Tive ontem o privilégio de assistir no Teatro Tivoli à ante-estreia da nova grande aposta da RTP. Chama-se "Terapia" Mas sobretudo, para lá da qualidade da mesma, tenho de enaltecer a verdadeira grande aposta do canal público que é a virtude da criação, sem tabus, de um núcleo consistente de séries.
Escrevi assim aqui no meu blog em 21 de Abril de 2015: « Virgilio Castelo foi o homem escolhido pela nova administração da RTP para liderar o departamento de ficção e pensar o que se deve produzir. Continuo pessoalmente a entender que a RTP deve ser muito mais do que uma cópia dos privados e deve inovar, exactamente, na ficção.
Não só com séries históricas, mas imprimindo um dinamismo na produção nacional que a leve a uma consistente qualidade e conseguindo-a exportar. Por isso é no filão das séries, que hoje agarram muito mais um público esclarecido e jovem, que a RTP deve entrar». (deixo aqui o texto então escrito até porque contém uma sugestão para produção).
Enquanto espectador vejo com muita simpatia esta opção. Enquanto agente do mercado mediático que temos, e numa altura que a imprensa portuguesa vê cortes e situações dramáticas no I, Sol, Público, Diário Económico e onde as televisões também não fogem a reduções impostas pela míngua do mercado publicitário, é um farol de esperança esta aposta.
Mais uma vez a RTP pode ser a mola da indústria televisiva portuguesa, assim se mantenha esta opção pela qualidade. Um dia, há muitos anos atrás mas na nossa galáxia, ninguém acreditaria que os portugueses pudessem criar novelas de qualidade, ao nível das brasileiras. E surgiu a Vila Faia.
Algumas décadas depois, hoje temos a certeza que os portugueses fazem telenovelas de qualidade, com excelentes produções e que já as exportam. Desejo sinceramente que possamos em breve exportar as nossas séries. E estas, como ontem salientaram bem o Gonçalo Reis, o Daniel Deusdado e o Nuno Artur Silva, têm como base de sucesso o guião e os actores.
E nesta "Terapia", para lá da qualidade da produção da SP de António Parente que é cinema puro em televisão, vão ter uma grande história e grandes actores. O primeiro episódio tem Virgilio Castelo, a âncora da série, com nuances extraordinárias e a proporcionar à sua colega de cena, Soraia Chaves, um excepcional desempenho. E ainda lá anda a classe de muitos anos da Ana Zanatti. Mas todo o restante elenco que descobrirão nos episódios seguintes é do melhor que Portugal tem.
Desejo boa sorte á RTP, que não se assustem com audiências, que não se assustem com comentários de redes sociais que não interessam a ninguém. Que sigam este rumo consistente, a qualidade trará o sucesso,
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
A "Terapia" da RTP
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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
O lado Paulo Portas de Luis Filipe Vieira
«Se no futuro podemos voltar a ter os jogos na Sport Tv? Acho que não é possível os jogos regressarem à Olivedesportos. Este projeto da Benfica TV é irreversível»
Luís Filipe Vieira em 27 de Maio de 2015, no site 'Mais Futebol (agradeço a lembrança do Mário Rui)
Agora troquem a palavra «irreversível» dita por Vieira e coloquem a famosa palavra «irrevogável» dita por Paulo Portas. É a mesma coisa. Para o ano os jogos do Benfica dão na NOS (que detém 50% da Sport TV) e no canal de Joaquim Oliveira. Paulo Portas também voltou ao Governo, para quem não se lembra da história.
Luís Filipe Vieira em 27 de Maio de 2015, no site 'Mais Futebol (agradeço a lembrança do Mário Rui)
Agora troquem a palavra «irreversível» dita por Vieira e coloquem a famosa palavra «irrevogável» dita por Paulo Portas. É a mesma coisa. Para o ano os jogos do Benfica dão na NOS (que detém 50% da Sport TV) e no canal de Joaquim Oliveira. Paulo Portas também voltou ao Governo, para quem não se lembra da história.
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
A "Caras" de António Costa
O primeiro momento comunicacional de um novo Primeiro-Ministro marca uma maneira de encarar o poder e também a sua relação momentânea com o povo. António Costa optou por uma produção com a "Caras", a revista de maior reputação do segmento cor-de-rosa e que lhe deu honras de capa, o que é natural.
Porquê a Caras? Perguntaram muitas centenas de pessoas nas redes sociais, porque não noutra publicação ou media? No meu entender por dois motivos:
1- António Costa não ganhou eleições, não há nenhuma onda de simpatia com ele, o processo que o ungiu a PM deixou muitos portugueses de pulga atrás da orelha. Assim, Costa optou por um momento para tentar ganhar empatia com a sua família junto das famílias portuguesas, e, especialmente, das mulheres. Em vez de uma mensagem política, de uma entrevista recheada de números, Costa escolheu tentar conquistar o coração e não podia ter escolhido melhor meio. Se o conseguiu, isso tão cedo não se consegue descortinar.
2- Diz-me a experiência pessoal que esta época do Natal é boa para os políticos fazerem primeiras páginas familiares em revistas "del corazon" e há edições especiais, inclusive da Caras. O impacto em banca é bom e é uma maneira de entrarem nas casas dos portugueses. E da parte deles a recepção é sempre melhor nesta altura de paz e concórdia do que possivelmente noutras épocas do ano.
Porém, há um factor que hoje em dia condiciona muito as manobras clássicas de comunicação política, como é o caso desta produção de António Costa: são as redes sociais. O impacto em banca, como já mencionei, é poderoso, mas a sua repercussão nas redes pode dividir tropas. Os que apoiam o Governo gostam os que agora passaram à oposição reputam esta operação de caricata. É neste limbo de notoriedade e reputação, comunicação política clássica versus. comunicação digital que todas as manobras devem ser pensadas e os políticos ainda não compreendem bem as redes sociais.
Porquê a Caras? Perguntaram muitas centenas de pessoas nas redes sociais, porque não noutra publicação ou media? No meu entender por dois motivos:
1- António Costa não ganhou eleições, não há nenhuma onda de simpatia com ele, o processo que o ungiu a PM deixou muitos portugueses de pulga atrás da orelha. Assim, Costa optou por um momento para tentar ganhar empatia com a sua família junto das famílias portuguesas, e, especialmente, das mulheres. Em vez de uma mensagem política, de uma entrevista recheada de números, Costa escolheu tentar conquistar o coração e não podia ter escolhido melhor meio. Se o conseguiu, isso tão cedo não se consegue descortinar.
2- Diz-me a experiência pessoal que esta época do Natal é boa para os políticos fazerem primeiras páginas familiares em revistas "del corazon" e há edições especiais, inclusive da Caras. O impacto em banca é bom e é uma maneira de entrarem nas casas dos portugueses. E da parte deles a recepção é sempre melhor nesta altura de paz e concórdia do que possivelmente noutras épocas do ano.
Porém, há um factor que hoje em dia condiciona muito as manobras clássicas de comunicação política, como é o caso desta produção de António Costa: são as redes sociais. O impacto em banca, como já mencionei, é poderoso, mas a sua repercussão nas redes pode dividir tropas. Os que apoiam o Governo gostam os que agora passaram à oposição reputam esta operação de caricata. É neste limbo de notoriedade e reputação, comunicação política clássica versus. comunicação digital que todas as manobras devem ser pensadas e os políticos ainda não compreendem bem as redes sociais.
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