O CDS deve muito a Paulo Portas. Um líder que sai pelo próprio pé, que deu tranquilidade ao partido, que o fez crescer e entrar no Governo. Um líder que era o mais inteligente e melhor comunicador da política portuguesa.
Cometeu erros? Claro que sim. Muitos? Bastantes. Mas passou pelos problemas como entre pingos da chuva. Deixou legado para o anedotário político? Também. O seu «irrevogável« entrou no léxico do humor, mas tenho a certeza, como o conheço, que usará essa palavra para seu próprio "spin" outras vezes e rirá muito com ela, porque ele é um tipo divertido e para lá daquela aura de "gravitas" que soube construir tem a capacidade, como qualquer pessoa inteligente, de rir de si próprio,
O seu futuro é o que ele quiser. É um homem novo, com curiosidade intelectual, que pode voltar a escrever - poucos o fazem com a sua clareza e capacidade de correr riscos - e ser o melhor analista da realidade portuguesa. Se as televisões forem competentes, ele é o melhor sucessor de Marcelo para as noites de domingo. E tenho a certeza que a sua mãe, a Helena, de quem muito gosto e com quem muito aprendi, ficará muito contente se ele seguir essa via.
Entra a Assunção Cristas. Logo no dia em que Portas anunciou a sua saída, escrevi no meu twitter que ela seria a mais forte candidata e neste momento a melhor sucessora. Esse é um dos legados que o CDS mais deve ao Paulo. É que ele robusteceu - e descobriu muitos deles entre os quais ela - um partido de bons quadros, jovens, competentes e aguerridos politicamente.
Logo no início do mandato do Governo PSD/CDS, a revista "Meios & Publicidade" convidou-me para escrever sobre a comunicação do mesmo. Ali escrevi que Assunção Cristas era um bom produto de comunicação. E é e continuará a ser. Não a conheço pessoalmente, mas a minha percepção de muitos anos de jornalismo e comunicação política é que tem boa imagem, tem capacidade transversal de entrar em vários segmentos de eleitorado, tem o afã de liderar, naquele seu jeito de menina-mulher é um falcão com concupiscência pelo poder.
Vamos ver agora que discurso irá elaborar, rompendo suavemente com o PSD, ocupando rapidamente o espaço da mais dura das oposições a António Costa. Sendo conservadora, não pode ser beata, esse um dos seus pecados em algumas declarações que tem de mudar, tem de conquistar o eleitorado urbano, namorar a cultura e o eleitorado jovem, e ser uma produtora de soundbytes ao nível do seu antecessor, aí já será mais complicado, porque nesse capítulo Portas era imbatível.
São novos tempos. O CDS vai adaptar-se mais rapidamente a eles que o PSD. De Assunção Cristas falaremos muitas vezes. Mas de Paulo Portas também. Ele vai continuar por aí.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário