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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Berlusconi e a louca Itália

Durante 20 anos Itália tinha Governos de pouco mais de um ano. Era tipo um roda-bota-fora em que só permanecia "Il Divo", Giullio Andreotti. Depois, via futebol e media, surge a "Forza Italia" de Silvio Berlusconi que durou um bocadinho mais, perante a angústia da cultura de esquerda da qual o cineasta Nanni Moretti foi o principal porta-voz.

Os momentos de lucidez de um Governo técnico liderado por Mario Monti voltam a estar agora em causa. Não só pelo fenómeno das redes sociais Beppe Grillo, mas pelo ressurgimento de Berlusconi que fez da televisão, onde é mestre, o seu espectáculo.

Giovanni Sartori, conhecido politólogo e especialista em sistemas eleitorais é claro: «Berlusconi bate qualquer rival na arte da mentira permanente». Os seus adversários dizem que ele «é um grande vendedor, o melhor». Logo, augura-se a vitória da esquerda de Bersani, mas mais uma vez Itália será uma manta de retalhos no parlamento e ingovernável.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Berlusconi, o rei do porno e Itália

O El Pais hoje faz grande artigo sobre Silvio Berlusconi no seu suplemento em papel com o título "Berlusconi resiste" (pode ler por aqui).

O cineasta Nanni Moretti, crónico critico do actual PM e que fez um filme que o satirizava, "O Caimão", põe o dedo na ferida: «O problema é da esquerda. Berlusconi é uma consequência da devassa e não a sua causa».

O que hoje salta sobre Itália para o mundo é o espectáculo do "bunga-bunga", prostituição, belas mulheres que caiem na cama do sultão para subir na vida. As festas privadas onde Berlusconi diz que não há «orgias apenas coisas elegantes e com classe».

As mulheres italianas (algumas) revoltam-se, outras seguem o jogo que sempre aconteceu em itália. Concursos de beleza e o salto para a ribalta como pin-ups de programas de televisão e um casamento milionário ou com uma celebridade. Sempre foi assim.

Os machões italianos ainda se divertem, ou julgam que não? Senão como se compreenderia que Berlusconi continue a cair no goto de metade dos italianos?

Agora até surge um filme porno baseado nas proezas de Berlusconi e nas suas festas de bunga-bunga (confesso que adoro a expressão). Aliás, o rei do porno, Rocco Siffredi, que encarna o personagem que retrata o magnata/Primeiro-Ministro já o elogiou: «os italianos devem estar orgulhosos de Berlusconi, um homem que aos 74 anos ainda faz amor».

Itália é um grande e belo país, assim continuará a ser. É um país de arte e do espectáculo. E, esse, tem sempre de continuar.

domingo, 18 de abril de 2010

Fini

Gianfranco Fini é um dos melhores políticos italianos, estratega brilhante e astuto.

Iniciou a sua demarcação de Berlusconi e de Bossi, porque entende que o centro-direita moderno não pode ficar refém de «cesarismos» e de falta de debate.

Fini é um descendente do MSI (os discípulos de Mussolini) e depois da Aliança nacional, que soube conduzir para uma linguagem centrista e de discurso sério e credível.

Este ensaio de Fini pode implicar novas eleições no país politicamente mais instável da União Europeia e que deixou, há muito, de estar na vanguarda das grandes decisões. É algo a seguir.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Slogan à antiga

Já não se usam slogans muito grandes em campanhas políticas. Em portugal, o último que me recordo, longo, mas muito eficaz, da autoria do Edson Athayde foi, para António Guterres: «O homem que sabe o que quer para o país».

Em Itália, no último comício em que se apresentou Berlusconi, onde pela primeira vez defendeu a eleição directa para Presidente da República, foi: «O amor vence sempre o ódio e a inveja».

Um magnífico slogan para um novo livro da Jackie Collins, para histórias de faca e alguidar e para os romances e as boazonas que Berlusconi sempre faz integrar nas suas listas.

E até acho, por conhecer aquele país, que se adapta muito bem à situação política actual, onde a esquerda continua sem soluções e sem liderança e Berlusconi continua a fazer o papel de duro macho latino. É uma figura engraçada.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

"Il Divo", Giulio Andreotti

Gosto de partilhar algumas coisas e alguns prazeres. Ontem, fiquei em casa a deliciar-me com "Il Divo", um filme italiano de Paolo Sorrentino, candidato em Cannes, sobre uma personagem que considero fascinante e obscura, Giulio Andreotti.

O trabalho de composição da sua figura é magistral, a famosa corcunda, os gestos, as mãos, o andar de um homem que marcou décadas de influência e poder no país da bota.

A sua côrte em festas brasileiras e com belas mulheres, ele, beato, austero com os seus silêncios e uma ironia profunda. Mas na sua relação com Deus é logo citado o grande jornalista Indro Montanelli: «De Gasperi e Andreotti iam à missa juntos. Todos pensavam que faziam o mesmo, mas não era verdade. Na Igreja, De Gasperi falava com Deus, Andreotti com o padre». Andreotti comenta: «os padres votam, Deus não».

Neste filme perpassa tudo aquilo que acompanha o poder, não me refiro apenas a manobras maquiavélicas, mas à solidão. Quanto às manobras um momento dele é fantástico: «Tenho sentido de humor. E tenho também outra coisa: um grande arquivo no lugar da imaginação. Sempre que menciono o arquivo aqueles que se deviam calar fazem-no, como que por magia».

Andreotti nunca beijou a mãe, era frio, não mostrava afectos, era incapaz da compaixão porque para ele «só existe a política». «Não acho que se possa dividir a humanidade entre anjos e demónios. todos somos pecadores medianos».

No filme pululam as máximas e aforismos do "divino Júlio" (uma das suas alcunhas) a propósito. »Se queremos guardar um segredo, nem a nós próprios o podemos confessar. Não podemos deixar rasto». «A ironia é a melhor cura contra a morte. As curas contra a morte são sempre atrozes».

Um homem que fazia o mal para colher o bem e que levou o seu mentor Alcides De Gasperi (fundador da Democracia Cristã em Itália) a dizer sobre ele: «ele é tão capaz de tudo, que pode ser capaz de qualquer coisa»

E que cultivou a construção da sua imagem (algo sobre que escreverei esta semana). «Sempre preferi que me vissem como um homem culto e não como um grande estadista»

E na sua ironia refinada confessa um padre: «uma vez recebi um telefonema a dizer que me iam matar no dia 26 de Dezembro. Eu agradeci, assim podia passar o Natal em paz».

Um filme que rcomendo sobre o labirinto da influência e um homem, estranho e difícil, e a sua relação com o poder.