Agora que acabou a temporada tauromáquica, deixo um breve balanço ao nível dos triunfadores, desilusões e melhor trabalho de comunicação.
Vi todas as grandes feiras, graças ao canal Festa Brava de que sou assinante, com a excepção de Valência pois não transmitiram.
O grande triunfador foi "El Juli", matador madrileno, de grande classe e amplos recursos. Só em Pamplona, por culpa do director de corrida, não saiu em ombros como merecia. De resto, triunfou em todas.
Esta semana, na revista "Aplausos", dizia: «Vejo o toureio como uma oportunidade única de transmitir sensações, de poder fazer algo inigualável». Fazendo como gosta, «deixar que o toureio flua como sai do coração. Sempre o vi por dois prismas: pureza e entrega. Estes são os estandartes do meu toureio».
Como desilusões, para desgosto da amiga Alda Telles, Miguel Angel Perera, mas também José Tomás (pela sua grave colhida no México), mas também Paquirri (Fran Rivera que adoptou o nome do pai), Daniel Luque e Ruben Pinar não explodiram.
A cavalo, o espectáculo de Diego Ventura, Pablo Hermoso sempre bem e a afirmação de Leonardo Hernandez. Sem esquecer que ao contrário dos matadores (estamos muito fracos de talentos), os cavaleiros portugueses tourearam muito em Espanha com boas actuações.
E deixo o melhor para o fim. O meu matador preferido é José António Morante de La Puebla. A arte em estado puro, o que leva os aficionados às praças só pelo prazer de num momento fazer algo de belo.
Não foi uma temporada deslumbrante para ele, mas teve momentos inolvidáveis. Nomeadamente a sua faena em França, quando toureou e matou sentado numa cadeira.
Porém, o seu trabalho de comunicação levou-o a um patamar onde só os grandes mestres da história da tauromaquia estão. Tem o talento dos predestinados, o brilho do divino, o toque de midas.
O "El Pais", na sua revista de domingo, deu-lhe, no início da temporada, seis páginas com o título "El Duende". É um excêntrico Morante. Ouve vozes, mira no horizonte, acende um "puro" e olha para o seu fumo aguardando o contacto com os deuses. É uma figura.
A sua comunicação apela á arte da tauromaquia e os seus cachets dependem dessa ligação com a "áficion". Ninguém sente perder um cêntimo por o ver actuar. É como se tivéssemos a oportunidade de estar no estúdio com Vermeer ou ao lado de Mozart quando compunha uma das suas obras. Os génios são assim.
Aliás, para terminar, em Pamplona, o director de corrida não deu os troféus a "El Juli" porque lhe faltava o toque de "El Duende". Director de corrida dixit.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
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Desde quando matar é um dom? Desde quando a tortura é uma arte? O problema dos aficionados é sempre o mesmo. Esquecem-se que por objecto das suas "brincadeiras" está um ser vivo e senciente, que sangra, sente e sofre.E isso é inaceitável!
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