sexta-feira, 29 de maio de 2015

Berlusconi no Instagram ou saber estar nas redes sociais

Muitos políticos têm aderido às diferentes redes sociais, é uma verdade. Muitos políticos, apesar disso, continuam sem saber muito bem o que fazer com elas e não as sabem trabalhar, é outra verdade.

É sabido que, por altura de eleições, todos criam páginas e contas, mas depois as abandonam, porque as utilizaram apenas para divulgar as suas acções, comícios ou contactos. Só isso. E nada ganharam com isso.

As redes sociais são para nos darmos a conhecer, geram proximidade, podem criar empatia, desde que utilizadas para mostrarmos aquilo que pensamos, contarmos algo da nossa vida, partilharmos momentos importantes ou chamarmos a atenção para algo que nos toque e pode interessar a nossa comunidade de amigos e seguidores.

Silvio Berlusconi caiu em desgraça. E uma das maneiras que escolheu para reerguer a sua reputação e ganhar novas simpatias foi ter aderido ao Instagram. Assim, podem vê-lo a assistir ao festival Eurovisão da canção, com um par de copos meio vazios e um arranjo floral numa mesa de apoio com as cores de Itália. Ou vê-lo tranquilamente com a sua namorada 50 anos mais nova ou com o cão, Dudu.

Há muitos políticos que ainda não entenderam que as redes sociais não são apenas para partilhar os seus artigos, comícios ou reuniões partidárias. As pessoas, para lá dos amigos, que os seguem, querem conhecer mais deles. É ao dar-se a conhecer que ganham vida. Porque as redes sociais são vida.

terça-feira, 26 de maio de 2015

O melhor trunfo do PS

António Costa não precisa de fazer muito nestas eleições. Basta deixar a miss Swap, Maria Luis Albuquerque, fazer declarações todos os dias. É o seu melhor trunfo. Cada tiro, perdão, declaração, cada erro.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sobre a 3ª temporada de House of Cards

Terminou no sábado a exibição da 3ª temporada em Portugal de uma das melhores séries dos últimos anos. " House of Cards", baseada na realidade britânica criada por Michael Dobbs, é uma série sobre o poder, mas não só.

Aliás, a série americana trouxe outra narrativa agregada à perfídia do poder. Os laços, a relação, a aliança, os labirintos dos Underwood (geniais Kevin Spacey e Robin Wright). Muita gente já disse que esta temporada foi a mais aborrecida e a mais débil.

Quem o diz é porque estava fascinado pela tentação e caminho do poder e suas manobras das duas anteriores. Esta última é marcada pelo casal e não pela política, pelas tentações e pulsões do ser humano. As suas ambições e frustrações . Por isso, é muito mais dura e crua que as anteriores.

A guerra, apesar de ter eleições pelo meio, é uma guerra fria entre os Underwood, violenta por vezes, cruel como pode ser a natureza humana. Uma série de emoções, sobre pessoas, mais do que sobre o poder. Por isso, mais incompreensível e menos espectacular, mas muito mais fascinante. Venha a 4ª temporada. 

domingo, 24 de maio de 2015

Sugestões para a semana

Livros

"Número Zero", Umberto Eco, Gradiva, 163 páginas. Passa-se em 1992, mas o mau jornalismo é intemporal, tal como o bom. Novo livro de uma inteligência superior. Sempre um acto de aprendizagem ler Eco.

"Música para Camaleões", Truman Capote, Livros do Brasil, 270 pág. São 16 contos de um génio da escrita americana. Díspares, diversos, mas um gosto de devorar esta prosa.

"Um Anjo Impuro", Henning Mankell, Presença, 367 pág. O escritor sueco criador do magistral Kurt Wallander vive boa parte do ano em Moçambique. Aqui conta uma história verídica passada em Lourenço Marques (actual Maputo), sobre a mentalidade conservadora no início do século XX.

Cinema

Sábado no TVC1, 21.30h, podem ver "Locke" um dos mais geniais e inovadores filmes do ano passado que passou ao lado dos Óscares porque é bom demais.
Por falar em Óscares, e numa altura que saem para o mercado e aparecem nos canais de cinema os mais nomeados para esses prémios, e que são na sua maioria apenas razoáveis, recomendo que vejam outros dois esquecidos, e muito melhores do que os oscarizados: "Mapas para as Estrelas", de David Cronenberg e, sobretudo, o soberbo, e com um superlativo Jake Gyllenhall, "Nightcrawler-Repórter da Noite". E podem escrever que estes dois daqui a 20 anos serão muito mais lembrados que qualquer dos que ganhou Óscares.

Séries

Estou a acompanhar "Rush" na fox Life, que me recorda um bocadinho "Nip Tuck", mas não tão boa, nem tão negra, e sobre a prevista(?) sensação Wayward Pines, que muitos compararam a "Twin Peaks", esqueçam lá isso. Aliás, já li o livro e vai caminhar para uma enorme decepção.
Numa altura em que as séries terminam as suas temporadas em Portugal, estreia no inicio de Junho no AXN a terceira temporada de uma das minhas séries preferidas: "Hannibal".

Documentários

"Cuba, Batista e a Mafia", terça, 22.50h, no Arte. Sobre a chegada ao poder do ditador cubano, em 1952, e o seu regime.
Recomendo ainda "fassbinder", quarta à noite no Arte, depois da passagem do "Casamento de Maria Braun", um documentário sobre o grande realizador alemão que no dia 31 celebraria 70 anos.

Restaurante

O 1º de Maio no Bairro Alto que com o antigo dono da Tasca do Manel voltou a ser um grande restaurante de comida portuguesa.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Uma lei básica na relação com a imprensa

«A imprensa está contra si. Isso é sempre mau sinal»

The Good Wife, 6a temporada

quinta-feira, 21 de maio de 2015

A política como "Mr. Jones" de Truman Capote

No livro "Música para Camaleões" (edição Livros do Brasil, chancela que em boa hora recuperou a Porto Editora), que contém 16 contos de Truman Capote, existe um deles que nos traz "Mr. Jones".

Uma personagem que não saía do seu quarto, em Brooklyn, mas que recebia pessoas. Não era traficante de droga, nem cartomante, as pessoas vinham apenas para conversar com ele. E em troca das suas palavras e conselhos, as mesmas, gratas, davam-lhe algum dinheiro.

Capote, que morava ao lado, nunca conversou com ele. Apenas viu aquela figura marcante, de rosto pálido, com um sinal de nascença na bochecha esquerda. Era cego e também aleijado, quase incapaz de se deslocar. Um dia, porém, Mr. Jones desapareceu.

Dez anos mais tarde, em Moscovo, com 18 graus negativos, numa carruagem do metro, Capote vê o Mr. Jones. Não lhe consegue dirigir palavra porque este se levanta, «firmando-se num par de pernas robustas e sadias, se pôs de pé e saiu da carruagem em passada larga».

A política tem muito de Mr. Jones, por vezes um embuste, um engano para caçar votos, mas, mais cedo ou mais tarde, a mentira tem sempre perna curta.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Uma curiosidade sobre a imprensa em Portugal

Este post não é sobre o grave momento das vendas da imprensa portuguesa, nem sobre o desinteresse generalizado das pessoas na leitura de jornais e revistas.

É apenas uma curiosidade que mostra, mesmo, que o mercado editorial português de títulos que saem para as bancas cada vez diminui mais. Portugal deve ser o único país da Europa onde já não existe nenhuma revista masculina. Todas encerraram.

sábado, 16 de maio de 2015

Edson Athayde de volta ao PS

Sou amigo do Edson e sei que ele é genial. Antes de 1995 lançou outdoors por todo o país com um rosto pouco conhecido fora de Lisboa que se chamava António Guterres. Ao lado da sua imagem vinha um slogan: «O homem que sabe o que quer para o País».

Com uma frase criou a percepção que havia um programa, ideias, mudança para um Portugal assolado pela decadência do cavaquismo. Guterres catalogado por Vasco Pulido Valente como «picareta falante», não era apenas uma máquina extremamente inteligente de palavras era mais do que isso. E esse outdoor criado pelo Edson, para lá da notoriedade, trouxe a criação da percepção de um homem de Estado.

Agora, estará com o PS vinte anos depois. Tem o cansaço que o País vive com a coligação do Governo PSD/CDS do seu lado, mas vai ter de dar confiança às pessoas para se encantarem com António Costa. Terá de agarrar na mudança e dar-lhe "gravitas". Um enorme desafio para uma campanha que será mais interessante com o seu contributo.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

"New York Times" começa a publicar directamente no Facebook

«Tras el emblemático diario estadounidense irán la web Buzzfeed —centrada en contenido social—, la cadena de televisión y radio NBC NewsNational Geographic, el diario británico The Guardian, la cadena de radio y televisión pública de Reino Unido BBC y las publicaciones alemanas Bild y Spiegel Online, que se sumarán en una segunda oleada. En ninguno de los casos se conoce por el momento la cantidad de artículos por día, ni cómo compartirán ingresos, pero sí que han creado una fórmula para compartir una publicidad que pretende ser personalizada al detalle según cada perfil de usuario y, en consecuencia, más valiosa.» (tirei do El Pais).

Ontem mencionei como a política deve aproximar-se das pessoas através das redes sociais. Hoje, um exemplo de como os media podem ligar-se aonde andam verdadeiramente as pessoas e os novos caminhos que terão de dar para combater a perda de leitores e de audiências.

David Carr um analista de comunicação comentou sobre a relação do Facebook com os media: «Para os meios é como um cão que vem a correr para ti num parque. Muitas vezes não sabes se quer morder-te ou brincar contigo»

terça-feira, 12 de maio de 2015

Um Governo pelo twitter

David Cameron ganhou as eleições no Reino Unido e ganhou bem. Agora vai anunciar o seu elenco governativo pelo twitter. Por um lado é moderno e aproxima-se das pessoas, por outros perde a solenidade e a "gravitas" que se impõe a um Executivo.

Em Inglaterra, país de liberdade e inovador, aceita-se. Se acontecesse em Portugal caía o Carmo e a Trindade. É bom que se abram as janelas para sair o bolor. A política não perde a sua importância por recorrer às novas tecnologias. O problema é que muitos por cá não percebem nada disto.

domingo, 10 de maio de 2015

3 razões para ser jornalista

«Sou jornalista por três razões: porque nasci para isso; porque tirei o curso da vida que me permitiu ver muito; e porque nunca estudei jornalismo e li sempre jornais»

Ferreira Fernandes (numa entrevista antiga à LER)

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Quando as sondagens se enganam

Eu, pessoalmente, não acredito muito em sondagens. E de algumas empresas não acredito mesmo em nada. Tenho alguns episódios sobre elas para contar, quando escrever um dia as minhas memórias.

Cá, como lá, enganam-se muito. As sondagens são indicadores preciosos, quando correctas, para aferir o momento, sentir o pulsar das pessoas num instante. Não sei se já repararam que as sondagens à boca de urna, no dia da eleição, praticamente em cem por cento dos casos acerta. Porém, se virmos as sondagens uma semana antes, na maior parte dos casos, erra.

Pode haver erro, pode haver manipulação ou podem as empresas de sondagens defenderem-se dizendo que naquele dia era o resultado do momento, naquele dia preciso. O que é certo é que mais uma vez se enganaram. No caso, no Reino Unido onde David Cameron está à beira da maioria absoluta e afinal as eleições não estavam taco-a-taco como os institutos de sondagens previram.

É certo que Ed Miliband, líder do Labour, era uma criatura um bocadinho bizarra e os ingleses nunca acreditaram muito nele. Mas Cameron teve o mérito de assustar o eleitorado com a perda do crescimento económico que tem vindo a ser consequentemente realizado. Uma grande vitória dos Conservadores. Uma enorme derrota dos Trabalhistas e especialmente das sondagens.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

A política por SMS

«Portas desmente Passos». Tudo porque uma biografia diz que ele se demitiu por SMS, o líder do CDS diz que por carta. O que é que isto interessa? Não têm nada que fazer?

Antes um SMS de António Costa a destratar o meu amigo João Vieira Pereira do Expresso. Os tempos avançam, mas parece que as novas tecnologias não ajudam a política. Só a prejudicam e criam casos. A política tem perdido dignidade porque cai a pique a densidade dos políticos.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Um milhão para mim, outro milhão para ti, Olá, Olá

Quando li o que passarei a escrever, lembrei-me de um anúncio muito antigo do gelado Corneto da Olá que cantava assim: «Um Corneto para mim, um Corneto para ti, Olá, Olá». PT pagou 14,3 milhões a administradores no ano do colapso, segundo o Expresso que se baseia no Jornal de Negócios.

Henrique Granadeiro: 1,85 milhões de euros.
Zeinal Bava: 1,61 milhões de euros.
Luís Pacheco de Melo: 1,38 milhões de euros.
Carlos Duarte: 1,2 milhões de euros.
Manuel Rosa da Silva: 1,26 milhões de euros.
Shakhaff Wine : 4 milhões de euros.
Outros administradores: 2,8 milhões de euros.

Andam todos por aí, uns receberam as mais altas condecorações nacionais, ganharam prémios internacionais de gestão, outros, sem pudor, aparecem em cerimónias públicas a apoiar candidatos presidenciais, outros comem e bebem nos melhores restaurantes ainda com ares de superioridade e o capanga da comunicação é o principal conselheiro de fernando Medina na Câmara de Lisboa.

Mas são apenas os magos do zero, os carrascos da maior empresa portuguesa. Para a PT, paz à sua alma. Porque os carrascos continuam a andar por aí.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

«As pessoas só se lembram do que corre mal»

A frase do título do post está entre aspas porque, apesar de poder ser dita por qualquer político, ela foi proferida por Nick Clegg, líder dos Liberais-Democratas que estão em coligação com os Conservadores de David Cameron na Grâ-Bretanha.

É uma máxima verdadeira, ainda mais acentuada pelas redes sociais que nunca deixam prescrever o que é dito nos media. Qualquer Governo se bate para que as boas notícias ocupem o espaço mediático, porém, a queda dos poderes tradicionais e a ascensão de micro-poderes aliados a um cada vez maior número de líderes de opinião nas redes sociais leva a que os estados de graça sejam muito rápidos e as críticas floresçam mais rapidamente do que flores na Primavera.

A memória das pessoas para o mau é acentuada pela ausência de credibilidade, de densidade dos políticos modernos. É um enorme desafio fazer e estar na política no século XXI especialmente para os políticos que continuam a viver a política como se estivessem no século passado.

domingo, 3 de maio de 2015

Sugestões para a semana

Livros

"O Miniaturista", Jessie Burton, Presença, 404 páginas. Para alguns críticos o livro do ano de 2014. Passado no século de ouro holandês. Amor e traição, luxo, um livro fascinante e que me agarrou desde sexta-feira.

"Quem disser o contrário é porque tem razão", Mário de Carvalho, Porto Editora, 276 páginas. Um dos melhores escritores portugueses a explicar como se deve escrever um livro. A criação e as suas angústias. Agora que tantos escrevem livros, que o leiam para aprender.

O Fim do Homem Soviético, Porto Editora, http://itsprstupid.blogspot.pt/2015/04/o-fim-do-homem-sovietico.html. basta carregar no link para ler a minha crónica sobre o livro que é excelente para compreender a Rússia pós-perestroika.

Cinema

Na televisão, na quarta, no TVC2 desde as 18.45h, quatro dos grandes filmes de Orson Welles: A Dama de Xangai, A Sede do Mal, Citizen Kane e O Quarto Mandamento. Quatro obras-primas.
Para comprar, já o mencionei como um dos melhores do ano passado: Obediência, de Craig Zabel.

Séries

Agora atenção a "Bacstrom" e "Odissey".

Documentários

Na terça, a partir das 21.35h, no Arte, dois documentários a não perder: "Líbia o impossível Estado Nação" e depois "O Grande bluff de Ronald Reagan. 

Revistas

Recomendo a edição especial encadernada da GEO ("hors-série) sobre as artes e civilizações vistas pelos personagens de Tintin. E a última edição dos "Cahiers du Cinéma" sobre como se constrói um argumento de cinema