O jornal I decidiu ouvir três directores de agências de comunicação sobre campanhas eleitorais. No caso decidiu ouvir-me a mim e aos meus colegas António Cunha Vaz e Salvador da Cunha.
Não gosto de falar em campanhas negras, nunca estive envolvido em nenhuma, prefiro falar de "campanhas negativas".
A minha conversa foi mais longa do que o reproduzido. Acrescento agora o que ainda me lembro. Disse que as campanhas negativas incidem sempre sobre o carácter dos candidatos e nunca são ingénuas.
Disse que nenhuma agência de comunicação esteve envolvida nestas presidenciais que seja conhecida, no entanto, não deixou esta campanha de ter as marcas negativas do BPN e BPP, o que prova que o "dark side" também existe nas equipas políticas dos candidatos. Discutiu-se pouco Portugal, ideias e esperança foram algo inexistentes.
Chamei a atenção de que qualquer campanha negativa agrava ainda mais a ténue confiança que os portugueses têm nos políticos e os repugna e afasta dos mesmos.
Dei exemplos de França, onde nas últimas presidenciais se dizia que o casamento de Sarkozy era uma farsa e o facto é que se veio a confirmar com o novo casamento com Carla Bruni ou na não relação entre Ségolene Royal e o seu marido François Hollande que, efectivamente, se viriam a divorciar.
E por último, o caso americano. Querem maior campanha negativa do que dizer que Obama é muçulmano? Pois foi assim que o tentaram atacar e não conseguiram. Habitualmente as campanhas negativas não trazem mais-valias ao político que as faz.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
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Bom, meu caro Rui, as campanhas negativas não costumam ser feitas pelos candidatos - antes por terceiros - para poder haver "Plausible deniability". Por exemplos, e para continuar nos EUA, a campanha do swift boats (veteranos contra John Kerry) e o caso do "black love child" de MacCain em 2004 (que o pode ter feito perder as primárias para Bush).
ResponderEliminarNo primeiro, que atacava um ponte forte do candidato (Kerry era veterano enquanto Bush tinha passado a guerra na national guard), foi mesmo construida uma associação de veteranos (swiftboaters for thruth, ou algo assim) para o efeito. O segundo caso - que também atacava o carácter - foi mais clássio: rumores de jornalistas.
Mãos limpas, portanto (he who wields the dagger, does not wear the crown!). A não ser quando a campanha negativa é leal - que também existem.
Um abraço,
Diogo Belford Henriques