O primeiro momento comunicacional de um novo Primeiro-Ministro marca uma maneira de encarar o poder e também a sua relação momentânea com o povo. António Costa optou por uma produção com a "Caras", a revista de maior reputação do segmento cor-de-rosa e que lhe deu honras de capa, o que é natural.
Porquê a Caras? Perguntaram muitas centenas de pessoas nas redes sociais, porque não noutra publicação ou media? No meu entender por dois motivos:
1- António Costa não ganhou eleições, não há nenhuma onda de simpatia com ele, o processo que o ungiu a PM deixou muitos portugueses de pulga atrás da orelha. Assim, Costa optou por um momento para tentar ganhar empatia com a sua família junto das famílias portuguesas, e, especialmente, das mulheres. Em vez de uma mensagem política, de uma entrevista recheada de números, Costa escolheu tentar conquistar o coração e não podia ter escolhido melhor meio. Se o conseguiu, isso tão cedo não se consegue descortinar.
2- Diz-me a experiência pessoal que esta época do Natal é boa para os políticos fazerem primeiras páginas familiares em revistas "del corazon" e há edições especiais, inclusive da Caras. O impacto em banca é bom e é uma maneira de entrarem nas casas dos portugueses. E da parte deles a recepção é sempre melhor nesta altura de paz e concórdia do que possivelmente noutras épocas do ano.
Porém, há um factor que hoje em dia condiciona muito as manobras clássicas de comunicação política, como é o caso desta produção de António Costa: são as redes sociais. O impacto em banca, como já mencionei, é poderoso, mas a sua repercussão nas redes pode dividir tropas. Os que apoiam o Governo gostam os que agora passaram à oposição reputam esta operação de caricata. É neste limbo de notoriedade e reputação, comunicação política clássica versus. comunicação digital que todas as manobras devem ser pensadas e os políticos ainda não compreendem bem as redes sociais.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
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