quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A política de comunicação do Governo

Confesso que é um caso estranho. Ainda ando na dúvida se é alheamento, incompetência, falta de coordenação ou insensibilidade. Mas, pensando melhor, é capaz de ser a soma de tudo o que referi.

No início senti Passos Coelho resguardado, sendo Vitor Gaspar o profeta da desgraça e os ministros do CDS os responsáveis por umas coisas mediaticamente simpáticas.

Foi a fase em que, como notavelmente Ferreira Fernandes retratou com a sua fina ironia, os portugueses estavam como os cinquentenários que vão fazer o exame da próstata, sempre que Gaspar falava.

Mas às prédicas e ao estilo seminarista despojado do titular das Finanças, somaram-se diversas intervenções do PM que duplicaram o número de profetas da desgraça. Antes, apenas se temia que Gaspar falasse, agora já se teme também a oratória de Passos Coelho.

Estamos reféns de tudo e de todos, no fundo do poço, repletos de sacrifícios, porém, não temos nenhum oásis de tranquilidade no horizonte. Parece que a desgraça é a nossaa sina e não há nenhum trovador que nos cante só uma pequenina serenata. Só para dar um pouco de alento, um pouco de esperança.

Depois erros sucessivos de diversos ministros, medidas anunciadas na praça pública que depois passam a "estudos" por serem apenas "hipóteses" e cada vez se nota mais o desnorte comunicacional.

O Governo tem muitos assessores que foram jornalistas, mas poucos ou nenhuns especialistas em comunicação. Não há um centro de comando, as reuniões colectivas de assessores não têm corrido bem, ninguém sabe quem manda.

Um caso curioso é o de Álvaro Santos Pereira. Deram um chuto para cima na sua assessora de imprensa, que passou a administradora do Turismo de Portugal, e tiraram-no de cena durante duas semanas. Perceberam que, no universo mediático, mais vale um ministro que não existe do que um que só diz disparates. Mas hoje já abriu a boca e foi o que se viu.

Fica muito bem a um Governo e a um político falar verdade. Mas só isto não basta. Um Governo sem comunicação estrategicamente delineada e coordenada tem a vida muito mais difícil. Se demorarem muito a perceber isso, se calhar já será tarde.

1 comentário:

  1. Olá Rui,

    qual a tua opinião sobre a política de comunicação do governo anterior?

    Cumps

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