sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A marmita de Marcelo

A três dias das presidenciais, só há um resultado possível: a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa logo na primeira volta. Qualquer outro resultado é uma derrota colossal de um homem que não precisou de  fazer campanha e nada disse de importante ou essencial.

Marcelo, que dispara análises e comentários mais rápido do que a própria sombra, vestiu o papel de morto um mês e nem precisava de mais. É que teve uma campanha montada durante 15 anos em comentário no "prime-time" das televisões. Não há nenhum "case-study" da sua campanha, se o houver é apenas a prova que a televisão pode vender um sabonete e eleger um presidente como em tempos disse Emídio Rangel. Só que no caso, em vez da SIC foi a TVI onde passou mais de uma década a elogiar a manicure Clotilde e a fazer referências simpáticas a pessoas e a livros que nunca leu.

Marcelo é um homem inteligente, ninguém duvida, e a melhor prova é como enganou os portugueses construindo a imagem de tipo porreiro que tanto jeito lhe dava. Tal como encenou aos 50 anos que era do Braga, para não ter de dizer, que era do Sporting ou do Benfica para não hostilizar as massas do futebol, agora o seu grande facto é o mito de que almoça de uma marmita.

Os que foram alunos dele - é o meu caso - sabem que, para lá de ele ser um bom professor, ele conseguia chegar com uma hora de atraso às aulas a assobiar ou a cantarolar mas nunca o viram de marmita na mão, A marmita é apenas o seu dom de imbecilizar as pessoas que acreditam nesta tanga perversamente simpática. É um dom que ele tem. Tem a capacidade de ciciar como as serpentes para dar a mordida final.

Como escrevi uma vez, ele não é a simpática rã que dá boleia ao escorpião para atravessar o rio. Ele é o escorpião. Vestiu-se apenas de rã há 15 anos nas televisões e o povo comeu. Pobre povo.

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