domingo, 3 de outubro de 2010

A casa dos segredos

Estreia-se hoje na TVI a "Casa dos Segredos", que marca o regresso dos "reality shows" à televisão portuguesa.

Júlia Pinheiro estará à frente do programa que pretende esmagar os "Ídolos" da SIC e condicionar a "Operação Triunfo" da RTP. Com uma certeza: a TVI vai ocupar outra vez o 1º lugar este ano nas audiências, não depende deste programa para isso.

Há dez anos o "Big Brother" marcou a viragem e a galgada da TVI no coração dos portugueses, depois ancorada numa máquina de produção de novelas que tem sustentado a sua liderança.

E com o BB deu azo a que inúmeros portugueses quisessem alcançar os 15 minutos de fama das sociedades do espectáculo modernas. Dessa leva toda, ficaram na memória o sexo ao vivo de Marta e Marco, o pontapá do mesmo, o gosto pela tropa do Telmo, as misérias de Zé Maria e a beleza da Liliana Aguiar a única que ganhou alguma coisa com aquilo.

Mas ficou o retrato de um Portugal de uma juventude com poucos valores a não ser a fama, de grunhos que maltratam a língua portuguesa e de histórias de vida sem interesse nenhum.

Adivinha-se com este programa o mesmo e as revistas cor-de-rosa a explorarem estas tristes vidas que anseiam por aparecer no universo mediático.

Como escrevia Mario vargas Llosa há uns tempos, num dos seus magníficos artigos no El Pais, «uma ambição crescente impulsiona cada vez mais gente a actuar de modo que lhe permita escapar do anonimato e aceder a essa efémera popularidade típica dos bobos da corte, os que são bons na arte de entreter, são aplaudidos e recebem umas moedas, e são esquecidos para sempre». E foram mais de 50 mil candidatos a esta Casa dos Segredos.

No Brasil, a Globo já vai no Big Brother 10 onde se retiram as beldades para ser capa da Playboy e onde milhões de brasileiros gastam em chamadas para escolher os que mais gostam.

Para mim os reality shows para lá de me darem o conhecimento do país real, são um estudo sobre a natureza humana, sobre as tácticas de sobrevivência, sobre as alianças e os amores e ódios entre concorrentes. São um estudo da vida, eu, hoje à noite, como milhões de portugueses, vou espreitar.

3 comentários:

  1. Sim, no fundo espreitamos todos...nem que seja para opinar. Não deixa de ser interessante a análise, do ponto de vista socio cultural e do relacionamento interpessoal. Tudo o resto resulta dos participantes. Até pode ser muito interessante. Para Comte, "só há sociedade à medida que seus membros têm as mesmas crenças". Acabei de ver que tenho lá um amigo...

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  2. Concordo consigo em alguns pontos, mas sem duvida nenhuma como ja disseram pelo menos todos nos acabamos por espreitar o programa para depois poder comentar. O que é certo é que todos aqueles concorrentes que la se encontram nao sao burros e sabem o que estao a fazer la dentro. Neste jogo todos querem dinheiro. Os participantes querem o premio final. E a TVI quer subir nas audiencias.

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  3. Quer queiramos quer nao a curiosidade esta inerente aos portugueses e a provar isso esta os 3 milhoes de espectadores na esteria

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