quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Lpm pergunta se os jornalistas dão bons consultores de comunicação: eu respondo

Luis Paixão Martins pergunta hoje se os jornalistas dão bons consultores de comunicação. É como os melões, responderia eu. Não é líquido que bons jornalistas dêem bons consultores de comunicação ou assessores de imprensa, há poucos dias escrevi isto.

Houve um tempo em que o mercado de Conselho em Comunicação contratava directamente das redacções. A filosofia era simples: um jornalista vindo de uma redacção e que passasse por outros jornais, mais facilmente conseguiria colocar notícias, o objectivo primário do trabalho de Conselho em Comunicação.

Mas os tempos mudaram. As redacções são mais curtas e mais novas e hoje um bom consultor de comunicação é um bom construtor e divulgador de conteúdos que assim ajuda o trabalho de um jornalista.

Além disso, um bom consultor deve ter mais mundo, uma visão mais ampla do universo mediático. É isso que por vezes falta a quem troca uma redacção pelo aconselhamento comunicacional.

Quando se passa de jornalista para outras tarefas comunicacionais, nomeadamente no Governo, e é sobre isso que Lpm reflecte, um assessor ou consultor tem de ter visão política dos problemas, um enquadramento macro da acção de um Governo.

Já vi excelentes jornalistas que deram medíocres assessores, já vi razoáveis jornalistas que deram excelentes consultores, já vi bons consultores que foram um fracasso como assessores. Há de tudo, é como os melões.

Neste Governo já ouvi uma assessora falar sobre o elevado salário que auferia, mas devia estar caladinha. Neste Governo já vi um assessor confessar no Facebook que «Bruxelas is boring» e devia estar caladinho.

A primeira coisa que um consultor/assessor de Governo deve perceber é que é uma figura institucional e o seu comportamento deve ser muito mais resguardado. Quem vai com tiques de jornalista "prima dona" tenho a certeza que as coisas vão correr mal.

Neste momento, por exemplo, o novo Governo precisa mais de bons consultores séniores do que de jornalistas. Precisa de mais aconselhamento e menos assessoria é o que sinto.

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