segunda-feira, 30 de junho de 2014

Sentir um País

«Não queremos prémio extra, ou qualquer dinheiro. Só jogamos pela Grécia e pelo seu povo. Tudo o que queremos é o vosso apoio para criar um centro de treinos que servirá como casa para a nossa seleção nacional», lê-se na carta enviada ao primeiro ministro grego pelos jogadores da selecção.

«Karagounis e Katsouranis amam a selecção», disse fernando santos em entrevista. Num País envolto numa crise sistémica, em que as pessoas passam dificuldades, mas que se orgulharam do melhor resultado de sempre da sua selecção num Mundial, é um gesto bonito e de quem sente o seu País.

sábado, 28 de junho de 2014

A crise de liderança no PSOE

A esquerda portuguesa em polvorosa com a guerra no PS. Mas aqui ao lado, os socialistas espanhóis também se aprestam para a escolha de um novo líder.

Desde a democracia, o PSOE teve dois presidentes do Governo. O carismático Gonzalez e o amanuense Zapatero. O primeiro era um grande líder, o segundo não. Desta vez, nove candidatos aspiram ao lugar, mas os nove não valem um. A crítica geral é que nenhum tem características de liderança forte como em Itália com Renzi. Há uma crise de líderes no mundo, o PSOE é um bom exemplo.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Um País que não aprendeu a lição

Portugal não pode viver acima das suas possibilidades. Não pode fazer obras se não tem dinheiro à espera que alguém as pague, no futuro.

Os portugueses não podem andar a comprar casas, carros e a passar férias num qualquer destino exótico, se não têm dinheiro para as pagar.

Os portugueses podem sonhar, mas têm de trabalhar mais. Porém, também têm de ter do lado do Estado uma pessoa de bem. Se o Estado exige esforços inaceitáveis às pessoas, se as fustiga com impostos, se rouba pensionistas e reformados, tem de aprender também a lição e ainda não aprendeu.

Os sacrifícios têm sido das famílias, mas quanto à reforma do Estado continuamos na mesma. Na Saúde e na Educação, para lá das polícias, a verdadeira função social do Estado, não se pode cortar a eito. Há muito para cortar, mas continua-se a esbanjar e a haver pouca coragem para o Estado gastar mesmo menos. Não aprendeu nada.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O PS está no tempo de Saltillo: degradante

A guerra Costa vs. Seguro tem sido um espectáculo lamentável. Pancadaria, insultos, cartilhas antigas num partido que se deve afirmar como alternativa de Governo, com pose de Estado, e não como uma guerra de chefes índios, movidos pela ambição pessoal, em que na última linha do seu pensamento estão os portugueses.

Em época de Mundial, este PS recorda a degradação da imagem dos portugueses em Saltillo, no México 86. Eram histórias atrás de histórias, o campo era a última coisa em que se preocupavam. O PS está assim. Degradante.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Eu sou republicano

Julgo que Espanha vai continuar monárquica. O novo Rei tem a simpatia do seu povo, o pai é criticado, mas terá a história a recordar-se bem dele. Por cá, seguimos horas e horas de coroação na televisão, centenas de notícias sobre esta mudança. Tanta coisa, mas não deixo de ser republicano. Bem ou mal, cabe às pessoas escolher directa e livremente quem é a maior figura do seu Estado.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

D. Sebastião era um "fake"

Dizem que se perdeu em Alcácer-Quibir um Rei. Quase 500 anos à espera de algo que está para vir, mas não vem. D. Sebastião é o retrato de um Portugal por cumprir, em que qualquer personalidade mediana incorpora a imagem do Messias. Somos um povo fraco, com dois ou três reis excepcionais (D. Dinis, D. João II) e que nunca se encontrou consigo próprio.

As lideranças são ridículas, as elites não existem, a classe média foi apagada, a pobreza é encapotada. Não há Messias nenhum, D. Sebastião era um "fake", Portugal é escravo das suas limitações, o futuro é um rodapé. Viver será substituído, apenas, por sobreviver. Que se preparem para isso.

terça-feira, 17 de junho de 2014

O paradoxo dos comentadores

O Carlos Daniel, um bom jornalista da RTP e no campo do futebol o melhor comentador televisivo, deu uma interessante entrevista publicada na Notícias TV do DN. Ali, disse o seguinte: «é um risco muito grande para o País a fase em que estamos e em que só comenta política quem é da política».

Concordo,. Mas saliento um paradoxo que as televisões, tanto as generalistas como no cabo ainda não perceberam. Reflictam: a classe política está mal vista, os portugueses estão cansados dos políticos, dos que fazem política e das mesmas caras que comentam política há anos, no entanto, é um batalhão de políticos de primeira linha e de segunda linha que invadem todos os espaços no espaço mediático nacional. Ora, se as pessoas estão cansados deles, acham que têm paciência para os ver?

Quando é que vão perceber que são outros que trarão maiores audiências e darão muito mais espectáculo, sem agendas pessoais e com muito maior independência? Vejam a CNN, só por exemplo, e vejam quem são os comentadores. São políticos encartados, governadores, deputados, senadores? Não. Então aprendam e procurem por cá.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

O que é a liderança?

«Sabes o que significa a liderança? Que quem manda é questionado por todos os otários com boca. Mas se ele se questiona, é o fim dele, dos otários, de toda a gente»

Guerra dos Tronos, 4a temporada

sábado, 7 de junho de 2014

A guerra no PS via facebook e o Governo passa despercebido

Até Setembro a guerra no PS não vai ser fria, vai ser bastante quente. Como já escrevi, a política existe para melhorar a vida das pessoas, mas no seu centro está a ambição dos homens.

«António José Seguro utilizou a sua página no facebook para deixar um "recado" político e público a António Costa. O PS "não merece" estar em queda nas intenções de voto por causa da "irresponsabilidade" do presidente da Câmara de Lisboa», cito o Expresso que se baseou no facebook de António José Seguro. Que acrescenta: «este é o resultado da irresponsabilidade do António Costa. Os danos provocados ao PS devido à sua ambição pessoal».

Com isto tudo, o Governo, que está em polvorosa e à beira de mais uma crise na coligação, vai passando incólume pelos pingos da chuva.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

As 10 melhores frases de "True Detective"

Escolhidas por mim, doa meus apontamentos, que eu tiro notas quando vejo séries:

- «Dormiste a noite passada?»; «Eu não durmo, só sonho»

- «Os homens não dão hipótese a nada, não sei porquê»; «Porque sabemos o que queremos e não nos importamos em ficar sós»

- «Achas que um homem pode amar duas mulheres ao mesmo tempo?»; «Não acho que o homem possa amar. pelo menos, do modo que pensa. As imperfeições da realidade surgem sempre»

- «O mundo precisa de homens maus. Mantemos os outros homens maus afastados»

- «O que se passa sempre entre os homens e as mulheres? A realidade»

- «Quem quer brincar aos adultos tem de pagar como tal»

- «A vida é curta, só chega para se ser bom numa coisa»

- «Todos podem escolher. Todos têm escolha»

- «Como carne consciente, por mais que as nossas identidades sejam uma ilusão, nós moldamo-las fazendo julgamentos de valor. Toda a gente está sempre a julgar. Se não consegues viver com isso, vives de modo errado»

- «Antigamente só havia escuridão. Se queres saber, agora a luz está a vencer»

quarta-feira, 4 de junho de 2014

D. Juan Carlos disse tudo, dizendo pouco

Muitos criticaram o discurso de abdicação do rei D. Juan Carlos. Por exemplo, o Público salientava a importância do discurso de despedida da raínha Beatriz da Holanda, em detrimento do monarca espanhol de quem outros disseram que era um discurso pobre e curto.

Mas na mensagem do soberano espanhol o que importava, como mencionou o El País na sua última página de ontem, eram as fotos que estavam à sua esquerda na comunicação que realizou e que no seu País todos viram. Uma com o seu pai, o conde de Barcelona, e outra com o sucessor filipe e a sua neta Leonor.

Por vezes, na comunicação, diz-se muito, falando pouco. A presença do subliminar impõe-se às palavras. Naquelas duas molduras, e no homem que comunicava, estava o passado, o presente e o futuro. A continuidade dinástica, a estabilidade de uma monarquia, a âncora de um regime. D. Juan Carlos disse pouco, mas estava lá tudo.  

3 regras para ser um bom consultor de comunicação

1- Ler (jornais)

2- Ler (livros)

3- Ler (a sociedade)

terça-feira, 3 de junho de 2014

Difícil agradar ao povo

As figuras proeminentes no cenário político, de um jeito ou de outro, precisam apelar para algo além da pura razão, pois, no fundo, todos têm argumentos fracos demais para responder aos anseios de seu povo, fatalmente múltiplos e contraditórios. Todos são pequenos diante das necessidades. Você, quando acerta, acerta errando.

Em "A República das Abelhas", Rodrigo Lacerda, Companhia das Letras

segunda-feira, 2 de junho de 2014

A abdicação do Rei D. Juan Carlos

O momento talvez seja uma surpresa. Mas a abdicação do rei D. Juan Carlos era neste momento necessária. Nunca a Coroa espanhola teve tão baixos índices de popularidade, esteve envolvida em tantos escândalos e teve a sua reputação tão abalada como agora.

Há duas semanas a comunicação da Casa Real, nos maiores jornais espanhois, El Pais, El Mundo e no mais próximo da sua política, o ABC, lançou uma bateria de promoção da princesa Letizia, talvez o ponto fraco mediático do seu sucessor, o príncipe Filipe, que há muito está preparado para o exercício dos seus poderes e tem ainda uma popularidade e um prestígio elevado.

D. Juan Carlos não ficará mal visto pela história, pesem as caçadas e as amantes. Quando está prestes a completar 75 anos e 40 anos de reinado, ele foi o monarca que uniu os espanhois, que durante décadas impediu a secessão das várias nacionalidades do seu território, que liderou com o apoio de Adolfo Suarez o processo de transição para a democracia e liberdade.

O seu reinado, e a sua família real, foram durante muitos anos os alicerces da marca Espanha e muita gente não liga a estas coisas do marketing, mas um País tem vários focos de reforço da sua reputação e a Coroa espanhola foi um dos vértices da sua promoção internacional.

E não esqueço que Juan Carlos era um amigo e gostava de Portugal. País que o acolheu e onde viveu a sua juventude por exílio do seu pai e onde tem muitos amigos. Sai o Rei, venha o novo Rei.