quarta-feira, 24 de junho de 2015

A privatização do Oceanário

Parece que há uma máxima que norteou a acção deste Governo: «dá lucro? Privatize-se». O Oceanário teve no ano passado quase 1 milhão de visitantes, gerou lucro de mais de 1 milhão de euros, é uma referência e um foco de atractividade turística, tem uma importante faceta pedagógica, tudo características somadas que dão interesse público ao mesmo.

O que é curioso é que parece também que o Governo andou com uma lupa em busca do que dava dinheiro para vender. Porque os prejuízos acumulados da sociedade Parque Expo, onde estava integrado o Oceanário, aí já não privatizou.

No meio disto tudo, do pouco que resta, é que pelo menos o Oceanário é dado a portugueses por 30 anos, à Sociedade Francisco Manuel dos Santos. Mais um activo lucrativo que vamos dar a privados. Que ninguém conteste o furor liberal de quatro anos deste Governo.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Até a sardinha temos de comprar a outros, obrigado Cavaco

Quando vejo Cavaco Silva a visitar países acompanhado de uma comitiva de empresários, não sorrio, mas tenho pena que os portugueses sejam enganados por um dos homens que mais tempo esteve no poder e mais contribuiu para a morte do nosso País.

Quando vejo Cavaco Silva a botar discurso sobre a importância da agricultura e das pescas, não sorrio, mas tenho pena que os portugueses não tenham memória de que ele matou, sem hesitações, a nossa agricultura e o nosso sector pesqueiro.

Hoje, leio no Público, que Portugal tem de comprar sardinha a Marrocos, Espanha e França. « No ano passado, a quantidade de sardinha transaccionada em lota caiu 43% e aquela que já foi a espécie mais pescada em Portugal passou para um total de descargas de 16 mil toneladas. Tal como o PÚBLICO noticiou, em apenas três anos as capturas recuaram para metade. A redução também se verificou na cavala e no atum, em níveis próximos dos 21%. A cavala, com descargas de 30 mil toneladas, foi a espécie mais pescada no ano passado» (retiro da notícia mencionada).

Pode ser que um dia, depois de mais de 20 anos no poder, os portugueses ponham Cavaco onde merece. Num rodapé triste da nossa História.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Somos o melhor País do mundo para comprar empresas

O título do post não sou eu que digo, mas sim o senhor Guo Guangchang, chairman e fundador da Fosun, o grupo chinês que comprou a Fidelidade e a Luz Saúde e que está na corrida ao Novo Banco.

E que o interesse não se restringe à área financeira. "Estamos atentos a todas as oportunidades", afirmou Guo Guangchang aos jornalistas, em Xangai. O chairman da Fosun referia-se ao setor que o grupo denomina como "felicidade e lifestyle", no qual se inserem empresas de turismo, moda, lazer e entretenimento. Ou seja, áreas que permitam proporcionar um novo estilo de vida aos chineses e aproveitar o momento de crescimento da classe média. "O povo chinês trabalha muito, mas também tem de aprender a aproveitar melhor a vida", referiu o chairman da Fosun, na apresentação, na China, do Cirque du Soleil, onde o grupo conta com uma participação de 25%. (a notícia é do DN).

Para lá dos baixos custos em Portugal, os chineses sabem que o seu investimento é bem acolhido. E sabem também que está tudo à venda e praticamente vão desaparecer todas as grandes empresas e marcas portuguesas. É comprar agora que está tudo ao desbarato.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

O Donald que não é pato mas é uma celebridade

Donald Trump é milionário, mas acima de tudo uma celebridade. Famoso pelos divórcios milionários, por estar presente em diversos eventos desportivos, por uma torre com o seu nome, por apresentar um reality show na televisão.

É agora candidato à Casa Branca na já extensíssima lista dos Republicanos. Tem dinheiro, mais de 8,5 mil milhões de dólares de fortuna pessoal, facilidade no verbo e no soundbyte, mas é aquele em que menos americanos admitem votar nele.

A sua dimensão é a de um "entertainer", não tem densidade para ser levado a sério. Mas televisão é entretenimento e nela move-se à vontade. As campanhas eleitorais são reality shows diários dos candidatos, que ninguém tenha dúvidas disso, Donald Trump está nisso como peixe na água. A política não vai ganhar nada com ele, mas ganha o espectáculo.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Guerra dos Tronos

Terminou a quinta temporada de uma das mais excepcionais séries que jamais foi produzida. A Guerra dos Tronos é uma produção quase cinematográfica, é muito mais que uma série de televisão. Nunca no pequeno ecrã se terá visto a excelência em cenários, guarda-roupa, efeitos especiais, fotografia.

Depois há um guião magistral, bons actores, personagens inolvidáveis e diálogos de antologia. Esta última temporada é muito difícil de catalogar porque é sublime. O combate na arena de onde surge o dragão (no penúltimo episódio), a dureza da expiação de Cersei Lannister, o assassinato de Jon Snow à maneira de Júlio César, à qual a última punhalada podíamos estar a imaginar a interrogação de "Até tu, Brutus", tanto que podia ser retirado dali.

Uma série que tem luta pelo poder, paixão, a perfídia da ambição, amor, coragem, morte, magia, mistério, liderança, religião, vingança, tem todas as pulsões humanas. É isso que é a base do seu sucesso e a faz "trending topic" nas conversas e nas redes sociais. Que venha a sexta em Abril de 2016.

terça-feira, 16 de junho de 2015

«Pensava que as portuguesas tinham bigode»

A bonita modelo portuguesa Sara Sampaio tem-se tornado uma estrela mundial desde que assinou como anjo da Victoria`s Secret. Mas tem direito a gozar a sua vida como bem entender.

Num destes dias, foi apanhada com um membro de uma banda de grande sucesso entre adolescentes, os One Direction. O problema são as fãs do jovem cantor que a arrasaram no seu Instagram, atribuindo-lhe os mais variados impropérios.

É um sinal dos tempos que as estrelas e figuras públicas têm de enfrentar mais gente que as segue nas redes sociais. Se as usam para propagar o seu "brand", correm também o risco de muitos maluquinhos, "stalkers" e gente desocupada passarem o tempo a incomodá-las. Não é bonito e é algo de pérfido que ainda as empresas e reguladores terão de resolver.

Mas outro problema nas adolescentes que ofenderam a Sara Sampaio é que uma delas escreveu: «Pensava que as portuguesas tinham bigode». Esse já é outro problema, mas é um problema da marca Portugal. É coisa antiga e ultrapassada. As mulheres portuguesas são bonitas, basta todos os dias nas redes sociais ver o sucesso das imagens da Sara Sampaio.  

segunda-feira, 15 de junho de 2015

«Os pândegos», Marques Mendes e a TAP

Marques Mendes no seu espaço de opinião, aos sábados, na SIC tem mostrado uma enorme proximidade com o Governo. É sabido que traz "cachas" que dariam muito jeito aos jornalistas, notícias, essas, em primeira mão que lhe são reveladas pelo próprio Governo. Além do mais, tem sido um apoiante feroz do mesmo.

Neste sábado, por causa da TAP, desviou a sua rota habitual. A Pires de Lima e Sérgio Monteiro, responsáveis operacionais no Executivo pela venda da transportadora portuguesa, chamou-lhes uns «pândegos»..

O motivo da mudança relatou o Expresso no sábado, antes do comentário: «A operação (de venda da TAP) movimentou muitos assessores. Incluindo dois advogados com influência na política e que intervieram ativamente: Marques Mendes, da Abreu Advogados, estava com Efromovich; António Vitorino, da Cuatrecasas, com Neeleman. A proposta que venceu foi a apoiada pela Cuatrecasas».

Em resumo: Marques Mendes é um pândego.

domingo, 14 de junho de 2015

Sugestões para a semana

Livros

"Arquipélago", Joel Neto, Marcador, 459 páginas. O Joel tem a experiência do jornalismo para escrever muito bem e tem a poesia dos Açores para o inspirar. O seu novo romance é um hino ao seu arquipélago, uma grande história que dá para série ou cinema se tiverem a destreza do aproveitar. Magnífica companhia para as férias.

"A Gaja", Raquel Costa, Marcador, 172 pág. Há uns tempos atrás no meu facebook sugeri aos meus amigos a página com o título deste livro. Humor delirante, despreocupado sobre as mulheres, bem escrito e com muitas sugestões eróticas à mistura. Para rir da primeira à última página.

"A Minha Dieta", Ana Ni Ribeiro, Lua de Papel, 254 pág. Para os preocupados com a qualidade da vida e com cuidados para estarem bem, recomendo o livro desta nutricionista que não defende nenhumas dietas marciais e dá 48 receitas. Como ela escreve: «Não criei uma dieta, mas sim um plano alimentar para a vida. E isso faz toda a diferença».

"A Rapariga no Comboio", Paula Hawkins, Top Seller, 318 pág. O thriller do ano, para ler de um fôlego, com um narrador que brinca com o leitor e por vezes lhe mente, que remete para o "Em Parte Incerta" de Gillian flynn.

Cinema

"Bem Vindo a Nova Iorque" de Abel ferrara. Sem estreia nas salas e directamente para a televisão e dvd, o filme que retrata Dominic Strauss Khan e o que passou. Não só as orgias mas o drama humano.
"Blackhat - Ameaça na Rede", mais um grande filme de Michael Mann, todo o seu génio criativo e visual num filme que passou ao lado dos Óscares e é muito melhor que a maior parte deles

Séries

A horas tardias, ao sábado (parece que não querem que a vejam), o AXN estreou a 3ª temporada da excepcional "Hannibal", uma das minhas séries de eleição.
E a grande sensação de espera é True Detective que estreia a segunda temporada daqui a 15 dias

Documentário

No Arte, hoje depois da 1 da manhã a biografia de Marcelo Mastroianni.

sábado, 13 de junho de 2015

Em Espanha as coisas mudaram mesmo, aqui não

Madrid, Barcelona, Valência e Saragoça. As quatro maiores cidades de Espanha mudaram para coligações de esquerda. Na capital é mesmo Manuela Carmena apoiada pelo Podemos que se tornou ontem "alcadesa" (presidente de câmara) depois de muitos dias de negociação com o PSOE e ditando o afastamento da histórica Esperanza Aguirre.

Das eleições municipais e autonómicas tinha saído o fim do bipartidarismo e a ascensão dos partidos de cidadãos, mas faltava saber que pactos nasceriam para o governo das cidades. O PSOE coligou-se na maior parte dos casos com o Podemos e outros movimentos contra o PP. Por isso, visivelmente, as coisas mudaram.

Até do lado Casa Real também se deram outros sinais, com o novo Rei a tirar o título de Duquesa de Maiorca à sua irmã Cristina, para acabar o despautério dela e do seu marido que durante um ano foram um dos vértices do ataque à reputação da monarquia.

Em Portugal nada de novo, os mesmos de sempre. E os que queriam ser novos, também são os mesmos de sempre. Portugal é um País muito conservador e pouco atreito à mudança.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Já quase não temos nada, quando vendemos o orgulho?

Já se vendeu REN, EDP, TAP (até o agente de jogadores Jorge Mendes conseguia melhor preço do que o Governo), sobra muito pouco do que realmente interessa na nossa economia. Só temos o território - não sei se já está em leilão -, as águas - quantas pressões de comissionistas já existem para as vender - e pouco mais. Só falta anunciarem, com um sorriso e com uma declaração solene, que estão a pensar privatizar o orgulho em ser português.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

O factor Sócrates

As próximas eleições legislativas deviam ser o confronto aberto entre o que propõe a aliança PSD/CDS para o novo ciclo e a defesa do que realizou nestes quatro anos, contra o modelo alternativo do PS e as críticas que pode colocar à actual governação. Sem esquecer que as pessoas votam em pessoas e, por isso, ao escolherem entre os candidatos a Primeiro-Ministro terão de optar entre Passos Coelho e Costa.

O problema é que tem havido uma enorme dificuldade na passagem de novas ideias, também pelo desinteresse das pessoas e falta de confiança nos políticos, ao mesmo tempo que a aliança não consegue defender o que realizou em quatro anos porque não tem muito para mostrar.

Assim, tem sido evidente que é José Sócrates encerrado numa prisão há seis meses que tem sido e será o factor marcante das próximas eleições. Como diria o homem do dia, Jorge Jesus, «é muita poucachinho». E se não encontrarem dinâmicas de campanha, não conseguirão mobilizar os portugueses para votar.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Quanto custa a honra de Zeinal e Granadeiro?

«A Altice concluiu esta terça-feira a compra da PT Portugal à Oi, por 5,7 mil milhões de euros, dos quais 4,9 mil milhões foram recebidos em caixa pela Oi, segundo um comunicado da operadora brasileira divulgado no site da Bovespa» (tirei do jornal I).

Nada Portugal recebeu porque alguém já a tinha passado aos brasileiros numa operação que correu mal e em que a maior empresa portuguesa foi delapidada e não ganhou nenhuma projecção internaciomal. Mataram a PT e ainda foram galardoados com as mais altas condecorações portuguesas. Muito obrigado aos dois cavalheiros que estão milionários pelos cargos que ocuparam, agora os funcionários portugueses da PT que se preparem para os despedimentos.