Para quem anda distraído, são as pessoas acima de 50 anos que têm uma maior participação nos actos eleitorais. É também esta camada populacional que mais esteve submetida ao chicote do Governo. Porque isto de ter «os cofres cheios», como dizia a Miss Swap, não surgiu por decreto nem por varinha mágica. Todos nós pagámos e, em especial, os mais velhos e reformados.
Logo, é aqui que se joga o destino das próximas legislativas. O Governo está-se marimbando e já anunciou mais cortes nas pensões. Para lá do autismo e estupidez há um exercício autofágico apenas com o fito de agradar às imposições europeias e a Angela Merkel.
O PS até agora não mostrou nada, mas António Costa pisca o olho a este eleitorado dizendo que quer mais «dignidade para os idosos». A estratégia eleitoral do PS vai passar por aqui, é aqui que se ganham eleições.
segunda-feira, 20 de abril de 2015
domingo, 19 de abril de 2015
Sugestões para a semana
Livros
António Ferro: o inventor do salazarismo , D. Quixote, 388 páginas. No link a minha crónica sobre o livro.
A Lógica do Dinheiro, Niall Ferguson, Temas & debates, 728 páginas. Onde convergem o dinheiro e a política? O poder das nações e o que mexe com ele. Mais um grande livro deste historiador.
Cinema
Hoje 22h no TVC2, "Era uma vez na Anatólia". Uma obra prima do turco Nuri Bilge Ceylan
A comprar uma nova "caixa" de Douglas Sirk que contem "Desejo de Mulher", "Herança de Honra", "O sinal do pagão", "Abnegação" e "Os amantes de Salzburg"
Séries
Para lá do regresso da Guerra dos Tronos, alguma expectativa com "Odissey" que estreia no TVSeries hoje às 22h
Documentário
A Europa à beira do crash. Terça, 21.25h, no Arte. Um documentário passado em 2060 sobre uma realidade que já acabou chamada União Eiropeia
Música
Hoje no Coliseu os geniais Kraftwerk. E dia 5 de maio Eliane Elias, o jazz com sotaque brasileiro no CCB
António Ferro: o inventor do salazarismo , D. Quixote, 388 páginas. No link a minha crónica sobre o livro.
A Lógica do Dinheiro, Niall Ferguson, Temas & debates, 728 páginas. Onde convergem o dinheiro e a política? O poder das nações e o que mexe com ele. Mais um grande livro deste historiador.
Cinema
Hoje 22h no TVC2, "Era uma vez na Anatólia". Uma obra prima do turco Nuri Bilge Ceylan
A comprar uma nova "caixa" de Douglas Sirk que contem "Desejo de Mulher", "Herança de Honra", "O sinal do pagão", "Abnegação" e "Os amantes de Salzburg"
Séries
Para lá do regresso da Guerra dos Tronos, alguma expectativa com "Odissey" que estreia no TVSeries hoje às 22h
Documentário
A Europa à beira do crash. Terça, 21.25h, no Arte. Um documentário passado em 2060 sobre uma realidade que já acabou chamada União Eiropeia
Música
Hoje no Coliseu os geniais Kraftwerk. E dia 5 de maio Eliane Elias, o jazz com sotaque brasileiro no CCB
sábado, 18 de abril de 2015
Guia de conduta para Facebook e Twitter
Leio no DN que a conservadora de selo de qualidade BBC, a poucos dias das legislativas inglesas, criou um novo guia de conduta para a sua equipa no Facebook e Twitter.
«Não deverá indicar a sua preferência e ideologia política ou publicar nada que comprometa a sua imparcialidade, e não criticar ou lançar farpas sobre coisas de forma liberal e partidária» lê-se no novo guia.
E acrescentam: «Nestas plataformas, aquilo que importa é personalidade e humanismo». «Não faça nada estúpido. Você é um jornalista da BBC, aja como tal».
São indicações interessantes para evitar que os seus jornalistas percam a credibilidade e para que não se tornem eles próprios notícia por comentários nas redes sociais. Acima de tudo, deve prevalecer o bom senso e isso não depende nem de guias de conduta nem de códigos legislativos, depende apenas do próprio.
«Não deverá indicar a sua preferência e ideologia política ou publicar nada que comprometa a sua imparcialidade, e não criticar ou lançar farpas sobre coisas de forma liberal e partidária» lê-se no novo guia.
E acrescentam: «Nestas plataformas, aquilo que importa é personalidade e humanismo». «Não faça nada estúpido. Você é um jornalista da BBC, aja como tal».
São indicações interessantes para evitar que os seus jornalistas percam a credibilidade e para que não se tornem eles próprios notícia por comentários nas redes sociais. Acima de tudo, deve prevalecer o bom senso e isso não depende nem de guias de conduta nem de códigos legislativos, depende apenas do próprio.
terça-feira, 14 de abril de 2015
António Ferro: o inventor do salazarismo
Do excelente livro do jornalista Orlando Raimundo, publicado com a chancela D. Quixote, que recomendo leitura, e que tem por título o mesmo do post, retirei vários ensinamentos.
Em primeiro lugar, a curiosidade de perceber melhor o primeiro marqueteiro português e a grande manobra de marketing que conduziu no Diário de Notícias com as suas entrevistas a Salazar.
Depois, já a comandar a propaganda do regime, da qual nunca foi ministro - uma das maiores desilusões de toda a vida - encenou diversos momentos e criações que hoje fazem parte da tradição portuguesa: o galo de Barcelos, as marchas populares, Manoel de Oliveira e a Tóbis, onde, com António Lopes Ribeiro, construiu uma indústria do cinema que realizou os clássicos portugueses que todos conhecemos do pobretes mas alegretes.
Com ele, a ideia de que para vender Portugal, e o seu regime, no estrangeiro, tem de se apostar na vinda de jornalistas, de artistas de diversas artes e da implantação da marca Portugal nas exposições universais, algo que faz parte da cartilha actual da promoção de qualquer país.
Mas ao contrário da percepção existente, aliás semeada pelo próprio Ferro, o retrato que lhe pinta não é o melhor. Não é nenhum génio vanguardista, mas um serventuário de um regime em que sempre acreditou. Manipulou a sua carreira de jornalista para cair nos braços de Salazar, sendo que o seu herói verdadeiro era Mussolini. Mas vivia em Portugal e o homem que pouco sorria e não se divertia com a vida foi o que serviu na sua vida de poder e criação de poder.
Por isso, uma lição que retiro, é que para encenar, comandar e influenciar a vida dos outros, é preciso sermos génios na criação da nossa própria personagem. Ferro era um mestre na criação de si próprio.
Em primeiro lugar, a curiosidade de perceber melhor o primeiro marqueteiro português e a grande manobra de marketing que conduziu no Diário de Notícias com as suas entrevistas a Salazar.
Depois, já a comandar a propaganda do regime, da qual nunca foi ministro - uma das maiores desilusões de toda a vida - encenou diversos momentos e criações que hoje fazem parte da tradição portuguesa: o galo de Barcelos, as marchas populares, Manoel de Oliveira e a Tóbis, onde, com António Lopes Ribeiro, construiu uma indústria do cinema que realizou os clássicos portugueses que todos conhecemos do pobretes mas alegretes.
Com ele, a ideia de que para vender Portugal, e o seu regime, no estrangeiro, tem de se apostar na vinda de jornalistas, de artistas de diversas artes e da implantação da marca Portugal nas exposições universais, algo que faz parte da cartilha actual da promoção de qualquer país.
Mas ao contrário da percepção existente, aliás semeada pelo próprio Ferro, o retrato que lhe pinta não é o melhor. Não é nenhum génio vanguardista, mas um serventuário de um regime em que sempre acreditou. Manipulou a sua carreira de jornalista para cair nos braços de Salazar, sendo que o seu herói verdadeiro era Mussolini. Mas vivia em Portugal e o homem que pouco sorria e não se divertia com a vida foi o que serviu na sua vida de poder e criação de poder.
Por isso, uma lição que retiro, é que para encenar, comandar e influenciar a vida dos outros, é preciso sermos génios na criação da nossa própria personagem. Ferro era um mestre na criação de si próprio.
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sexta-feira, 10 de abril de 2015
Lições da Noruega
A Noruega tem a maior taxa de leitura do mundo, com uma média de 25 livros por pessoa/ano. De entre todos os títulos de autores noruegueses publicados todos os anos, uma comissão escolhe cerca de três centenas e o Estado compra mil exemplares de cada para distribuir pelas bibliotecas públicas. Todas as traduções de autores noruegueses para qualquer língua são subsidiadas bem como são atendidos (e pagos pelo Estado) todos os convites para promoção desses livros no estrangeiro.
Retirei esta informação da revista Ler deste trimestre. Sei que a Noruega é rica e o Estado é bem gerido, mas dá para comparar prioridades do Governo.
Retirei esta informação da revista Ler deste trimestre. Sei que a Noruega é rica e o Estado é bem gerido, mas dá para comparar prioridades do Governo.
terça-feira, 7 de abril de 2015
António Costa e Fernando Medina
«Por outro lado, escolhe outro número 2. Sai Manuel Salgado, um independente que lhe trouxe credibilidade no primeiro mandato, e entra Fernando Medina, 40 anos, PS, com experiência governativa. Para lá de Medina ser um nome a seguir para o futuro, o mais importante é que Costa não corre riscos. Não deixa como 2 o tal independente e mete um companheiro de partido, com perfil de seu sucessor e sem levantar problemas», escrevi estas linhas, neste blog, em 29 de Maio de 2013.
O que antevi nessa altura é que António Costa não corria o risco de deixar a Câmara de Lisboa nas mãos de um independente e criava um sucessor do PS já preparando o terreno para outros vôos. O que quis dizer também com isso é que Costa enganou os lisboetas que votaram nele quando no seu âmago já sentia o afã de avançar para outros desafios.
O que deixou Costa em Lisboa? De bom, para mim, o trabalho no Terreiro do Paço e Ribeira das Naus, a recuperação de quiosques, algum apoio ao empreendedorismo com a Start Up Lisboa e a independência que deu ao Turismo de Lisboa para promover bem a nossa cidade.
Mas deixou uma cidade suja, nunca esteve tão suja como agora, negócios imobiliários pouco claros (o triângulo de Alcântara para o grupo José de Mello e o prédio perto do Sheraton para o grupo Espírito Santo, são dois exemplos), criou um pandemónio no Cais do Sodré, trânsito caótico e deixou o Marquês e a Avenida da Liberdade de pantanas. Visão estratégica global da cidade não existiu e rasgos de génio nunca os vi, talvez porque sendo, sem dúvida, um político hábil lhe falta o perfil de presidente de câmara.
Agora, fica em Lisboa, sem plebiscito popular, Fernando Medina. Perfil baixo, discreto, sem uma ideia para a cidade. Aliás, Rui Moreira chamou-lhe «um grande portuense». É natural que não tenha paixão pela cidade como um lisboeta de gema, por isso aconselho que lhe comecem por explicar a diferença entre a Mouraria e a Madragoa, entre a Ameixoeira e o bairro do Arco do Cego. De resto, serão dois anos de Lisboa parada até que venha algo de bom.
O que antevi nessa altura é que António Costa não corria o risco de deixar a Câmara de Lisboa nas mãos de um independente e criava um sucessor do PS já preparando o terreno para outros vôos. O que quis dizer também com isso é que Costa enganou os lisboetas que votaram nele quando no seu âmago já sentia o afã de avançar para outros desafios.
O que deixou Costa em Lisboa? De bom, para mim, o trabalho no Terreiro do Paço e Ribeira das Naus, a recuperação de quiosques, algum apoio ao empreendedorismo com a Start Up Lisboa e a independência que deu ao Turismo de Lisboa para promover bem a nossa cidade.
Mas deixou uma cidade suja, nunca esteve tão suja como agora, negócios imobiliários pouco claros (o triângulo de Alcântara para o grupo José de Mello e o prédio perto do Sheraton para o grupo Espírito Santo, são dois exemplos), criou um pandemónio no Cais do Sodré, trânsito caótico e deixou o Marquês e a Avenida da Liberdade de pantanas. Visão estratégica global da cidade não existiu e rasgos de génio nunca os vi, talvez porque sendo, sem dúvida, um político hábil lhe falta o perfil de presidente de câmara.
Agora, fica em Lisboa, sem plebiscito popular, Fernando Medina. Perfil baixo, discreto, sem uma ideia para a cidade. Aliás, Rui Moreira chamou-lhe «um grande portuense». É natural que não tenha paixão pela cidade como um lisboeta de gema, por isso aconselho que lhe comecem por explicar a diferença entre a Mouraria e a Madragoa, entre a Ameixoeira e o bairro do Arco do Cego. De resto, serão dois anos de Lisboa parada até que venha algo de bom.
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domingo, 5 de abril de 2015
Sugestões para a semana
Livros
"A culpa no cinema de Hitchcock", Renato Barroso, Letras Encantadas, 510 páginas. Um livro que me está a surpreender de um autor português que se deu ao trabalho de analisar quase todos os planos de todas as fitas do grande realizador. Recomendo vivamente.
"Sombras sobre o Cairo", Parker Bilal, Porto Editora, 376 pág. Grande policial que inicia uma nova saga de um detective privado de origem sudanesa, Makana. Um estilo diverso, uma construção interessante até para cortar com a escola nórdica que se tem imposto em termos mundiais.
Cinema
Recomendo que se desloquem ao Nimas onde estão em novas cópias várias grandes películas do mestre do neorrealismo italiano, Roberto Rosselini. Já os vi todos noutros tempos, alguns na Cinemateca, mas as grandes obras cinematográficas merecem muito mais do que uma visão.
A comprar seis filmes do maior realizador indiano, Satyajit Ray: O Santo, O Cobarde, Charulata, O Deus Elefante, O Herói e A Grande Cidade.
Séries
Para lá das que já mencionei noutros posts, chamo a atenção para a segunda temporada da dinamarquesa/sueca Bron, no AXN, e a nova American Crime, no TVSeries que é um autêntico murro no estômago de emoções.
Documentário
No Arte, na quarta, 2.25h, "Depressão: uma epidemia mundial". Sobre algo que ataca milhões de pessoas em todo o mundo e as suas causas.
Restaurante
Sushic, provavelmente o melhor restaurante japonês de Portugal. Almocei lá há pouco tempo e deixou-me deslumbrado com a qualidade e serviço.
"A culpa no cinema de Hitchcock", Renato Barroso, Letras Encantadas, 510 páginas. Um livro que me está a surpreender de um autor português que se deu ao trabalho de analisar quase todos os planos de todas as fitas do grande realizador. Recomendo vivamente.
"Sombras sobre o Cairo", Parker Bilal, Porto Editora, 376 pág. Grande policial que inicia uma nova saga de um detective privado de origem sudanesa, Makana. Um estilo diverso, uma construção interessante até para cortar com a escola nórdica que se tem imposto em termos mundiais.
Cinema
Recomendo que se desloquem ao Nimas onde estão em novas cópias várias grandes películas do mestre do neorrealismo italiano, Roberto Rosselini. Já os vi todos noutros tempos, alguns na Cinemateca, mas as grandes obras cinematográficas merecem muito mais do que uma visão.
A comprar seis filmes do maior realizador indiano, Satyajit Ray: O Santo, O Cobarde, Charulata, O Deus Elefante, O Herói e A Grande Cidade.
Séries
Para lá das que já mencionei noutros posts, chamo a atenção para a segunda temporada da dinamarquesa/sueca Bron, no AXN, e a nova American Crime, no TVSeries que é um autêntico murro no estômago de emoções.
Documentário
No Arte, na quarta, 2.25h, "Depressão: uma epidemia mundial". Sobre algo que ataca milhões de pessoas em todo o mundo e as suas causas.
Restaurante
Sushic, provavelmente o melhor restaurante japonês de Portugal. Almocei lá há pouco tempo e deixou-me deslumbrado com a qualidade e serviço.
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