Eu adoro o Michelangelo Antonioni, por isso é uma boa notícia finalmente em edição de DVD a Aventura.
Antonioni numa sua biografia dizia, acerca do Eclipse, outro genial filme com Alain Delon e Monica Vitti, que «procuro vestígios de sentimentos», o grande drama das sociedades modernas que apesar das redes sociais (ainda não havia nesse tempo) acentuaram o drama da solidão.
Ver Jack Nicholson pelos desertos de Almeria, em Profissão Repórter; o diálogo durante o jogo inventado por Vitti com Marcelo Mastroianni em "La Notte", o vai-vem de emoções e caminhos percorridos também por Monica Vitti pela paisagem industrial de Deserto Vermelho, as dúvidas de Giancarlo Gianninni e Laura Antonelli em o Intruso, as relações das mulheres com um realizador em "Identificação de uma mulher" ou o mais comercial de todos "Blow Up" fazem parte dos prazeres de qualquer cinéfilo e não de consumidores de filmes que mascam pipocas.
João Lopes, hoje, nas suas crónicas imperdíveis no DN conta o episódio do concorrente do Quem Quer ser Milionário que dizia que Antonioni era um «chefe mafioso». Pobres as pessoas que não têm um pingo de cultura.
Como diz JL, Antonioni «mudou o modo de retratar o quotidiano e a sua banalidade. E mostrava que cada instante humano está habitado por uma vertigem de incertezas e mágoas».
Antonioni é um realizador que faz arte com as emoções humanas, não dá tiros nem prodígios visuais e nunca se preocupou em dar vida a heróis da BD para consumo de trogloditas com pouca inteligência para pensar. Comprem a Aventura e vão ver um mundo de incertezas, de leituras várias. Gosto de arte, gosto de cinema.
domingo, 19 de setembro de 2010
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