Ontem Luis Paixão Martins publicou este post, onde me convidava também a dar umas sugestões para filmes sobre PR. Eu acrescentaria mais umas coisas: jornalismo, reportagem de guerra e poder. Porque as PR se movem num universo de influência. É longo post mas acho que é válido o contributo.
Sobre a lista ontem apresentada escolheria estes:
Sweet Smell of Success - O mais antigo, de Alexander Mackendrick, onde a figura que nos interessa é Sidney Falco (Tony Curtis), o "PR man" a seguir os objectivos de JJ (Burt Lancaster), difícil de encontrar, tenho uma cópia em VHS.
Wag The Dog - de Barry Levinson é a bíblia para consultores de comunicação. Está lá tudo, a guerra semeada pelas conveniências, a musiquinha emocional, o gatinho para gerar proximidade das audiências. É um filme perfeito sobre a arte do spinning
Jerry Maguire - de Cameron Crowe, papelão do Tom Cruise aqui no papel de consultor/agente de figuras públicas e a sua aposta num jovem talento do futebol americano. Cuba Gooding Jr no papel se não me falha a memória.
Thank you for smoking - de Jason Reitman, Aaron Eckhart no papel de defesa das tabaqueiras. com a tal frase final mencionada: "Michael Jordan plays ball. Charles Manson kills people. I talk. Everybody has a talent."
Primary Colors - de Mike Nichols, John Travolta é um governador de um estado do Sul e a sua imagem é inspirada em Bill Clinton que teve carradas de construção por consultores políticos, no real James Carville e George Stepanoupoulos. Aliás, sobre este assunto recomendo do actual comentador da Fox News, Stepanoupoulos, o livro All Too Human (a primeira viagem dele ao Arkansas é muito engraçada).
The Candidate- de Michael Ritchie, o filme ganhou Óscar de melhor argumento se não me falha a memória, eu adoro este filme. McKay é Robert Redford e o que nos interessa é o seu consultor, o actor Peter Boyle. A construção de um candidato é o tema.
Agora passo a acrescentar mais alguns em diversas áreas da comunicação:
Power-As Chaves do Poder - do Sidney Lumet, um dos meus filmes preferidos sobre comunicação. Richard Gere, entre viagens, descontrai a tocar uma pequena bateria, é um especialista de comunicação política, destaco algumas frases dos meus apontamentos: «O meu papel é metê-lo lá, quando lá chegar fará o que a sua consciência lhe ditar».
«Corre para um lugar no Senado ou pelos seus princípios?»
«Se gostarem de si, votam em si. Ponto final. As pessoas não votam em ideias, votam em pessoas»
«Nós somos irrelevantes, mas você não» Pete St. John (Gere) para o candidato
Under Fire (Debaixo de fogo) - é um filme de guerra, na Nicarágua, como um fotógrafo, Nick Nolte, acreditando na causa da guerrilha lhe dá novo alento. Como? O líder morto, Rafael, é fotografado como se estivesse vivo dando novo alento à revolução. Uma espécie de foto do presidente brasileiro, Tancredo Neves, quando dois dias depois de operado é fotografado com os médicos, vindo a falecer duas semanas depois, mas era um sinal para que se evitasse o regresso à ditadura dos generais.
Il Divo - de paolo Sorrentino, sobre Giullio Andreotti o homem de maior influência em Itália e como ele manobrava os bastidores da política. Algumas pérolas:
«Se queres guardar um segredo nem a nós próprios o podemos confessar».
«As guerras travam-se com os soldados disponíveis».
«A simpatia é pejorativa em política».
«Na Igreja, De Gasperi falava com Deus, Andreotti falava com o padre. Os padres votam, Deus não».
«É a marca que conta não a loja».
«Só existe a política».
All The King`s Men (A Corrupção do poder) - a versão antiga, de Robert Rossen, com Broderick Crawford, não a actual com Sean Penn que é fraquinha. Como um vendedor, Willie Stark, sem escrúpulos, se torna político, o poder da sua verve e como depois constrói uma máquina de poder através da comunicação.
Z-A Orgia do poder - de Costa Cavras, passado na grécia com os grandes yves Montand e Jean-Louis trintignant. Filme político imperdível, um dos meus preferidos.
O Conformista - de Bernardo Bertolucci, também com o Jean-Louis Trintignant. Culpa e desespero num filme político, de ritmo lento mas intenso emocionalmente.
The Queen- de stephen Frears, a reacção da coroa à morte de lady Diana e o papel de Alastair Campbell junto de Tony Blair com a criação da "Princesa do Povo".
JFK, Nixon, W - os três de Oliver Stone, especialmente Nixon é um tratado sobre o poder e os complexos idiossincráticos de Nixon. para ler destaco "la arrogancia del poder", a melhor biografia sobre Nixon, de Anthony Summers.
Os Homens do presidente - de Alan J. Pakula, com robert Redford e Dustin Hoffman sobre o caso Watergate e a queda de um presidente.
O Último Hurrah - de John Ford, com o Spencer Tracy como velho político a defrontar um imbecil apoiado por campanha televisiva, quando ele ainda subsistia com campanhas porta-a-porta
Network (Escândalo na TV), Broadcast News, Good night and good luck - respectivamente de Sidney Lumet, James L. Brooks e George Clooney, os três melhores filmes sobre televisão.
Shock Corridor (Reportagem de Choque) - de Samuel Fuller, como um ambicioso jornalista entra num manicómio atrás da história que lhe dará um pullitzer e fica...louco.
Ran e O Trono de Sangue - os dois de Akira Kurosawa e adaptações fenomenais de Rei Lear e MacBeth de Shakespeare e Shakespeare é poder. Ninguém tão bem como ele percebeu o poder.
Terra em Transe - de Glauber Rocha, o país imaginário Eldorado e o papel do poder. Jardel filho faz papel inesquecível.
Séries a recomendar sobre estes assuntos
West Wing - 7 temporadas excelentes sobre os bastidores da Casa Branca, dificilmente se fará melhor.
Eu, Cláudio - poder é Roma, através das memórias de Cláudio a presença de Lívia a mulher que fez tudo para pôr o seu filho, Tibério, e todo o cortejo de figuras que marcou o império.
Spin City - passou muito despercebida na RTP2, há uns anos, esta série de humor com Michael J. Fox mas que tinha conteúdos muitos interessantes para os consultores
Kennedys - o 2º episódio mostra a importância do PR man na construção de John Kennedy.
Battlestar Galactica - a versão actual, espiritual e com uma luta eleitoral no espaço que é muito interessante.
O Polvo - especialmente as temporadas 3, 4 e 5. os diálogos entre Tano, Spinoza, Rasi, Antinari, Terrasini e o professor especialista em formigas são do melhor que já se escreveu sobre o poder.
Mad Men- é a série preferida da maioria dos consultores de comunicação. Basta dizer isto. Eu como me fascina a comunicação política votaria sempre em West Wing.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
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É uma bela lista.
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