A política serve para melhorar a vida das pessoas, da comunidade, e não para enriquecer alguns que se servem dela para a partir da sua circulação nas salas e restaurantes de poder se tornarem em magos de negociatas e comissionistas de eleição.
Dias Loureiro e Oliveira e Costa são apenas dois de muitos mais rostos que saíram de uma safra sob o manto protector do cavaquismo. Um bando de nulidades e mangas de alpaca que chegaram ao partido, e depois ao Governo, com uma mão à frente e outra atrás e que através dos contactos e de «uma palavrinha» foram crescendo no mundo dos negócios e, em muitos casos, à custa do erário público.
As intimidades e conveniências foram semeadas no poder, floresceram com os fundos estruturais que vinham da Europa e que mais pareciam uma torneira sem fundo como o ouro do Brasil no tempo de D. João V. Depois, sem uma lei do financiamento partidário dura e transparente, eram milhões a entrar sem qualquer controlo. Era um tempo em que se D.Dinis vivesse e perguntasse o que D. Isabel trazia no seu regaço, ela, mulher séria, teria de dizer com verdade: «são malas, senhor, são malas». Sim, malas cheias de dinheiro de diversas proveniências para campanhas eleitorais.
Relembro que têm sido todos os portugueses, dos mais humildes aos com mais posses, que têm pago uma série de descalabros na nossa economia, na banca, em grandes empresas e que assistem a isto tudo sem poderem revoltar-se. Já lá vão 15 mil milhões de euros dos nossos bolsos para safar alguns que continuam a circular impávidos e serenos em restaurantes da moda e alguns ainda têm a pouca vergonha de abrir o bico e comentar o estado da arte.
Este bando de escroques andou sobre o gelo, sem medo, porque ninguém os pune, ninguém consegue provar a ganância rapace destas aves de rapina. Uma alcateia de gente sem espinha e que se está marimbando para nós que temos de viver asfixiados pela austeridade, porque eles estão bem nas suas casas de luxo, nas suas viagens por paraísos tropicais onde, por acaso, se esconde muito do dinheiro sujo.
Sempre que ouvia e via esta ralé moral lembrava-me da “Máscara” (Persona) de Ingmar Bergman: «cada tom de voz uma mentira, cada gesto uma falsidade, cada sorriso uma tristeza». Eu, como o Ministério Público, não os posso acusar de nada. Não tenho provas para isso. A nossa condenação e repulsa é o nojo que sentimos por estas criaturas que se tornaram milionárias sem sabermos muito bem como. Se calhar até sabemos: são as famosas “heranças”. Tantas “tias ricas” têm Dias Loureiro e a restante canalha. Que sorte que têm neste pobre País.
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