Talvez sejamos, e são vários os sinais visíveis no dia-a-dia, uma sociedade conservadora, com enormes preconceitos, com uma imagem difusa e pouco dinâmica do que são as comunidades modernas e os seus movimentos sociais. Ainda muito machista por herança de um «marialvismo» bacoco que ainda alguns tendem a ostentar.
Esta semana, no Negócios, lia que das 17 empresas cotadas no PSI-20, apenas cinco têm mulheres nas suas comissões executivas. Num total de 82 gestores, só oito (10%) são do sexo feminino. São elas Cláudia Azevedo e Ivone Pinho Teixeira (Sonae), Dionizia Ferreira e Ana Maria Jordão (CTT), Maria da Conceição Lucas (BCP) Laurentina Martins e Ana Rebelo Mendonça (Altri) e Ana Paula Marques (NOS), cito-as pelo seu valor e para elogiar as empresas que não hesitam em escolher mulheres para os seus conselhos de administração.
Ontem, o Público fazia manchete com a exigência do Governo ao Banco de Portugal de integrar mais uma mulher nos seus lugares cimeiros onde, para já, só está Elisa Ferreira. Esta semana, Mónica Ferro foi escolhida, e já elogiada por Belém, Governo e todos os quadrantes políticos, para um importante cargo no Fundo das Nações Unidas para a População, depois de um meritório trabalho ao serviço da comunidade, e sem politiquices, que tem desenvolvido pelos direitos das mulheres.
Eu gosto de mulheres. Sei como a maneira delas de estar no mundo, de encarar os problemas, é diferente da dos homens. Com uma sensibilidade e um olhar que não é antagónico mas complementar. «A mulher está muito perto da Natureza, há nela os mesmos encantos e os mesmos perigos», dizia o nosso sábio, tantas vezes esquecido, Agostinho da Silva.
O mundo seria incompleto sem as mulheres. É tempo de se ousar, não sendo nenhuma ousadia, apostar mais nelas. Ainda subsiste em muitos homens aquela mentalidade do personagem anquilosado e retrógrado de Fernando Rey, no “Tristana” de Luis Buñuel, de que a mulher deve estar em casa e, de preferência, calada.
Há mulheres que, por timidez ou vontade, optam por se resguardar, algumas ainda retraídas pelo pecado original de uma sociedade dominada pelos homens. Mas não devemos cortar as asas a quem pretende voar, a quem quer mostrar o seu talento e desenvolver a sua ambição profissional. São bem-vindas e todos ganhamos com isso. Por isso, não hesitem: mais mulheres, se faz favor.
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