segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Análise das Presidenciais

Ontem fui fazendo uns apontamentos para o Facebook, vou agora sistematizar mais aquilo que escrevi.

Portugal assiste a 53,3% de abstenção, algo que se esperava e os inacreditáveis problemas informáticos numa democracia do século XXI não são desculpa. A campanha foi má, cinzenta, sem esperança e pouco galvanizadora, e marcada por campanhas negativas que ainda afstaram mais as pessoas da classe política.

Para lá da abstenção, queria fazer notar que houve record absoluto de votos brancos e nulos: 191 mil (4,3%) e 86 mil (1,9%, respectivamente. Este também um forte sinal de descontentamento.

Cavaco Silva - É o presidente eleito com menos votos e é o presidente reeleito com a vitória mais fraca. Mas ganhou. Quer se queira quer não, a sua credibilidade foi manchada pelos casos BPN e o da Coelha. Ganhou fruto de ser o candidato que melhor está preparado para esta situação de crise, vendeu estabilidade. Na hora do discurso mostrou-se ressentido com os ataques que lhe fizeram (e ele sabe quem os fez) o que não é positivo, mas lançou o soundbite da noite como ontem escrevi: ««lutem pelo vosso futuro, terão em mim um aliado».

Manuel Alegre - Foi triste e desgarrada a sua campanha. A seu tempo escrevi que estava num colete de forças imposto pelo casamento anti-natura PS/BE. Durante algum tempo deixou o seu partido refém do resultado que teve nas últimas presidenciais. Fez chantagem, diga-se. E sai de cena sabendo que a referência verdadeira do socialismo democrático se chama Mário Soares, que ontem deve ter sorrido ao olhar para o Altis.

Fernando Nobre - O grande erro dos analistas da noite de ontem. Tentaram comparar o seu resultado com o de Soares o que é errado. Há 5 anos o candidato independente chamou-se Manuel Alegre e teve 20%. Fernando Nobre pelo seu prestígio arrancou bem, depois fez das piores campanhas e das piores intervenções de que eu tenho memória nos últimos anos. A galinha e o pedido para lhe darem um tiro. Nobre era o que tinha potencial de crescimento mais interessante mas nunca conseguiu passar a mensagem correcta junto dos media. Os seus 14% são de quem os apanhar no futuro. Nobre é mais um que fala de cidadania tal como falaram Pintasilgo e Alegre em anteriores presidenciais. Há sempre quem vote anti-sistema.

Francisco Lopes - fez o seu tirocínio para futuro líder, melhorou muito durante a campanha e fez o trajecto que já anteriormente carvalhas e Jerónimo fizeram. Segurou bem o seu eleitorado.

José Manuel Coelho - Com as suas tiradas à beira do ridículo tocou em assuntos sérios. Com 4% foi a grande surpresa da noite, mais o excelente resultado na Madeira. Sozinho vestiu a pele anti-corrupção e convenceu milhares de pessoas em todo o país. Ele vai andar por aí.

Defensor Moura - prefiro não comentar pois foi muito triste.

Notas finais: foi uma eleição sem agências de comunicação e notou-se muito a falta delas, o seu profissionalismo, aconselhamento e a capacidade de detectar as melhores mensagens. mesmo sem elas, não faltaram as campanhas negativas que foram da lavra dos staffs dos candidatos, o que diz bastante sobre a maneira de fazer política em portugal.

As empresas de sondagens, mais uma vez, acertaram na noite eleitoral e erram constantemente nos períodos que a antecede.

A TVI apresentou uma sondagem para legislativas e deu PSD 36% PS 30%, o que prova que os eleitores sabem separar presidenciais unipessoais e eleições partidárias.

Por último, a TVI perguntou a Marcelo quem serão os candidatos em 2016. E concordo com ele: ao contrário do que tem sido hábito vai haver mais candidatos à direita do que à esquerda.

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