Conheço bem duas terras como a palma da minha mão: Lisboa, onde nasci e vivo, e Sesimbra, onde passei férias desde os sete anos de idade e aonde os meus pais têm casa de Verão.
Li no Público de hoje uma reportagem sobre Sesimbra, motivada por ter sido o concelho que apresentou maior índice de abstenção do País. Eu sobre o facto quero dizer umas coisas:
- Os sesimbrenses estão cansados de ver a sua terra a perder importância, a perder empregos, a perder identidade. Sesimbra já não é o que era e, em muitos casos, piorou, nomeadamente, na indescritível avalanche de cimento e betão que todos os autarcas permitiram que inundasse a terra.
- Sesimbra tem um charme muito próprio e todas as condições para agradar a quem a visita. É bonita por natureza e abençoada por ser uma terra calma, come-se bem, tem vistas magníficas. Quem por ali passa e vive mais do que um dia tem sempre saudades dessa calmaria que a invade.
- Mas este ano vários restaurantes fecharam, até o meu preferido, o Tony. Há zonas quase despovoadas de actividade comercial - veja-se o antigo largo da GNR - e se no Verão ainda há vida, no Inverno a povoação está quase deserta.
- Não responsabilizo partidos, responsabilizo pessoas. Sesimbra, desde o 25 de Abril, nunca teve um grande presidente de câmara. Nunca teve uma personalidade que empurrasse o concelho e lhe desse visibilidade. Sesimbra foi-se despovoando e ao mesmo tempo adormecendo. Nunca estimulou a atractividade e mediatizou o potencial que tem. E isso são opções políticas.
- Logo, as pessoas cansadas pela crise, com o desemprego, com a falta de oportunidades e com a falta de carisma e empatia dos candidatos ficam em casa em dia de votos. Não se mobilizam porque, para lá dos factores nacionais, não sentem a paixão dos candidatos e não confiam que eles sejam agentes da mudança que o concelho precisa.
- Este texto que escrevo é apenas uma impressão de um lisboeta que adora Sesimbra. Não tenho receitas para inverter a situação, mas falta visão estratégica global, falta audácia, falta marketing. Não ponho em causa o amor pela terra de quem a governa, mas parece que adormeceram também, estão sem força vital para dar a volta e Sesimbra vai perdendo a sua alma e a sua identidade. E era tão fácil fazer um bocadinho mais e melhor.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
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