem que mobilou o mundo», o fundador da conhecida marca sueca.
Bar/Restaurante
Aproveitando o bom tempo que ainda vai continuar, aproveitem o pôr~do-sol e dêem um pulo a uma das ruas mais «cool» de Lisboa, a rua de São Paulo, e logo ali no 218, ao lado do elevador da Bica, vão ter o prazer de conviver com um dos homens mais míticos dos tempos em que o Bairro Alto era bom, o meu amigo Hernâni Miguel, no seu bar Tabernáculo, onde podem comer umas deliciosas tapas e também todos os dias um prato esmerado com qualidade. Tudo acompanhado com um bom vinho da Bacalhoa.
«O Czar do Amor e do Tecno», Anthony Marra, Teorema, 382 páginas. Livro fabuloso, melhor livro do ano para New York Times, Washington Post, entre outros, a história de um artista, um pintor, que se torna um censor na União Soviético, eliminando de fotografias e pinturas os ditos, no tempo, «inimigos da revolução». A ler e já dei destaque no meu facebook.
«A Guerra Não Tem Rosto de Mulher», Svetlana Alexievich, Elsinore, 392 pág. É o segundo livro, depois das «Vozes de Chernobyl», que é publicado da vencedora do Nobel por esta editora. Este é o primeiro da autora. «Não escrevo sobre a guerra, mas sobre o ser humano na guerra. Não escrevo a história da guerra, mas a história dos sentimentos. Sou historiadora da alma». Depois, é o seu habitual, e genial, estilo de caleidoscópio de experiências que transporta com sensibilidade para o papel.
«Skype com Deus», Bruno Costa Carvalho, Glaciar, 67 pág. Livro que se lê com gosto e num ápice. Tenho grande estima pelo autor, que aqui exercita um diálogo criativo, imaginado com Deus. Alguém não teve já a tentação de agradecer, em tempo de alegria, ou de questionar quando algo corre mal a divindade ou divindades em que acredita? Por Skype vemos que Deus está mais perto de nós e tem quase os mesmos gostos que nós.
Cinema
Em casa, na RTP2, na quarta, 23.20h, um dos mais belos filmes do Peter Greenaway, «Os Livros de Próspero», inspirado na "Tempestade" de Shakespeare.
Sexta, no TVC1, 21.30h, um dos melhores saídos de Hollywood no ano passado: «Sicário».
Em sala, no Nimas, regressa em versão digital restaurada e remasterizada, na quinta, um dos clássicos do cinema moderno: "Taxi Driver", de Martin Scorsese. Tenho a certeza de que quem já o viu umas dez vezes voltará ao escurinho do cinema.
Séries
Na RTP2 estamos já na segunda semana da segunda temporada de «Príncipe», série de produção espanhola, passada em Ceuta, sobre terrorismo e que não sendo nenhuma obra-prima é uma agradável produção europeia e uma boa alternativa.
Na quinta regressa uma espécie de Dallas nó hip-hop e R&B em Empire, na fox Life.
Documentários
Vou chamar-lhe documentário, sabendo que é uma série, mas é uma produção do canal História que se estreia amanhã às 22h. "Barbarians Risings" sobre as diversas civilizações e tribos que atacaram e sucederam ao Império Romano.
No TVC2, na quarta, 19.15h, para aquelas pessoas que gostam de passar o fim-de-semana no IKEA, que tal conhecerem Ingvar Kamprad «O homem que mobilou o mundo», o fundador da conhecida marca sueca.
Bar/Restaurante
Aproveitando o bom tempo que ainda vai continuar, aproveitem o pôr~do-sol e dêem um pulo a uma das ruas mais «cool» de Lisboa, a rua de São Paulo, e logo ali no 218, ao lado do elevador da Bica, vão ter o prazer de conviver com um dos homens mais míticos dos tempos em que o Bairro Alto era bom, o meu amigo Hernâni Miguel, no seu bar Tabernáculo, onde podem comer umas deliciosas tapas e também todos os dias um prato esmerado com qualidade. Tudo acompanhado com um bom vinho da Bacalhoa.
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
A Justiça e Sócrates
Primeiro ponto, não sou jurista nem juíz, em termos de técnicas relacionadas com o Direito haverá gente com muita competência para se pronunciar sobre prazos, acusações e outras variáveis no caso de José Sócrates.
Segundo ponto, não pertenço a nenhum partido (nunca pertenci) e, por isso, não sou nenhum guerrilheiro das redes sociais, arena onde, diariamente, vejo gente, verdadeira e não existente, a digladiar-se em mortíferas batalhas campais, onde a arma de arremesso é a verve e a de defesa é a falta de memória. Assim sendo, o meu comentário é independente, sem ódios cegos e sem irracionalidade.
Eu gostava que em Portugal a Justiça fosse eficaz, que não temesse poderosos nem o dinheiro dos poderosos, que colocasse a ver o sol entre as grades quem inequivocamente rouba, quem prejudica um Pais para se governar com negociatas. A Justiça deve ser cega, independente, sem preconceitos, mas deve ser certeira e não demorada.
Ao prenderem preventivamente José Sócrates durante 10 meses, quem o fez, sabiam que condicionavam percepções - e muitas vezes a percepção é mais importante que a realidade - que haveria uma condenação geral da população mesmo, como acontece, que não houvesse uma clara condenação construída pela máquina judicial.
O certo é que já passaram dois anos e José Sócrates ainda não sabe do que é acusado. Dois anos é muito tempo, como diria uma canção, muitas notícias foram soltas, muitos cenários foram construídos. Eu gostava que, em todos os casos, a Justiça fosse célere, porque nesta altura do campeonato a maior parte dos portugueses já tem suposições, já julgou o ex-Primeiro-Ministro na sua consciência, mas o que é certo é que até agora são só percepções e cenários, enquanto a reputação de um indivíduo, que desempenhou um dos mais altos cargos do país, está nas ruas da amargura.
Agora a PGR dá mais 6 meses para o Ministério Público investigar José Sócrates. É demasiado tempo e a Justiça arrisca-se, ela também, a ficar com a sua margem de erro e reputação de rastos.
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
Assunção Cristas em Lisboa
Eu tenho simpatia pela Assunção Cristas, já o disse e mantenho. E digo-o com a liberdade de não pertencer a nenhum partido e tentar ver a política de maneira racional, sem guerrilhas partidárias.
Assunção está a criar a sua aura, o seu caminho. Tal como o seu antecessor, sabe que uma candidatura a Lisboa, com meses de campanha, com intensa exposição mediática, são a melhor maneira de conquistar notoriedade e solidificar a sua liderança.
Assunção está a criar a sua aura, o seu caminho. Tal como o seu antecessor, sabe que uma candidatura a Lisboa, com meses de campanha, com intensa exposição mediática, são a melhor maneira de conquistar notoriedade e solidificar a sua liderança.
Em 2001, Lisboa juntou João Soares, Pedro Santana Lopes e Paulo Portas. Três pesos-pesados, provavelmente na melhor campanha política de sempre. O CDS obteve 7,5 por cento dos votos. Sendo assim, esta é a barreira mínima da nova líder do partido, qualquer resultado abaixo será um fracasso.
Assunção tem uma capacidade, com o actual PSD, de roubar eleitorado e dar bicadas ao seu discurso. E tem um capital de simpatia que não é despiciendo na actualidade. Muita gente que não milita no seu partido, respeita-a, e o CDS tem hoje caminho livre para se afirmar, crescer e robustecer a sua base de apoio.
Por isso, sem uma coligação previamente delineada e assinada com o PSD, o seu movimento era o mais natural e o que mais empolga o seu partido, não dando margem para que outros nomes do CDS se neguem ao combate nestas autárquicas.
Mas há algo que não gostei e terá de ser rapidamente limado, apurado e construído. Se já elogiei o movimento de xadrez da sua candidatura, não me esqueço que eu sou de Lisboa, e gostava que quem se candidatasse à minha cidade não dissesse apenas «sou candidato» e apresentasse já algumas ideias que representassem a ruptura com a governação da cidade que está sem qualquer estratégia e a navegar à vista. E aliás, tem boa gente aqui em Lisboa que a pode ajudar, com trabalho evidente e de qualidade na oposição, uma vez que só o CDS - o PSD não existe, Seara desapareceu - tem combatido o presidente não eleito, Medina.
Não basta dizer «tenho o vento de Lisboa colado à minha pele e tenho a água do Tejo no fundo da minha alma», quem lhe construiu este soundbyte é amador, diga-se. Lisboa precisa de uma ideia de cidade, de uma estratégia global e não de apontamentos e obras avulsas. Cristas está no terreno, seja bem vinda, é uma mulher simpática, passa bem o que quer dizer, cria empatia com as pessoas, mas ainda tem de dizer ao que vem.
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
A grande praga do Verão: os «especialistas»
No mundo muita gente temeu, por causa dos Jogos Olímpicos, a praga do Zika. Em Portugal o nosso território foi, e ainda é, martirizado pelos fogos florestais, mas, pior que tudo, como se do Êxodo brotasse nova praga de gafanhotos foi o pobre espectáculo que os canais de televisão deram ao ungir umas dezenas largas de "especialistas".
Especialistas entre aspas, porque o nome real seria embusteiros, com a conivência natural de quem os convidou e os intitulou assim. Vi cenas deprimentes, indivíduos e cavalheiras que nem sabiam do que estavam a falar, gente à qual nunca se conheceu um pensamento, que nunca publicou uma ideia, gente sem currículo, que não tem audiências e nem traz audiências. mas que todas as televisões ditas de informação ungiram como "especialistas". E isto aconteceu na SIC-N, na TVI24 e, especialmente, na RTP3 que é um desastre completo neste aspecto. Vamos a exemplos:
- na SIC-N é constante a presença de um politólogo, que nem os grandes politólogos portugueses conhecem e sabem quem é, não se conhece uma ideia, um pensamento de lado nenhum, mas o indivíduo surge todo lampeiro, comenta política nacional e internacional, até fala de comunicação (e aqui esclareço os leitores que o indivíduo nada sabe e nunca trabalhou em comunicação, que é a minha área e sei do que falo). Audiências zero, impacto zero, relevância nenhuma, já informei dois amigos decisores da SIC, mas o senhor continua a lá ir.
- durante os fogos que lavravam, das imagens mais terríveis e tristes que as televisões nos apresentam, foi ininterrupto a presença em todos os estúdios de dezenas de "especialistas" em fogos, florestas e meios de combate aos incêndios, horas e horas de comentários com inúmeras receitas, mas, ao mesmo tempo que debitavam sem parar, na vaidade de se ouvirem, não percebiam que as suas vãs palavras nada valiam e o espelho das suas receitas estava ser feito poeira como o nosso território e os bens das pessoas.
- Na RTP 3 vi um "comentador RTP" a comentar a Convenção Democrata sem a comentar, citando apenas Donald Trump num chorrilho de lugares comuns e sem saber nada de política americana. Duas notas minhas sobre isto: 1- para quem não sabe, eu fui editor internacional durante dois anos no jornal Semanário, onde tinha coluna semanal de opinião sobre temas da política internacional, fui à sede da NATO, em Bruxelas, escolhido então pela embaixada americana em Lisboa, para falar numa conferência sobre o programa PpP, que nem estes "especialistas" sabem o que é. Era Parceria para a Paz e o possível alargamento da Aliança Atlântica à Rússia. Já agora, sabem como se chamava a minha coluna de opinião no Semanário, nome que eu escolhi? "Olhar o Mundo", passados tantos anos, vejo que é o nome do programa de política internacional da RTP3. E sendo consultor de comunicação hoje, mantenho a leitura, actualidade e paixão pelo internacional. 2- por causa dessas leituras, cabe-me dizer que ao ouvir esse comentário sobre a Convenção Democrata e o Trump, enviei um sms para um responsável da RTP com o comentário: «o comentador não percebe nada do que diz, mas pelo menos leu o El Pais de ontem, pois está a dizer ipsis verbis o que lá vinha da relação do Trump com Putin, pelo menos isso».
- Na RTP3 vi outro "especialista", que estava à frente do Bernardo Pires de Lima (o único bom especialista, sem aspas, de política internacional da RTP, os outros numa televisão criteriosa seriam todos vetados) a mencionar, durante o impeachment no Brasil, «um senador Buarque que falou, mas que nada tem a ver com o Chico Buarque», como se estivesse a fazer humor para tapar a sua ignorância. o Buarque, que o "especialista" mencionava e não sabia quem era, era o Cristovam (sim, com M no fim) Buarque, um dos mais respeitados políticos brasileiros, governador de Brasília, ministro da Educação, criador do Bolsa Escola, mas o "especialista" em assuntos internacionais, "comentador RTP" nem ao trabalho se deu de preparar a sua intervenção, expondo ainda mais a sua ignorância.
- Na RTP3 para terminar por agora, mas tenho muitos mais casos assinalados, o ponto alto decorreu no 360 graus da Ana Lourenço. Nesse dia contei ao minuto, no meu mural e muita gente viu e outros foram rever nas suas boxes, e recebi inúmeras mensagens sobre o espanto, a vergonha, de como a RTP3, sem saber nos dias de hoje quem conta, preconceituosamente perdida nos seus amiguinhos e nos lóbis do costume, para o caso dos jovens iraquianos e da imunidade diplomática, ter convidado um indivíduo, "especialista" em assuntos internacionais, "comentador RTP" que olhou duas vezes para a cábula para dizer a data da Convenção de Viena, que nada sabia de imunidade e teve de olhar três vezes e engasgou-se duas, depois menciona mais duas vezes «comunicação política», janela fantástica para os ignorantes taparem o que não sabem dizer (e este indivíduo nunca trabalhou em comunicação política, garanto-vos eu) e ainda dispara um sonoro «zeitgeist», coisa que a maioria dos poucos espectadores da RTP3 não sabem o que é, e o indivíduo também não sabe explicar, mas cai bem dizer umas coisas «estrangeiras». Depois, disto, um qualquer decisor na plena posse das suas faculdades agarrava num telefone e dava ordens ao seu produtor para este "especialista" nunca mais aparecer. Sabem qual é o problema? Se calhar, nem os decisores estavam a ver este pobre espectáculo, e o mais grave é que o "especialista" estava 20 minutos depois a comentar outro tema no Jornal da 2.
Uma vergonha, a passagem de um atestado de imbecilidade a incautos em todos os canais, não contem comigo para eu calar esta pornochachada. Aqui me terão, não protejo medíocres, mas os medíocres protegem-se sempre uns aos outros. Portugal, infelizmente, é assim.
Especialistas entre aspas, porque o nome real seria embusteiros, com a conivência natural de quem os convidou e os intitulou assim. Vi cenas deprimentes, indivíduos e cavalheiras que nem sabiam do que estavam a falar, gente à qual nunca se conheceu um pensamento, que nunca publicou uma ideia, gente sem currículo, que não tem audiências e nem traz audiências. mas que todas as televisões ditas de informação ungiram como "especialistas". E isto aconteceu na SIC-N, na TVI24 e, especialmente, na RTP3 que é um desastre completo neste aspecto. Vamos a exemplos:
- na SIC-N é constante a presença de um politólogo, que nem os grandes politólogos portugueses conhecem e sabem quem é, não se conhece uma ideia, um pensamento de lado nenhum, mas o indivíduo surge todo lampeiro, comenta política nacional e internacional, até fala de comunicação (e aqui esclareço os leitores que o indivíduo nada sabe e nunca trabalhou em comunicação, que é a minha área e sei do que falo). Audiências zero, impacto zero, relevância nenhuma, já informei dois amigos decisores da SIC, mas o senhor continua a lá ir.
- durante os fogos que lavravam, das imagens mais terríveis e tristes que as televisões nos apresentam, foi ininterrupto a presença em todos os estúdios de dezenas de "especialistas" em fogos, florestas e meios de combate aos incêndios, horas e horas de comentários com inúmeras receitas, mas, ao mesmo tempo que debitavam sem parar, na vaidade de se ouvirem, não percebiam que as suas vãs palavras nada valiam e o espelho das suas receitas estava ser feito poeira como o nosso território e os bens das pessoas.
- Na RTP 3 vi um "comentador RTP" a comentar a Convenção Democrata sem a comentar, citando apenas Donald Trump num chorrilho de lugares comuns e sem saber nada de política americana. Duas notas minhas sobre isto: 1- para quem não sabe, eu fui editor internacional durante dois anos no jornal Semanário, onde tinha coluna semanal de opinião sobre temas da política internacional, fui à sede da NATO, em Bruxelas, escolhido então pela embaixada americana em Lisboa, para falar numa conferência sobre o programa PpP, que nem estes "especialistas" sabem o que é. Era Parceria para a Paz e o possível alargamento da Aliança Atlântica à Rússia. Já agora, sabem como se chamava a minha coluna de opinião no Semanário, nome que eu escolhi? "Olhar o Mundo", passados tantos anos, vejo que é o nome do programa de política internacional da RTP3. E sendo consultor de comunicação hoje, mantenho a leitura, actualidade e paixão pelo internacional. 2- por causa dessas leituras, cabe-me dizer que ao ouvir esse comentário sobre a Convenção Democrata e o Trump, enviei um sms para um responsável da RTP com o comentário: «o comentador não percebe nada do que diz, mas pelo menos leu o El Pais de ontem, pois está a dizer ipsis verbis o que lá vinha da relação do Trump com Putin, pelo menos isso».
- Na RTP3 vi outro "especialista", que estava à frente do Bernardo Pires de Lima (o único bom especialista, sem aspas, de política internacional da RTP, os outros numa televisão criteriosa seriam todos vetados) a mencionar, durante o impeachment no Brasil, «um senador Buarque que falou, mas que nada tem a ver com o Chico Buarque», como se estivesse a fazer humor para tapar a sua ignorância. o Buarque, que o "especialista" mencionava e não sabia quem era, era o Cristovam (sim, com M no fim) Buarque, um dos mais respeitados políticos brasileiros, governador de Brasília, ministro da Educação, criador do Bolsa Escola, mas o "especialista" em assuntos internacionais, "comentador RTP" nem ao trabalho se deu de preparar a sua intervenção, expondo ainda mais a sua ignorância.
- Na RTP3 para terminar por agora, mas tenho muitos mais casos assinalados, o ponto alto decorreu no 360 graus da Ana Lourenço. Nesse dia contei ao minuto, no meu mural e muita gente viu e outros foram rever nas suas boxes, e recebi inúmeras mensagens sobre o espanto, a vergonha, de como a RTP3, sem saber nos dias de hoje quem conta, preconceituosamente perdida nos seus amiguinhos e nos lóbis do costume, para o caso dos jovens iraquianos e da imunidade diplomática, ter convidado um indivíduo, "especialista" em assuntos internacionais, "comentador RTP" que olhou duas vezes para a cábula para dizer a data da Convenção de Viena, que nada sabia de imunidade e teve de olhar três vezes e engasgou-se duas, depois menciona mais duas vezes «comunicação política», janela fantástica para os ignorantes taparem o que não sabem dizer (e este indivíduo nunca trabalhou em comunicação política, garanto-vos eu) e ainda dispara um sonoro «zeitgeist», coisa que a maioria dos poucos espectadores da RTP3 não sabem o que é, e o indivíduo também não sabe explicar, mas cai bem dizer umas coisas «estrangeiras». Depois, disto, um qualquer decisor na plena posse das suas faculdades agarrava num telefone e dava ordens ao seu produtor para este "especialista" nunca mais aparecer. Sabem qual é o problema? Se calhar, nem os decisores estavam a ver este pobre espectáculo, e o mais grave é que o "especialista" estava 20 minutos depois a comentar outro tema no Jornal da 2.
Uma vergonha, a passagem de um atestado de imbecilidade a incautos em todos os canais, não contem comigo para eu calar esta pornochachada. Aqui me terão, não protejo medíocres, mas os medíocres protegem-se sempre uns aos outros. Portugal, infelizmente, é assim.
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quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Ao cuidado do Turismo de Lisboa
Como é sabido, sou um lisboeta agradecido pelo trabalho que o Turismo de Lisboa tem desenvolvido. O que seria da economia da nossa cidade, do nosso País, se não houvesse um incremento dos que nos visitam e que, na maior parte dos casos, voltará sempre outro tempo na sua vida?
Por isso, deixo a seguinte sugestão construtiva. A Islândia tem um grande escritor de policiais, Arnaldur Indridason, e uma grande escritora de thrillers, prefiro esta caracterização do que policiais para esta autora, Yrsa Sigurdaddotir. A que propósito os menciono?
É que da segunda, que vende milhões de livros em todo o mundo e dá entrevistas para diversos jornais globais, a Quetzal deu à estampa "O Silêncio do Mar". A particularidade é que é uma interessante história de um navio que sai de Lisboa e chega a Reiquejavique (capital daquela fascinante ilha) sem ninguém a bordo. Seguindo-se toda a construção e desenlace deste mistério.
Parte da acção, até ao embarque, é passada em Lisboa mas a mim parece-me que a escritora nunca esteve cá, pois não é muito rica nem realista na descrição que faz da nossa cidade. Daí a minha sugestão: trazer cá a escritora, ela que explique porque a acção parte de Lisboa (se calhar, fruto do bom trabalho do Turismo de Lisboa que a levou a uma cidade que está na moda) e pelo menos temos a certeza que, quando em conferências e entrevistas, Yrsa Sigurdaddotir poderá mostrar uma simpatia ainda maior por Lisboa. E ela vende milhões.
Por isso, deixo a seguinte sugestão construtiva. A Islândia tem um grande escritor de policiais, Arnaldur Indridason, e uma grande escritora de thrillers, prefiro esta caracterização do que policiais para esta autora, Yrsa Sigurdaddotir. A que propósito os menciono?
É que da segunda, que vende milhões de livros em todo o mundo e dá entrevistas para diversos jornais globais, a Quetzal deu à estampa "O Silêncio do Mar". A particularidade é que é uma interessante história de um navio que sai de Lisboa e chega a Reiquejavique (capital daquela fascinante ilha) sem ninguém a bordo. Seguindo-se toda a construção e desenlace deste mistério.
Parte da acção, até ao embarque, é passada em Lisboa mas a mim parece-me que a escritora nunca esteve cá, pois não é muito rica nem realista na descrição que faz da nossa cidade. Daí a minha sugestão: trazer cá a escritora, ela que explique porque a acção parte de Lisboa (se calhar, fruto do bom trabalho do Turismo de Lisboa que a levou a uma cidade que está na moda) e pelo menos temos a certeza que, quando em conferências e entrevistas, Yrsa Sigurdaddotir poderá mostrar uma simpatia ainda maior por Lisboa. E ela vende milhões.
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terça-feira, 6 de setembro de 2016
O Serviço Público da RTP
Eu gosto da RTP, acredito na sua responsabilidade de serviço público de televisão e desejo que o canal seja um farol ao nível da inovação, ao nível da ruptura com o politicamente correcto, que não se conforme com o "statu quo" de fazer fácil e não seja preguiçoso e se deixe levar pelo hábito e pelos preconceitos adquiridos.
Dito isto, e não particularizando todos os canais, arranca hoje uma nova fase da programação em que há uma aposta clara na produção nacional, nomeadamente, a consolidação de uma produção portuguesa de séries de ficção na RTP1. Elogiei aquando do lançamento de "Terapia" essa aposta, porque é rumar contra a maré e contra quase o direito consuetudinário de os portugueses, em canais generalistas, serem obrigados a aturar novelas atrás de novelas do "prime-time" até ao "late-night".
Claro que eu, como qualquer pessoa minimamente informada, sei que é muito difícil a RTP obter com esta aposta logo uma audiência considerável. Os consumos televisivos do grande público são conservadores e não é apenas porque surgem estas quatro séries portuguesas que eles carregam no comando e viram para o canal 1. São muitos anos, desde a influência da Globo, em que os portugueses querem ver telenovelas, estão no seu direito e as audiências assim o dizem.
Mas a RTP deve estar ao lado dos produtores nacionais, deve apoiar tanto séries como o cinema, não deve ter medo da ruptura e deve ter guiões e histórias que possam ser exportadas como outros países europeus conseguiram, por isso irei espreitar todas estas novas séries para aferir da sua qualidade e interesse. Porque há públicos que, a cada dia que passa, fogem para o Cabo e para a Netflix e não se pode perder a esperança de os tentar reconquistar.
Sem esquecer que Portugal não são os 15 mil leitores do Público, sem esquecer que a RTP não é o canal Q e não deve estar refém de humoristas, sem esquecer, e só escrevo hoje sobre a RTP1 (escreverei noutro dia sobre a 2 - e gosto da 2 - e o desastre que tem sido a RTP3 onde os critérios dos amiguinhos, os "especialistas" da tanga e sem currículo predominam, onde o politicamente correcto domina, onde ninguém percebeu o peso dos líderes de opinião das redes sociais que valem mais do que todos os comentadores que lá têm juntos, dá 7 mil espectadores por dia), que Portugal é o mesmo que vê a Volta a Portugal em Bicicleta, que vê o Jorge Gabriel e a Sónia Araújo e continua a gostar do Preço Certo.
Por isso, qualidade sim, sem qualquer dúvida, mas agregando, criando empatia com os portugueses - e bem que a RTP precisa de voltar a ter essa empatia como já teve -, fazendo uma televisão agradável e sem preconceitos. Mas a RTP - e todos os seus canais - não pode perder relevância. Esse é um desafio que não pode ser esquecido. As audiências até podem não ser grandes, mas se a RTP se tornar irrelevante isso será a morte do artista.
Dito isto, e não particularizando todos os canais, arranca hoje uma nova fase da programação em que há uma aposta clara na produção nacional, nomeadamente, a consolidação de uma produção portuguesa de séries de ficção na RTP1. Elogiei aquando do lançamento de "Terapia" essa aposta, porque é rumar contra a maré e contra quase o direito consuetudinário de os portugueses, em canais generalistas, serem obrigados a aturar novelas atrás de novelas do "prime-time" até ao "late-night".
Claro que eu, como qualquer pessoa minimamente informada, sei que é muito difícil a RTP obter com esta aposta logo uma audiência considerável. Os consumos televisivos do grande público são conservadores e não é apenas porque surgem estas quatro séries portuguesas que eles carregam no comando e viram para o canal 1. São muitos anos, desde a influência da Globo, em que os portugueses querem ver telenovelas, estão no seu direito e as audiências assim o dizem.
Mas a RTP deve estar ao lado dos produtores nacionais, deve apoiar tanto séries como o cinema, não deve ter medo da ruptura e deve ter guiões e histórias que possam ser exportadas como outros países europeus conseguiram, por isso irei espreitar todas estas novas séries para aferir da sua qualidade e interesse. Porque há públicos que, a cada dia que passa, fogem para o Cabo e para a Netflix e não se pode perder a esperança de os tentar reconquistar.
Sem esquecer que Portugal não são os 15 mil leitores do Público, sem esquecer que a RTP não é o canal Q e não deve estar refém de humoristas, sem esquecer, e só escrevo hoje sobre a RTP1 (escreverei noutro dia sobre a 2 - e gosto da 2 - e o desastre que tem sido a RTP3 onde os critérios dos amiguinhos, os "especialistas" da tanga e sem currículo predominam, onde o politicamente correcto domina, onde ninguém percebeu o peso dos líderes de opinião das redes sociais que valem mais do que todos os comentadores que lá têm juntos, dá 7 mil espectadores por dia), que Portugal é o mesmo que vê a Volta a Portugal em Bicicleta, que vê o Jorge Gabriel e a Sónia Araújo e continua a gostar do Preço Certo.
Por isso, qualidade sim, sem qualquer dúvida, mas agregando, criando empatia com os portugueses - e bem que a RTP precisa de voltar a ter essa empatia como já teve -, fazendo uma televisão agradável e sem preconceitos. Mas a RTP - e todos os seus canais - não pode perder relevância. Esse é um desafio que não pode ser esquecido. As audiências até podem não ser grandes, mas se a RTP se tornar irrelevante isso será a morte do artista.
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domingo, 4 de setembro de 2016
Sugestões para a semana
Livros
"O Mapa e o Território", Michel Houellebecq, Alfaguara, 376 páginas. Não sendo uma edição deste ano, a de 2016 que chocou muita crítica foi o menos inspirado "Submissão", li-o no Verão, já lhe dei destaque no facebook e, juntamente com "Partículas Elementares", é o seu livro mais genial.
"Onde Todos Observam", Megan Bradbury, Elsinore, 281 pág. Um livro que é uma declaração de amor a Nova Iorque, através de diversos olhares, de quem a viveu, de quem a construiu, mas não pensem que é um livro de viagens, nada tem a ver com isso. Ressalto ainda a qualidade que a editora Elsinore coloca nos seus produtos. É linda a capa, os caracteres da escrita são sublimes, uma edição cuidada, como todas as outras desta editora, com destaque para "As Vozes de Chernobyl", que é um dos livros do ano.
"Fechada para o Inverno", Jorn Lier Horst, D. Quixote, 341 pág. Costumo deixar sempre a sugestão de um policial nestas prosas, é um estilo que aprecio e que leio ao mesmo tempo que outras obras. Este ano, em Portugal, não foram muitos os policiais de grande qualidade editados, mesmo os já clássicos Jo Nesbo ou Camilla Lackberg não me surpreenderam por aí além (deixo o que mais me surpreendeu para a semana). Por isso, sugiro este norueguês que traz um novo personagem que espero que continue a chegar, o detective WilliamWisting.
Cinema
Em sala, aproveitem as últimas projecções de "Dersu Uzala", um filme sublime de Akira Kurosawaa, no Nimas. Na Cinemateca mais um punhado de grandes obras que têm como protagonista Kirk Douglas, para esta semana destaco "The Strange Love of Martha Ivers", o melhor de Lewis Milestone (segunda 15.30h) e "The Big Carnival", do extraordinário Billy Wilder, um filme muito actual, com um jornalista a tentar sobreviver, contribuindo para a morte de um homem, contando com a voracidade das audiências que dão atenção a um drama mas que em minuto partem, como hienas, para novos dramas.
Em casa, na RTP2, na sexta, 23.30h, continuação do ciclo dedicado a Andrei Tarkovsky com "Solaris", depois de nesta sexta ter passado um dos meus filmes preferidos, "Andrei Rublev".
Séries
Acho que já quase toda a gente que tem Netflix viu nestes dias "Narcos" na sua segunda temporada. Se não viram ainda, não sei do que estão à espera.
Documentários
No Odisseia na quarta, 20.30h, cinquenta minutos sobre samurais, um tema sempre fascinante.
Restaurante
Ainda antes de ir de férias almocei no Hikidashi, um japonês de muita qualidade em Campo de Ourique. Não é barato, mas é uma grande experiência.
"O Mapa e o Território", Michel Houellebecq, Alfaguara, 376 páginas. Não sendo uma edição deste ano, a de 2016 que chocou muita crítica foi o menos inspirado "Submissão", li-o no Verão, já lhe dei destaque no facebook e, juntamente com "Partículas Elementares", é o seu livro mais genial.
"Onde Todos Observam", Megan Bradbury, Elsinore, 281 pág. Um livro que é uma declaração de amor a Nova Iorque, através de diversos olhares, de quem a viveu, de quem a construiu, mas não pensem que é um livro de viagens, nada tem a ver com isso. Ressalto ainda a qualidade que a editora Elsinore coloca nos seus produtos. É linda a capa, os caracteres da escrita são sublimes, uma edição cuidada, como todas as outras desta editora, com destaque para "As Vozes de Chernobyl", que é um dos livros do ano.
"Fechada para o Inverno", Jorn Lier Horst, D. Quixote, 341 pág. Costumo deixar sempre a sugestão de um policial nestas prosas, é um estilo que aprecio e que leio ao mesmo tempo que outras obras. Este ano, em Portugal, não foram muitos os policiais de grande qualidade editados, mesmo os já clássicos Jo Nesbo ou Camilla Lackberg não me surpreenderam por aí além (deixo o que mais me surpreendeu para a semana). Por isso, sugiro este norueguês que traz um novo personagem que espero que continue a chegar, o detective WilliamWisting.
Cinema
Em sala, aproveitem as últimas projecções de "Dersu Uzala", um filme sublime de Akira Kurosawaa, no Nimas. Na Cinemateca mais um punhado de grandes obras que têm como protagonista Kirk Douglas, para esta semana destaco "The Strange Love of Martha Ivers", o melhor de Lewis Milestone (segunda 15.30h) e "The Big Carnival", do extraordinário Billy Wilder, um filme muito actual, com um jornalista a tentar sobreviver, contribuindo para a morte de um homem, contando com a voracidade das audiências que dão atenção a um drama mas que em minuto partem, como hienas, para novos dramas.
Em casa, na RTP2, na sexta, 23.30h, continuação do ciclo dedicado a Andrei Tarkovsky com "Solaris", depois de nesta sexta ter passado um dos meus filmes preferidos, "Andrei Rublev".
Séries
Acho que já quase toda a gente que tem Netflix viu nestes dias "Narcos" na sua segunda temporada. Se não viram ainda, não sei do que estão à espera.
Documentários
No Odisseia na quarta, 20.30h, cinquenta minutos sobre samurais, um tema sempre fascinante.
Restaurante
Ainda antes de ir de férias almocei no Hikidashi, um japonês de muita qualidade em Campo de Ourique. Não é barato, mas é uma grande experiência.
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