Em Espanha, os leitores de jornais sabem que o EL Pais está próximo do PSOE, o EL Mundo do PP e o ABC da Casa Real espanhola. É uma imprensa que faz o seu dever, o jornalismo, mas que não engana os leitores com alinhamentos ocultos.
Hoje é notícia que Pedro J. Ramirez será afastado da direcção do jornal que fundou e liderou desde 1989, o El Mundo. O André Macedo, director do Dinheiro Vivo, chamou-lhe no seu mural no facebook de «melhor director de jornais ibéricos». Se não o é, está lá próximo.
Dizem que o afastamento é motivado por pressões do poder, como pode ler aqui, poder, esse, que seria Mariano Rajoy e a Casa Real. PJR é uma personagem polémica, fez várias vezes notícia. Abateu muito do PSOE, esteve por trás da queda do mítico Mario Conde e foi um polo de agregação do centro-direita espanhola.
O El Mundo afirmou-se no tempo de queda de Felipe Gonzalez e marcou a sucessão de Fraga Iribarne, ajudando na ascensão de José Maria Aznar. Neste processo sugiro o livro de um delfim de Fraga, Jorge Verstrynge, "Memorias de un maldito", que foi banido do PP.
O que consta é que a ligação de PJR com Aznar seguiu firme e todo o caso Barcenas que o El Mundo espoletou e que criou fortes embaraços ao Governo de Rajoy, foi fruto dessa aliança que marcou duas legislaturas. A sua queda vai marcar a imprensa em Espanha e se for por essas pressões do poder fará correr rios de tinta. A tinta que faz preencher os jornais de notícias.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Os consumidores mentem, o marketing não
«Os profissionais de marketing não mentem. Apenas contam histórias. São os consumidores que mentem. Na qualidade de consumidores, mentimos a nós mesmos acerca daquilo que usamos, do sítio que vivemos, do nosso sentido de voto e daquilo que fazemos na vida. Os profissionais de marketing bem sucedidos são apenas fornecedores de histórias nas quais os consumidores optam por acreditar»
Seth Godin, «As mentiras do marketing»
Seth Godin, «As mentiras do marketing»
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Ser "Jota" em Portugal
Eu nunca fui militante de nenhum partido político nem de nenhuma "Jota". Sou duma geração muito mais politizada do que a actual, em que se discutiam ideias e personagens com gosto. Fazia parte da nossa evolução de estudante e de cidadão. Mas nunca senti esse apelo de militância, apesar de adorar a política.
Não critico quem queira fazer parte de uma organização política de juventude. Acredito que a maior parte o faz por causas, por gostar de política. Julgo que só uma minoria se junta a elas por carreirismo, apesar desses serem os que mais pontificam, porque aquele é o sítio onde acham que vai estar o seu ganha-pão no futuro.
A classe política degradou-se, tal como as "Jotas", apesar de haver honrosas excepções. Mas hoje fazem menos sentido essas militâncias, a sociedade civil desconfia dos políticos e dos juniores da política. É difícil fazer política em Portugal e no mundo, o escrutínio é acentuado e as redes sociais não perdoam em termos de imagem pública.
Não conheço nenhum líder actual das "Jotas" pessoalmente. Na maior parte dos casos nem sei quem são, mas nos últimos dias o líder da JSD sucedeu-se numa série de declarações que o desprestigiam a ele, à JSD e à classe política. É tempo de se repensar a sua actividade e de se evitar o caciquismo que é um dos seus terrenos mais férteis.
Mas também sei que foram os disparates que ele disse que o projectaram. Vai ter o seu tempo de exposição, mas a sua reputação fica marcada e o seu futuro também. Noutros tempos, os políticos jovens ouviam os mais velhos, aconselhavam-se. Essa é uma prática, das poucas, que se deve manter.
Não critico quem queira fazer parte de uma organização política de juventude. Acredito que a maior parte o faz por causas, por gostar de política. Julgo que só uma minoria se junta a elas por carreirismo, apesar desses serem os que mais pontificam, porque aquele é o sítio onde acham que vai estar o seu ganha-pão no futuro.
A classe política degradou-se, tal como as "Jotas", apesar de haver honrosas excepções. Mas hoje fazem menos sentido essas militâncias, a sociedade civil desconfia dos políticos e dos juniores da política. É difícil fazer política em Portugal e no mundo, o escrutínio é acentuado e as redes sociais não perdoam em termos de imagem pública.
Não conheço nenhum líder actual das "Jotas" pessoalmente. Na maior parte dos casos nem sei quem são, mas nos últimos dias o líder da JSD sucedeu-se numa série de declarações que o desprestigiam a ele, à JSD e à classe política. É tempo de se repensar a sua actividade e de se evitar o caciquismo que é um dos seus terrenos mais férteis.
Mas também sei que foram os disparates que ele disse que o projectaram. Vai ter o seu tempo de exposição, mas a sua reputação fica marcada e o seu futuro também. Noutros tempos, os políticos jovens ouviam os mais velhos, aconselhavam-se. Essa é uma prática, das poucas, que se deve manter.
A Calúnia e as verdades da imprensa
No início dos anos 80, Sydney Pollack realizou um filme, A Calúnia ("Absence of Malice"), com Paul Newman e Sally Field, que retratava os dilemas de uma jornalista depois de esta ter publicado uma história baseando-se num dossier convenientemente deixado à vista por uma fonte da investigação policial.
Para lá da sua manipulação pela investigação, a jornalista não contactou o visado, acreditando apenas num lado da possível notícia. Com isso, e com a manchete publicada, a vida do visado muda.
Primeiro, surge o advogado do jornal que esclarece a jornalista: «Senhora, se os jornais só publicassem a verdade, não dariam emprego a advogados». E acrescenta: «Não estou interessado em factos, mas na lei. A questão não é se a história é verdadeira ou não. A questão é que protecção temos, se se provar que é falsa».
Mas ainda mais interessante o diálogo entre a jornalista, Sally Field, e o personagem de reputação manchada pela notícia, interpretado por Paul Newman:
SF- «Se o ilibarem escreverei sobre isso»
PN- «Em que página? Se dizem que alguém é culpado, todos acreditam. Se dizem que é inocente, ninguém quer saber»
SF- «Não é culpa dos jornais, é das pessoas. Acreditam no que querem acreditar»
PN- «Quem põe os jornais nas ruas? Ninguém?»
Este magnífico filme, nestes diálogos mostra a responsabilidade da imprensa, o que pode publicar e o que não pode publicar sem comprovação. A verdade é só uma mas também é o que fazem dela. E a reputação é um dos valores mais sagrados das pessoas, isso é que não pode ser esquecido.
Para lá da sua manipulação pela investigação, a jornalista não contactou o visado, acreditando apenas num lado da possível notícia. Com isso, e com a manchete publicada, a vida do visado muda.
Primeiro, surge o advogado do jornal que esclarece a jornalista: «Senhora, se os jornais só publicassem a verdade, não dariam emprego a advogados». E acrescenta: «Não estou interessado em factos, mas na lei. A questão não é se a história é verdadeira ou não. A questão é que protecção temos, se se provar que é falsa».
Mas ainda mais interessante o diálogo entre a jornalista, Sally Field, e o personagem de reputação manchada pela notícia, interpretado por Paul Newman:
SF- «Se o ilibarem escreverei sobre isso»
PN- «Em que página? Se dizem que alguém é culpado, todos acreditam. Se dizem que é inocente, ninguém quer saber»
SF- «Não é culpa dos jornais, é das pessoas. Acreditam no que querem acreditar»
PN- «Quem põe os jornais nas ruas? Ninguém?»
Este magnífico filme, nestes diálogos mostra a responsabilidade da imprensa, o que pode publicar e o que não pode publicar sem comprovação. A verdade é só uma mas também é o que fazem dela. E a reputação é um dos valores mais sagrados das pessoas, isso é que não pode ser esquecido.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
O nosso ego aguenta a manipulação
«Quando descobrimos que um mágico está a fazer um truque, não ficamos zangados. Também sabemos que a maquilhagem não faz realmente com que as mulheres pareçam vinte anos mais novas e que a cozinha do nosso restaurante preferido não é tão limpa como a que temos em casa. Isso não faz mal. Embarcamos nestas mentiras porque tanto você como quem conta a história beneficiam dela enquanto acreditarem nela».
Seth Godin, «As mentiras do marketing»
Seth Godin, «As mentiras do marketing»
MEO, nova marca da ZON/Optimus e uma ideia polémica
Ontem quando escrevi sobre a morte da marca TMN e o renascimento de uma marca, houve quem entendesse - e eu expliquei-me mal e peço desculpa aos leitores - que isso seria tudo relacionado com a TMN e não é assim.
O MEO é a OUTRA VIDA da TMN. O MEO, que foi a marca mais recordada o ano passado pelos portugueses, fruto também das reconhecidas campanhas publicitárias criadas pela Partners, passa assim a ser a marca em que convergem todos os serviços de telecomunicações e entretenimento do grupo. Morre a TMN que ganha outra vida.
Quanto ao renascimento de uma marca isso passa pela nova identidade da ZON/Optimus. «Para isso, a operadora liderada por Miguel Almeida já entregou a criação da identidade da nova empresa resultante da fusão da Zon e da Optimus à agência britânica Wolff Olins», escreveu a Ana Marcela no Dinheiro Vivo,
Aqui, como ontem escrevi, «o que o mercado e os seus possíveis consumidores vão necessitar é de um reforço de empatia, é isso que leva ao robustecimento da ligação emocional dos clientes às marcas. Vamos ver como será o novo nome».
Sobre a ideia polémica que falo no título do post é a seguinte e agarrando neste exemplo do recurso a uma agência de branding inglesa. Muitas empresas portuguesas queixam-se que nos seus esforços de internacionalização, quando se focam em potenciais mercados, encontram diversas barreiras protecionistas.
As nossas empresas enfrentam concorrentes maiores e países que protegem em primeiro lugar as empresas locais - podia citar vários casos, vários países, vários sectores de actividade. Só em Portugal ainda sobrevive o nacional-parolismo de que o que tem marca estrangeira é que é bom. Aqui tudo entra sem restrições.
Naturalmente, vivemos numa economia globalizada e há imposições jurídicas em concursos que pelo seu valor têm de ser abertos a multinacionais e empresas não portuguesas. Mas é tempo de, em determinados casos, haver uma "cartelização das decisões" em prol de empresas nacionais, não só por serem nossas mas também porque em Portugal há valor e talento. Se não defendermos no nosso território as nossas empresas, ninguém o fará lá fora.
O MEO é a OUTRA VIDA da TMN. O MEO, que foi a marca mais recordada o ano passado pelos portugueses, fruto também das reconhecidas campanhas publicitárias criadas pela Partners, passa assim a ser a marca em que convergem todos os serviços de telecomunicações e entretenimento do grupo. Morre a TMN que ganha outra vida.
Quanto ao renascimento de uma marca isso passa pela nova identidade da ZON/Optimus. «Para isso, a operadora liderada por Miguel Almeida já entregou a criação da identidade da nova empresa resultante da fusão da Zon e da Optimus à agência britânica Wolff Olins», escreveu a Ana Marcela no Dinheiro Vivo,
Aqui, como ontem escrevi, «o que o mercado e os seus possíveis consumidores vão necessitar é de um reforço de empatia, é isso que leva ao robustecimento da ligação emocional dos clientes às marcas. Vamos ver como será o novo nome».
Sobre a ideia polémica que falo no título do post é a seguinte e agarrando neste exemplo do recurso a uma agência de branding inglesa. Muitas empresas portuguesas queixam-se que nos seus esforços de internacionalização, quando se focam em potenciais mercados, encontram diversas barreiras protecionistas.
As nossas empresas enfrentam concorrentes maiores e países que protegem em primeiro lugar as empresas locais - podia citar vários casos, vários países, vários sectores de actividade. Só em Portugal ainda sobrevive o nacional-parolismo de que o que tem marca estrangeira é que é bom. Aqui tudo entra sem restrições.
Naturalmente, vivemos numa economia globalizada e há imposições jurídicas em concursos que pelo seu valor têm de ser abertos a multinacionais e empresas não portuguesas. Mas é tempo de, em determinados casos, haver uma "cartelização das decisões" em prol de empresas nacionais, não só por serem nossas mas também porque em Portugal há valor e talento. Se não defendermos no nosso território as nossas empresas, ninguém o fará lá fora.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
A morte da TMN e o renascimento de uma marca
Já tivemos enterradas a Telecel, a TVCabo e agora a TMN. No último ano a marca que os portugueses mais têm na memória é o MEO, e até nem é líder do seu mercado.
No caso da TMN houve um apagamento devido a diversas movimentações na sua estrutura acionista e um desinvestimento na marca e na sua variante, também, de relações públicas.
A morte da marca TMN vai dar origem a uma nova marca, tarefa a cargo de uma agência de "branding" inglesa. O que o mercado e os seus possíveis consumidores vão necessitar é de um reforço de empatia, é isso que leva ao robustecimento da ligação emocional dos clientes às marcas. Vamos ver como será o novo nome.
No caso da TMN houve um apagamento devido a diversas movimentações na sua estrutura acionista e um desinvestimento na marca e na sua variante, também, de relações públicas.
A morte da marca TMN vai dar origem a uma nova marca, tarefa a cargo de uma agência de "branding" inglesa. O que o mercado e os seus possíveis consumidores vão necessitar é de um reforço de empatia, é isso que leva ao robustecimento da ligação emocional dos clientes às marcas. Vamos ver como será o novo nome.
O marketing e as pessoas
«O marketing não é o problema. O marketing é apenas uma ferramenta. As pessoas é que são o problema. As pessoas com pressões a curto prazo e objectivos egoístas e gananciosos»
Seth Godin, "As mentiras do marketing»
Seth Godin, "As mentiras do marketing»
sábado, 25 de janeiro de 2014
A opção de Durão Barroso e o tempo das presidenciais
O Expresso anuncia hoje que Durão Barroso não é candidato presidencial. O presidente da Comissão Europeia não é um homem brilhante, mas também não é pouco inteligente. Ele sabe perfeitamente que, em Portugal, jamais ganhará uma eleição, nem para administrador do seu condomínio.
Os portugueses sabem que ele fugiu, em 2004, à contestação crescente quando era Primeiro-Ministro e depois do pior resultado de sempre do PSD coligado com o CDS nas eleições europeias em Junho. Durão nunca será um cavalo ganhador por cá, mas lá fora, com ajuda americana, poderá almejar outros lugares de prestígio.
E tenho assistido a muita conversa sobre presidenciais. Não é o tempo certo para isso, é cedo demais. Depois do segundo semestre falamos.
Os portugueses sabem que ele fugiu, em 2004, à contestação crescente quando era Primeiro-Ministro e depois do pior resultado de sempre do PSD coligado com o CDS nas eleições europeias em Junho. Durão nunca será um cavalo ganhador por cá, mas lá fora, com ajuda americana, poderá almejar outros lugares de prestígio.
E tenho assistido a muita conversa sobre presidenciais. Não é o tempo certo para isso, é cedo demais. Depois do segundo semestre falamos.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Uma máxima para líderes
«O marketing é demasiado importante para ser deixado ao departamento de marketing»
David Packard
David Packard
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Rui Calafate
O que deve ser um director de jornal
Quando uma administração escolhe um director de imprensa, deve ter várias condições.
- Deve ser um bom jornalista com provas dadas que dê garantias de respeitabilidade à sua equipa e para quem compra o jornal.
- Deve ter boas fontes que lhe possibilitem acompanhar e confirmar as melhores histórias.
- Deve ser um líder e com conhecimentos da natureza humana, comandar homens e apreender os seus sinais é difícil.
- Deve conhecer o mercado, as suas variáveis, saber o que se faz noutras coordenadas geográficas, antever movimentos e ser criativo.
- Deve ser racional e pouco emocional. Não seguir o seu coração, mas sim conhecer o coração dos leitores.
- Deve ser um embaixador da marca que comanda, um diplomata, manter boas relações com um amplo leque de protagonistas, deve sair do centro da polémica, para polémicas tem os seus colunistas.
- Deve ser um bom jornalista com provas dadas que dê garantias de respeitabilidade à sua equipa e para quem compra o jornal.
- Deve ter boas fontes que lhe possibilitem acompanhar e confirmar as melhores histórias.
- Deve ser um líder e com conhecimentos da natureza humana, comandar homens e apreender os seus sinais é difícil.
- Deve conhecer o mercado, as suas variáveis, saber o que se faz noutras coordenadas geográficas, antever movimentos e ser criativo.
- Deve ser racional e pouco emocional. Não seguir o seu coração, mas sim conhecer o coração dos leitores.
- Deve ser um embaixador da marca que comanda, um diplomata, manter boas relações com um amplo leque de protagonistas, deve sair do centro da polémica, para polémicas tem os seus colunistas.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
A mini-saia da nossa pequenez
Uma assessora de Cavaco Silva, bonita, decide ir de mini-saia (nem tão mini assim) para o evento da condecoração de Cristiano Ronaldo. Fez notícia e apareceram uns cavalheiros a botar opinião na imprensa. Um assunto de lana.caprina que pôs um pobre País a mostrar a sua pequenez, o seu conservadorismo bacoco. É ridículo como se perde tempo com assuntos que não servem para nada.
O Lobo e o Escravo
Falar de Martin Scorsese é falar de um monstro da Sétima Arte, um homem que adora cinema e que o estuda e recupera. A ele agradeço, assim de memória, "O Rei da Comédia", "Casino", "Taxi Driver", "Touro Enraivecido", "Idade da Inocência", "Tudo Bons Rapazes" ou o mais injustiçado "Bringing out the dead" que é prodigioso.
Mesmo alguns filmes menores são melhores do que a média de Hollywood. Depois da sua deliciosa e ternurenta homenagem ao cinema com "A Invenção de Hugo", Scorsese regressa com o "Lobo de Wall Street". Parece enérgico, mas é a pura ilusão da droga consumida por Jordan Bellfort, a personagem real do filme.
Scorsese, apesar da excelência da sua obra, foi apenas reconhecido com Óscares por uma sua obra menor "Departed", que se baseava na trilogia "Infiltrados", made in Hong Kong. Este "Lobo" é um filme bom para os patamares actuais da indústria de Hollywood, teria 3 estrelas se eu fizesse crítica de cinema.
Momentos hilariantes, diverti-me na primeira hora e meia, mas é um filme desequilibrado. Fez-me lembrar as mesmas sensações que tive com "O Aviador", sobre Howard Hughes, também uma parceria Scorsese/Di Caprio. Podia ser um grande filme mas falta profundidade no argumento e nos desempenhos.
Houve quem o comparasse a "Wall Street", de Oliver Stone, mas não tem nada a ver. A personagem Jordan é um comercial que entra numa vida de deboche sem muita explicação. Gordon Gekko tem o cinismo e a perfídia do poder oculto do dinheiro. Onde o primeiro é consumido pelas drogas que toma, o outro naufraga no seu "killer-instinct" sem emoções.
Sobre "12 anos escravo", o terceiro filme do realizador inglês Steve McQueen, tem muito dos seus dois filmes anteriores de que gostei: "Hunger" e "Shame", nomeadamente o seu magistral actor-fétiche Michael Fassbender, novamente em grande "performance". Também é um filme razoável, bom para os parâmetros da actual indústria.
Como em determinada época pessoas tinham de apagar os seus traços de personalidade para sobreviver. A violência dessa diluição e subtracção em cada plano do protagonista, Chiwetel Ejiofor, actor de uma magnífica série britânica "Na Sombra da Dúvida" (que passou no TVSéries).
Como sugestão, e passam nos TVfilmes, deixo os dois melhores filmes de 2013 para verem: "A Caça", de Thomas Vinterberg (que está nomeado para o Óscar de melhor filme estrangeiro deste ano, com um genial Mads Mikkelsen) e "Lore", de Cate Shortland.
Mesmo alguns filmes menores são melhores do que a média de Hollywood. Depois da sua deliciosa e ternurenta homenagem ao cinema com "A Invenção de Hugo", Scorsese regressa com o "Lobo de Wall Street". Parece enérgico, mas é a pura ilusão da droga consumida por Jordan Bellfort, a personagem real do filme.
Scorsese, apesar da excelência da sua obra, foi apenas reconhecido com Óscares por uma sua obra menor "Departed", que se baseava na trilogia "Infiltrados", made in Hong Kong. Este "Lobo" é um filme bom para os patamares actuais da indústria de Hollywood, teria 3 estrelas se eu fizesse crítica de cinema.
Momentos hilariantes, diverti-me na primeira hora e meia, mas é um filme desequilibrado. Fez-me lembrar as mesmas sensações que tive com "O Aviador", sobre Howard Hughes, também uma parceria Scorsese/Di Caprio. Podia ser um grande filme mas falta profundidade no argumento e nos desempenhos.
Houve quem o comparasse a "Wall Street", de Oliver Stone, mas não tem nada a ver. A personagem Jordan é um comercial que entra numa vida de deboche sem muita explicação. Gordon Gekko tem o cinismo e a perfídia do poder oculto do dinheiro. Onde o primeiro é consumido pelas drogas que toma, o outro naufraga no seu "killer-instinct" sem emoções.
Sobre "12 anos escravo", o terceiro filme do realizador inglês Steve McQueen, tem muito dos seus dois filmes anteriores de que gostei: "Hunger" e "Shame", nomeadamente o seu magistral actor-fétiche Michael Fassbender, novamente em grande "performance". Também é um filme razoável, bom para os parâmetros da actual indústria.
Como em determinada época pessoas tinham de apagar os seus traços de personalidade para sobreviver. A violência dessa diluição e subtracção em cada plano do protagonista, Chiwetel Ejiofor, actor de uma magnífica série britânica "Na Sombra da Dúvida" (que passou no TVSéries).
Como sugestão, e passam nos TVfilmes, deixo os dois melhores filmes de 2013 para verem: "A Caça", de Thomas Vinterberg (que está nomeado para o Óscar de melhor filme estrangeiro deste ano, com um genial Mads Mikkelsen) e "Lore", de Cate Shortland.
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terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Regra fundamental para consultores de comunicação
Os consultores de comunicação não posam para fotografias em eventos onde estão a trabalhar com as pessoas que aconselham. A figura é o cliente, o consultor é o apoio, fundamental por vezes, mas discreto. O trabalho dos consultores de comunicação é no campo das sombras, não no terreno do "flash" do fotógrafo.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Tragédia do Meco: as 3 partes do problema
Sobre a tragédia que aconteceu no Meco e que levou a vida a seis jovens deixo 3 notas:
1- A nota mais grave, a irreparável perda de vidas humanas numa noite em que muito ainda há para explicar e as famílias das vítimas não vão deixar morrer o assunto.
2- Tudo parece que se enquadra num estúpido ritual de praxe académica. Sempre achei ridículo um bando de anormais fazerem escravos para seus caprichos os novos estudantes universitários. No Meco crescem as suspeitas de que algo estúpido assim aconteceu. É tempo das próprias universidades não permitirem que se humilhem alunos nem que os deixem pôr em perigo. Os responsáveis desta praxe macabra devem ser presos e expulsos da universidade que frequentam como exemplo.
3- Depois há um lado menos grave, mas não menos importante. O Meco situa-se no concelho de Sesimbra e esta tragédia ensombra o local e com esta história mal contada é a reputação do concelho que está em causa e não tem culpa da estupidez alheia.
1- A nota mais grave, a irreparável perda de vidas humanas numa noite em que muito ainda há para explicar e as famílias das vítimas não vão deixar morrer o assunto.
2- Tudo parece que se enquadra num estúpido ritual de praxe académica. Sempre achei ridículo um bando de anormais fazerem escravos para seus caprichos os novos estudantes universitários. No Meco crescem as suspeitas de que algo estúpido assim aconteceu. É tempo das próprias universidades não permitirem que se humilhem alunos nem que os deixem pôr em perigo. Os responsáveis desta praxe macabra devem ser presos e expulsos da universidade que frequentam como exemplo.
3- Depois há um lado menos grave, mas não menos importante. O Meco situa-se no concelho de Sesimbra e esta tragédia ensombra o local e com esta história mal contada é a reputação do concelho que está em causa e não tem culpa da estupidez alheia.
A obsessão de Marcelo
Há uns anos atrás, Nicolas Sarkozy dizia que pensava muito mais do que 5 vezes por dia na possibilidade de ser candidato presidencial em França. E foi.
Marcelo Rebelo de Sousa tem a mesma obsessão há anos, só não sei é se chega lá. A sua vida política é um misto da sua personalidade: hipocondríaco, jogos florentinos e instabilidade psicológica diária, que o levaram, ao fim e ao cabo, a ser um mito com pés de barro.
Pela sua obsessão, Marcelo que é um snob, é obrigado a vestir o fato de "popularucho" nas suas prédicas dominicais. É um catavento, um Rasputine sem barba, que muitas vezes diz o que não sabe e engana-se.
Ao contrário do que disse ontem, Marcelo fará tudo para ser candidato e só não o será pelas suas fragilidades psicológicas habituais. Na história do sapo e do escorpião, ele é o escorpião. De si próprio.
Marcelo Rebelo de Sousa tem a mesma obsessão há anos, só não sei é se chega lá. A sua vida política é um misto da sua personalidade: hipocondríaco, jogos florentinos e instabilidade psicológica diária, que o levaram, ao fim e ao cabo, a ser um mito com pés de barro.
Pela sua obsessão, Marcelo que é um snob, é obrigado a vestir o fato de "popularucho" nas suas prédicas dominicais. É um catavento, um Rasputine sem barba, que muitas vezes diz o que não sabe e engana-se.
Ao contrário do que disse ontem, Marcelo fará tudo para ser candidato e só não o será pelas suas fragilidades psicológicas habituais. Na história do sapo e do escorpião, ele é o escorpião. De si próprio.
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Rui Calafate
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
A hipocrisia da imprensa francesa
Era conhecido da imprensa francesa que Valéry Giscard d`Estaing fugia à noite do Eliseu para ir ter com os seus casos, nomeadamente, hospedeiras da Air France.
Era conhecido da imprensa francesa que François Mitterrand tinha uma outra família secreta, uma filha, Mazarine, que só foi dada a conhecer após a morte do presidente.
Podiam dizer que era um tempo de respeito pela vida privada e houve apenas uma evolução dos media e mais apetite das audiências pelas histórias de alcova. Mas a imprensa sempre tem uma agenda que é sua, tem os seus preferidos. Revelarem que Hollande tem uma amante é apenas uma hipocrisia quando noutros tempos estiveram calados.
Era conhecido da imprensa francesa que François Mitterrand tinha uma outra família secreta, uma filha, Mazarine, que só foi dada a conhecer após a morte do presidente.
Podiam dizer que era um tempo de respeito pela vida privada e houve apenas uma evolução dos media e mais apetite das audiências pelas histórias de alcova. Mas a imprensa sempre tem uma agenda que é sua, tem os seus preferidos. Revelarem que Hollande tem uma amante é apenas uma hipocrisia quando noutros tempos estiveram calados.
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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Navegar num mundo de polémicas
As redes sociais permitem a livre expressão de qualquer pessoa. Ninguém peneira o ouro, como na comunicação social. O valor da opinião expressa volatiliza-se, mas acentua-se a polémica. Um qualquer mínimo pormenor é um foco de tensão e de combate. É engraçado, porém, às vezes, torna-se cansativo.
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Uma ideia para agitar a política
A ideia é simples: porque não podemos nós escolher o nosso deputado. A ideia é do Pedro Magalhães, conhecido pela análise das sondagens e que liderou as mesmas da Universidade Católica, foi meu professor e é um amigo, uma pessoa que estimo muito. O artigo, que convido a ler aqui, é do Ricardo Costa que agarra e desenvolve a sua ideia subscrevendo-a, como eu.
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
As séries de Barack Obama
O presidente americano, como quase todo o mundo que tenha o mínimo de bom gosto, é fã de séries de televisão. Segundo o New York Times, as suas preferidas são Boardwalk Empire, Homeland - Segurança Nacional, Breaking Bad, House of Cards e Guerra dos Tronos. Escolhe bem.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
As boas notícias vendem
No meu primeiro post de 2014, espero que este ano seja mais positivo a nível mediático. Isto é, que haja mais boas notícias, mais jornalismo e menos "jornalice". Menos intriga e mais substância. As catástrofes chamam a atenção, mas as boas notícias vendem. A agenda mediática tem de estar mais esperançosa.
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