segunda-feira, 7 de maio de 2012
Miguel Relvas e a comunicação do Governo
É visível que tem havido dificuldades de comunicação do Governo, até um amador as consegue vislumbrar. É um Governo de coligação e isso poderia dificultar as coisas, mas não é o caso, pois no campo político o Executivo tem sido um bloco coeso, apenas com umas clivagens mais fortes no final de Agosto, mas que não foram do conhecimento público e já foram devidamente ultrapassadas.
No campo comunicacional, há duas pessoas que conhecem melhor e têm mais sensibilidade para o universo mediático e também para a «mão invisível» da comunicação (pois não é só na economia que existe esta «mão invisível», como dizia Adam Smith): Paulo Portas e Miguel Relvas. Mas estando o primeiro com tarefas nos Negócios Estrangeiros, é ao segundo que compete estar mais atento a estas coisas.
Sou amigo do Miguel há muitos anos e desejo-lhe sempre o melhor, como assim deve ser com os amigos. Ele conhece bem os media, conhece as pessoas das agências de comunicação, sabe bem os tempos comunicacionais, conhece as campanhas que se fazem por vezes com a «mão invisível» de que falei.
Enquato fui jornalista de política (até 2001), ouvi sempre dizer que o PS é um partido mais solidário e o PSD mais individualista. Não sei se assim é, agora acrescento que o PSD é um partido de memória mais curta.
Este Primeiro-Ministro teve uma fase de ouro comunicacional, que foi após a sua derrota nas directas do PSD, para Manuela Ferreira Leite. Nessa fase foi aí que construiu as bases para o seu sucesso e vitória posterior. Ele, Pedro Passos Coelho, e o seu braço-direito, Miguel Relvas, sabem bem quem os ajudou, com amizade, lealdade, competência, profissionalismo, discrição, sem pôr notícias nos jornais e a título gratuito, mas às vezes parece que estão esquecidos.
Foi a fase do Construir Ideias, plataforma que juntou sociedade civil e muitos independentes. E alguém, por acaso, discreto e leal, escolheu este nome; foi a fase em que Pedro Passos Coelho ficou a conhecer melhor, e deu-se a conhecer, em almoços nunca noticiados, por lealdade e discrição, a líderes de opinião, directores de jornais e jornalistas, e a decisores, e alguém esteve com ele nesses almoços.
Por isso, considero bizarro que o Miguel Relvas ainda não tenha percebido que, às vezes, em determinados momentos, e apesar de algumas solidariedades oriundas de sociedades secretas, há pessoas e entidades que só por eles trazem má comunicação e a «mão invisível» não perdoa.
Dou um exemplo: Álvaro Santos Pereira é um ministro débil, acrescido pelo facto de conhecer mal Portugal e os portugueses, mas o Governo permitiu que seja uma agência de comunicação próxima da Maçonaria, dirigida por um maçon, a trabalhar com ele. Tem trazido má imprensa, de per si e por isso o ministro tem sido dizimado nos media tradicionais e nas redes sociais (aliás, como tem acontecido também com Mário Figueiredo, presidente da Liga, que também trabalha com essa criatura).
E para reavivar a memória pergunto: nessa fase de afirmação de Pedro Passos Coelho, que mencionei, onde estava essa agência? Pois bem, a trabalhar, quase em exclusividade, com José Sócrates, a sacar centenas de milhares de euros ao Estado em adjudicações directas (como aquela famosa da inauguração de um trecho de estrada no Alentejo. Mas se me chatearem muito, e até já se deram a trabalho de criar um perfil "fake" no Facebook só com amigos do PS - o que é natural - para me tentar chatear no meu mural, eu publico as adjudicações directas todas do tempo de José Sócrates e reitero a questão sobre quem são os accionistas dessa agência).
Muitas críticas têm sido feitas ao Governo. Mas por vezes esquece-se que não é este Governo o responsável pelo actual estado de crise que vivemos, está a lutar como pode contra a herança deixada por Sócrates. Logo, é bizarro, como disse, o que referi anteriormente e determinadas criaturas não podem ter livre entrada nem na São Caetano nem no Governo, pois trazem o carimbo de José Sócrates, trazem má imprensa e o Miguel Relvas é sensível a estes fenómenos.
Há que distinguir solidariedades e lealdades pessoais de outro tipo das mesmas. Porque como terminava o livro de Voltaire, com essa personagem optimista chamada Cândido: «é preciso cultivar o nosso jardim».
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