sábado, 22 de outubro de 2011

Oráculo (342)

«O amor é um tipo de guerra»

Ovídio

1 comentário:

  1. Hugo Correia22/10/11 03:20

    «Antes de nada, compenetra-te de que todas as mulheres podem ser conquistadas: assim as conquistarás. Apenas tens que estender a rede. [...] Mesmo a mais inacessível sucumbirá quando a cortejes. [...] Assim, eia, não duvides da esperança que tens acerca das mulheres; entre mil, mal haverá uma que te resista. Tanto as que condescendem como as que se negam, alegram-se não obstante de que as cortejemos. Mesmo que sejas defraudado, a negativa não terá para ti maiores consequências.»

    «Qual, sendo um homem experimentado, não mesclará os seus beijos com palavras ternas? Mesmo que ela não tos dê, rouba-lhos tu, apesar de não tos dar. A princípio, é possível que resista e te chame "insolente", mas, resistindo, não anseia mais que a própria derrota. Sobretudo, guarda-te de causares dano aos seus lábios delicados com beijos extorquidos violentamente, e não possa queixar-se ela de terem sido brutais.»

    «Tal como o pudor impede a mulher de tomar a iniciativa, assim, quando é o homem a começar, consente ela gostosamente. Sim! Confia demasiado na beleza própria o homem que aguarda que a mulher o solicite em primeiro lugar. Cabe ao homem a aproximação, cabe-lhe proferir as palavras de sedução e, a ela, acolher afavelmente as súplicas carinhosas. Queres fazê-la tua? Implora. É isso que ela deseja. Expõe o motivo e o princípio do teu desejo. [...] Mas atenção! Se te dás conta de que, pelas tuas súplicas, aumenta o seu orgulho altaneiro, abandona o teu propósito e bate retirada. Muitas desejam o que delas foge e odeiam o que as acossa: evita que se fatiguem de ti, acossando com menos insistência. E nem sempre as tuas esperanças devem fazer sentido nas tuas súplicas. Para fazer admitir o teu amor, deves recobri-lo com o véu da amizade.»

    «A cada idade convém uma estratégia diferente. Uma corça velha dar-se-á conta das armadilhas a maior distância. Se, perante uma inculta, te mostras douto, e demasiado desenvolto perante a envergonhada, ela, em seguida, desconfiará de si mesma, sentindo-se uma desgraçada. Por isso ocorre, por vezes, que a mulher que recuou de se entregar a um homem honrado, acaba vilmente por cair nos braços de outro muito inferior.»

    Ovídio, Arte de amar

    «O amor, tal como o fogo, não pode subsistir sem um movimento contínuo; e cessa de viver a partir do momento em que cessa de esperar ou de recear.»

    La Rochefoucauld, Máximas

    «Sempre uma pequena dúvida a acalmar, eis o que faz a sede de todos instantes, eis o que constitui a vida do amor feliz. Como o receio jamais o abandona, os seus prazeres jamais enfastiam. O carácter desta felicidade é de extrema seriedade.»

    «A mulher suspeita de inconstância [...] abandona-vos porque [...] talvez tenhais no seu coração o apoio do hábito. Ela abandona-vos porque está muito segura de vós. Matastes o receio e as pequenas dúvidas do amor feliz já não podem nascer; causai-lhe inquietação e, sobretudo, evitai o absurdo dos protestos.»

    Stendhal, Do amor

    Para a mulher...

    «Não te prometas com facilidade ao suspirante que te solicita, nem tão-pouco te negues com dureza às suas petições. Procura que tema e que tenha esperanças ao mesmo tempo, e que cada uma das tuas respostas reforce a sua esperança, diminuindo o receio. As palavras que as mulheres empregam devem ser elegantes, mas sem efeitos, nem rebuscadas: o tom vulgar da conversação tem o seu encanto.»

    Favores acordados facilmente não alimentam um amor duradouro: há que intercalar de vez em quando uma negativa no meio das doces diversões. Deixai o amante à porta; que sobreleve muitos desaires com submissão e outros tantos com ameaças. Eu não suporto o que é insípido; excitemos o apetite com um xarope amargo. [...] Caindo o amante nas tuas redes, deixá-lo ufanar-se de ser o único dono do teu tálamo; mas, após algum tempo, inculca-lhe a suspeita de ter um rival e de partilhar com outro o direito de aceder ao teu leito. Se suprimires estes truques, envelhece o amor.

    Ovídio, Arte de amar

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