Qualquer pessoa tem o direito de se promover no espaço mediático. Mas nem todos os meios de comunicação social têm de embarcar nessas manobras de promoção pessoal. O que se passou ontem na SIC, e que se prolonga por mais dois dias no Jornal da Noite, é uma vergonha.
Nenhum homem é maior que uma instituição. Assim, ao pintar com as cores de endeusamento Luis filipe Vieira, parece que o Benfica não existia antes dele. Como se alguém pudesse apagar dois grandes senhores e dirigentes respeitados por todos os adeptos do futebol como Borges Coutinho e fernando Martins.
Que há coisas bem feitas? Com certeza que sim e seria pouco honesto não o reconhecer mesmo sendo adepto de outro clube. Porém, sabemos que o Benfica terá eleições em breve e esta é uma manobra de promoção de um homem que viverá nesta época um dos seus maiores desafios, e que não pode perder, e não parte numa situação muito favorável.
O Benfica perdeu o treinador mais ganhador da sua história, perdeu a muleta do BES e perdeu a muleta da arbitragem que controlava a seu belo prazer com a introdução do sorteio em vez das nomeações. É certo que mantém a nebulosa relação com Jorge Mendes e Peter Lim e subsistem negócios que continuam a não ser investigados e deviam. Será que a SIC vai perguntar à CMVM se está a investigar esses negócios? Julgo que não, e isso é obrigação e dever do bom jornalismo, não apenas embarcar no endeusamento de Vieira.
Antes de Vieira o Benfica tinha passivo/dívida de 80 milhões de euros. Hoje tem activos? Sim. Mas também é o eterno campeão nacional da dívida/passivo com mais de 500 milhões de euros. Isso vai constar na reportagem da SIC? Julgo que não.
Ouvi vários funcionários do Benfica, principescamente pagos, a elogiarem a capacidade de trabalho, o talento comercial e de gestão de Vieira. Mas porventura a SIC vai mostrar que este deus dos negócios tem hoje uma dívida pessoal, do seu grupo empresarial, de perto de mil milhões de euros à banca?
Só tenho a dizer que a SIC não exerceu o seu mandato de independência que deve tutelar quem faz jornalismo. Se a reportagem passasse na BTV, nada a dizer e até podia compreender. Agora, na televisão de Pinto Balsemão e que foi de Emídio Rangel, que tem uma redacção de excelentes e sérios jornalistas, é uma vergonha.
quinta-feira, 2 de julho de 2015
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