sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A ascensão da CMTV e a queda dos outros

Sobre televisão, o meu artigo no ECO desta semana.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O assessor do PM que não era doutor

A queda do assessor do Primeiro-Ministro que não era licenciado é apenas a face visível de uma sociedade em que a aparência é mais importante que a realidade.

Onde o "doutor" é mais importante que a nossa identidade própria, onde é usada a palavra "doutor" como se de um título nobiliárquico se tratasse como nos aristocratas de séculos passados, onde as mentes ridículas tratam toda a gente por "sôtôr" como se isso fosse algum sinal de educação mas é apenas de subserviência.

O valor das pessoas não reside num canudo, há muitos "doutores" incultos, incompetentes, vigaristas e corruptos e muita gente que não andou na universidade que é a melhor nas suas profissões. As pessoas, o seu âmago, são muito mais importantes que títulos. Cabe a todos mudar esta provinciana mentalidade.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Assunção Cristas na CMTV

Há um lado de enorme falta de visão e criatividade (no geral) dos programadores portugueses quando escolhem políticos para comentar nas televisões. Sigam o meu raciocínio, qual é a classe mais descredibilizada e que menos os portugueses têm paciência para aturar? A classe política.

E qual a classe que mais está representada em todos os canais que oferecem comentário político? Os políticos. Ora, os programadores ainda não viram nem compreenderam este paradoxo e ainda mais em Portugal que é o país do mundo onde mais políticos por metro quadrado comentam nas televisões.

O que fazem os políticos? Atenciosamente aceitam os convites, não tendo culpa da cegueira dos programadores, e aproveitam todo o tempo de promoção que lhes possam oferecer, estão no seu direito. Por isso Assunção Cristas aproveita o convite da televisão que mais cresce neste momento, gostem ou não são factos, que lhe traz notoriedade, apesar da reputação do canal não ser boa para a percepção pública.

A líder do CDS. com quem simpatizo, como eu disse à "Meios e Publicidade"quando se tornou ministra, é um excelente produto de comunicação. Por ela própria, da maneira como ela é, sem truques que só estão ao alcance de bons especialistas de comunicação política.

Agora, com toda esta exposição mediática, terá o desafio de construir semanalmente a sua substância, e robustecer o seu perfil sem expor as suas debilidades, que são várias. A televisão tem também esse risco. Ela tem ambição, capacidade de trabalho e simpatia, vamos ver que outras características se vão agregar à sua imagem com esta passagem no CM e CMTV. E, já agora, apresente uma ideia para Lisboa, não basta dizer que é candidata, tem de dizer ao que vai. Os lisboetas aguardam, não se esqueça.

sábado, 22 de outubro de 2016

A Caixa devia ser o banco de todos os portugueses

O meu texto desta semana no ECO é sobre a Caixa Geral de Depósitos. Para ler aqui.

domingo, 16 de outubro de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"Bíblia", Frederico Lourenço, Quetzal, 412 páginas. É um dos acontecimentos literários do ano a tradução do grego do livro sagrado dos católicos. O primeiro volume dado à estampa é o Novo Testamento. O autor tem dado inúmeros contributos valiosos para a língua portuguesa este é mais um.

"Homens Bons", Arturo Perez-Reverte, Asa, 512 pág. O autor construiu este livro no estilo de D. Quixote, li numa entrevista. Mas esta caminhada de Madrid a Paris, em tempo das Luzes, para trazer os  28 volumes da Enciclopédia, o livro dos livros do Iluminismo não é um dos seus melhores livros. Tirando a saga da personagem criada por ele do Capitão Alastriste, que não acompanho, já li todos os livros do autor murciano e continuo a considerar "O Assédio", "O Tango da Velha Guarda" e "O Pintor de Batalhas" como as suas obras superlativas, as quais recomendo.

Cinema

Em casa, vejam o classicismo de Steven Spielberg em "A Ponte dos Espiões", TVC1, sexta, 21.30h, mas sobretudo dois grandes actores em acção Tom Hanks e Mark Rylance com um papelão que lhe deu Oscar de actor secundário no ano passado.
"Os Profissionais da Crise", hoje TVC1, 21.30h. Recomendo-o não por ser um grande filme, que não é, mas porque é sobre comunicação, sobre uma campanha política e tem alguns apontamentos engraçados. Com a Sandra Bullock no papel de "marqueteira" e Joaquim de Almeida como candidato.
Em sala, esta semana o grande acontecimento é na quarta, dia 19, às 21.30h  na Cinemateca, com a cópia restaurada de "Tristana". Um sublime exercício sobre as perversões e os comportamentos espanhois como só a genialidade de Luis Buñuel conseguia sublinhar. Com o grande fernando Rey e Catherine Deneuve. Eu já tenho bilhete que comprei com antecedência.

Séries

Para lá de esperar que estejam a acompanhar de terça a sexta, na RTP Memória, pelas 23h, o clássico "Hitchcock Apresenta",  realço no fox Crime a reposição da velhinha, mas de enorme qualidade, "Prime Suspect", a partir de terça às 23h, série policial que contribuiu para a notoriedade de Helen Mirren, que já era uma grande actriz de teatro. E deixei a gravar a estreia na RAI 1, terça 20.15h, de "Os Médici" com Dustin Hoffman, são as novidades que me interessam da semana.

Documentários

Amanhã na RTP2, 23.10h, "De Gaulle", a história do momento que marcou a Resistência e o tornou um dos grandes homens de Estado franceses.
No Netflix recomendo, no momento em que Portugal se fala de uma caça ao homem, "Amanda Knox", a história de um crime por explicar em Perugia, os acusados e os inocentes. Grande realização.

Restaurante

Ali em Santa Marta convivem lado a lado dois restaurantes de comida tradicional portuguesa, com boa cozinha e dentro das possibilidades de qualquer pessoa. Ao almoço estão cheios, ao jantar é mais tranquilo. Nomes: "O Andaluz" (mais conhecido) e "O Minhoto".



   

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A máquina de Cristina Ferreira

A minha estreia no novo jornal on-line ECO.https://eco.pt/opiniao/a-maquina-de-cristina-ferreira/

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O MAAT, a EDP e Lisboa

A abertura do MAAT (Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia), excluindo a sua inauguração de lantejoulas no dia 4, que como é habitual nestas coisas se tornou um passeio de vaidades de muitas vacuidades, foi um sucesso.

Uma boa manobra de comunicação/publicidade, investimento alto mas certeiro, que só não foi arrasador, ontem, no espaço mediático porque tivemos a excelente notícia de António Guterres ser eleito o novo secretário-geral das Nações Unidas.

Milhares e milhares de pessoas anónimas ontem o visitaram e viram, se calhar não sabendo bem o valor patrimonial do espólio ali existente, sobretudo a sua relação com o Tejo e a cidade. E se do sucesso de público já falei, o que mais conta para mim é a minha cidade contar com mais um polo de atractividade para os seus e para quem nos visita.

Sou defensor da variada oferta cultural, sou defensor que ela exista em diversas alternativas. É a cultura que enriquece uma sociedade e que consolida uma comunidade. Sem cultura, e as suas várias manifestações, subsistiria a barbárie

Não esqueço, e deixo a sugestão discursiva, que os portugueses continuam a pagar a electricidade mais cara da Europa e o presidente da EDP tem de compreender e passar a mensagem que tudo está a
fazer para que os serviços da EDP sejam competentes e com preço justo.

Mas, neste momento, tenho de estar grato à eléctrica e, especialmente, à sua Fundação e ao seu presidente, o meu amigo Miguel Coutinho, por ter dado a Lisboa, aos portugueses, aos lisboetas e a quem nos visita, mais um espaço de eleição que só enriquece a nossa cidade.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Elena Ferrante e o direito à privacidade

No mundo actual, há um frémito quase global pela partilha de "selfies". Parece um sintoma de que muitos desconhecidos adoravam ser famosos e a publicação dessas imagens abate um pouco o sonho não alcançado de ter 15 minutos de fama.

Depois, há os mais famosos que assentam a sua marca, a sua vida, na exposição quase diária das suas actividades. É quase um "reality show" pessoal que lhes dá o palco e lhes garante contratos publicitários e o reconhecimento de muitos milhões.

Mas, neste mundo de famosos e dos que queriam ser famosos, também há os que se preservam e pouco partilham e ainda há os que optam por permanecer quase anónimos por vontade própria e exclusiva.

Elena Ferrante é provavelmente a escritora mais citada em 2016. Quem já leu a sua tetralogia de Nápoles, é o meu caso, viu a genialidade de uso de todos os mecanismos da prosa, leu, e teve prazer, a arte de saber contar uma história de duas amigas e a sua evolução ao longo da vida.

Pois bem, Elena Ferrante, todos sabem, é um pseudónimo. Assim decidiu ela no seu livre arbítrio e nunca se expôs e as entrevistas que deu por exigência da editora foram sempre por escrito, através de mail. Tem esta mulher direito à sua privacidade? Tem.

O problema é que uma longa investigação veio expor a verdadeira identidade da autora e, de imediato, regressou o debate sobre o público e o privado. A meu ver, pode haver interesse de muita gente em a conhecer, mas ela está no direito de querer apenas escrever e viver uma vida de anonimato, sem ter o afã por aparecer ou tirar "selfies".

O mais importante é lerem-na porque os quatro livros da "Amiga Genial"são absolutamente geniais. E no meio de tanto barulho, de tanto falso "glamour", de tanto "flash", de tanta "selfie", +e bom observar como ainda há alguém que se refugia no silêncio e se protege no seu castelo de privacidade.