segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Assunção Cristas em Lisboa

Eu tenho simpatia pela Assunção Cristas, já o disse e mantenho. E digo-o com a liberdade de não pertencer a nenhum partido e tentar ver a política de maneira racional, sem guerrilhas partidárias.

Assunção está a criar a sua aura, o seu caminho. Tal como o seu antecessor, sabe que uma candidatura a Lisboa, com meses de campanha, com intensa exposição mediática, são a melhor maneira de conquistar notoriedade e solidificar a sua liderança.

Em 2001, Lisboa juntou João Soares, Pedro Santana Lopes e Paulo Portas. Três pesos-pesados, provavelmente na melhor campanha política de sempre. O CDS obteve 7,5 por cento dos votos. Sendo assim, esta é a barreira mínima da nova líder do partido, qualquer resultado abaixo será um fracasso.

Assunção tem uma capacidade, com o actual PSD, de roubar eleitorado e dar bicadas ao seu discurso. E tem um capital de simpatia que não é despiciendo na actualidade. Muita gente que não milita no seu partido, respeita-a, e o CDS tem hoje caminho livre para se afirmar, crescer e robustecer a sua base de apoio.

Por isso, sem uma coligação previamente delineada e assinada com o PSD, o seu movimento era o mais natural e o que mais empolga o seu partido, não dando margem para que outros nomes do CDS se neguem ao combate nestas autárquicas.

Mas há algo que não gostei e terá de ser rapidamente limado, apurado e construído. Se já elogiei o movimento de xadrez da sua candidatura, não me esqueço que eu sou de Lisboa, e gostava que quem se candidatasse à minha cidade não dissesse apenas «sou candidato» e apresentasse já algumas ideias que representassem a ruptura com a governação da cidade que está sem qualquer estratégia e a navegar à vista. E aliás, tem boa gente aqui em Lisboa que a pode ajudar, com trabalho evidente e de qualidade na oposição, uma vez que só o CDS - o PSD não existe, Seara desapareceu - tem combatido o presidente não eleito, Medina.

Não basta dizer «tenho o vento de Lisboa colado à minha pele e tenho a água do Tejo no fundo da minha alma», quem lhe construiu este soundbyte é amador, diga-se. Lisboa precisa de uma ideia de cidade, de uma estratégia global e não de apontamentos e obras avulsas. Cristas está no terreno, seja bem vinda, é uma mulher simpática, passa bem o que quer dizer, cria empatia com as pessoas, mas ainda tem de dizer ao que vem.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A grande praga do Verão: os «especialistas»

No mundo muita gente temeu, por causa dos Jogos Olímpicos, a praga do Zika. Em Portugal o nosso território foi, e ainda é, martirizado pelos fogos florestais, mas, pior que tudo, como se do Êxodo brotasse nova praga de gafanhotos foi o pobre espectáculo que os canais de televisão deram ao ungir umas dezenas largas de "especialistas".

Especialistas entre aspas, porque o nome real seria embusteiros, com a conivência natural de quem os convidou e os intitulou assim. Vi cenas deprimentes, indivíduos e cavalheiras que nem sabiam do que estavam a falar, gente à qual nunca se conheceu um pensamento, que nunca publicou uma ideia, gente sem currículo, que não tem audiências e nem traz audiências. mas que todas as televisões ditas de informação ungiram como "especialistas". E isto aconteceu na SIC-N, na TVI24 e, especialmente, na RTP3 que é um desastre completo neste aspecto. Vamos a exemplos:

- na SIC-N é constante a presença de um politólogo, que nem os grandes politólogos portugueses conhecem e sabem quem é, não se conhece uma ideia, um pensamento de lado nenhum, mas o indivíduo surge todo lampeiro, comenta política nacional e internacional, até fala de comunicação (e aqui esclareço os leitores que o indivíduo nada sabe e nunca trabalhou em comunicação, que é a minha área e sei do que falo). Audiências zero, impacto zero, relevância nenhuma, já informei dois amigos  decisores da SIC, mas o senhor continua a lá ir.

- durante os fogos que lavravam, das imagens mais terríveis e tristes que as televisões nos apresentam,  foi ininterrupto a presença em todos os estúdios de dezenas de "especialistas" em fogos, florestas e meios de combate aos incêndios, horas e horas de comentários com inúmeras receitas, mas, ao mesmo tempo que debitavam sem parar, na vaidade de se ouvirem, não percebiam que as suas vãs palavras nada valiam e o espelho das suas receitas estava ser feito poeira como o nosso território e os bens das pessoas.

- Na RTP 3 vi um "comentador RTP" a comentar a Convenção Democrata sem a comentar, citando apenas Donald Trump num chorrilho de lugares comuns e sem saber nada de política americana. Duas notas minhas sobre isto: 1- para quem não sabe, eu fui editor internacional durante dois anos no jornal Semanário, onde tinha coluna semanal de opinião sobre temas da política internacional, fui à sede da NATO, em Bruxelas, escolhido então pela embaixada americana em Lisboa,  para falar numa conferência sobre o programa PpP, que nem estes "especialistas" sabem o que é. Era Parceria para a Paz e o possível alargamento da Aliança Atlântica à Rússia. Já agora, sabem como se chamava a minha coluna de opinião no Semanário, nome que eu escolhi? "Olhar o Mundo", passados tantos anos, vejo que é o nome do programa de política internacional da RTP3. E sendo consultor de comunicação hoje, mantenho a leitura, actualidade e paixão pelo internacional. 2- por causa dessas leituras, cabe-me dizer que ao ouvir esse comentário sobre a Convenção Democrata e o Trump, enviei um sms para um responsável da RTP com o comentário: «o comentador não percebe nada do que diz, mas pelo menos leu o El Pais de ontem, pois está a dizer ipsis verbis o que lá vinha da relação do Trump com Putin, pelo menos isso».

- Na RTP3 vi outro "especialista", que estava à frente do Bernardo Pires de Lima (o único bom especialista, sem aspas, de política internacional da RTP, os outros numa televisão criteriosa seriam todos vetados) a mencionar, durante o impeachment no Brasil, «um senador Buarque que falou, mas que nada tem a ver com o Chico Buarque», como se estivesse a fazer humor para tapar a sua ignorância. o Buarque, que o "especialista" mencionava e não sabia quem era, era o Cristovam (sim, com M no fim) Buarque, um dos mais respeitados políticos brasileiros, governador de Brasília, ministro da Educação, criador do Bolsa Escola, mas o "especialista" em assuntos internacionais, "comentador RTP" nem ao trabalho se deu de preparar a sua intervenção, expondo ainda mais a sua ignorância.

- Na RTP3 para terminar por agora, mas tenho muitos mais casos assinalados, o ponto alto decorreu no 360 graus da Ana Lourenço. Nesse dia contei ao minuto, no meu mural e muita gente viu e outros foram rever nas suas boxes, e recebi inúmeras mensagens sobre o espanto, a vergonha, de como a RTP3, sem saber nos dias de hoje quem conta, preconceituosamente perdida nos seus amiguinhos e nos lóbis do costume, para o caso dos jovens iraquianos e da imunidade diplomática, ter convidado um indivíduo, "especialista" em assuntos internacionais, "comentador RTP" que olhou duas vezes para a cábula para dizer a data da Convenção de Viena, que nada sabia de imunidade e teve de olhar três vezes e engasgou-se duas, depois menciona mais duas vezes «comunicação política», janela fantástica para os ignorantes taparem o que não sabem dizer (e este indivíduo nunca trabalhou em comunicação política, garanto-vos eu) e ainda dispara um sonoro «zeitgeist», coisa que a maioria dos poucos espectadores da RTP3 não sabem o que é, e o indivíduo também não sabe explicar, mas cai bem dizer umas coisas «estrangeiras». Depois, disto, um qualquer decisor na plena posse das suas faculdades agarrava num telefone e dava ordens ao seu produtor para este "especialista" nunca mais aparecer. Sabem qual é o problema? Se calhar, nem os decisores estavam a ver este pobre espectáculo, e o mais grave é que o "especialista" estava 20 minutos depois a comentar outro tema no Jornal da 2.

Uma vergonha, a passagem de um atestado de imbecilidade a incautos em todos os canais, não contem comigo para eu calar esta pornochachada. Aqui me terão, não protejo medíocres, mas os medíocres protegem-se sempre uns aos outros. Portugal, infelizmente, é assim.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Ao cuidado do Turismo de Lisboa

Como é sabido, sou um lisboeta agradecido pelo trabalho que o Turismo de Lisboa tem desenvolvido. O que seria da economia da nossa cidade, do nosso País, se não houvesse um incremento dos que nos visitam e que, na maior parte dos casos, voltará sempre outro tempo na sua vida?

Por isso, deixo a seguinte sugestão construtiva. A Islândia tem um grande escritor de policiais, Arnaldur Indridason, e uma grande escritora de thrillers, prefiro esta caracterização do que policiais para esta autora, Yrsa Sigurdaddotir. A que propósito os menciono?

É que da segunda, que vende milhões de livros em todo o mundo e dá entrevistas para diversos jornais globais, a Quetzal deu à estampa "O Silêncio do Mar". A particularidade é que é uma interessante história de um navio que sai de Lisboa e chega a Reiquejavique (capital daquela fascinante ilha) sem ninguém a bordo. Seguindo-se toda a construção e desenlace deste mistério.

Parte da acção, até ao embarque, é passada em Lisboa mas a mim parece-me que a escritora nunca esteve cá, pois não é muito rica nem realista na descrição que faz da nossa cidade. Daí a minha sugestão: trazer cá a escritora, ela que explique porque a acção parte de Lisboa (se calhar, fruto do bom trabalho do Turismo de Lisboa que a levou a uma cidade que está na moda) e pelo menos temos a certeza que, quando em conferências e entrevistas, Yrsa Sigurdaddotir poderá mostrar uma simpatia ainda maior por Lisboa. E ela vende milhões.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

O Serviço Público da RTP

Eu gosto da RTP, acredito na sua responsabilidade de serviço público de televisão e desejo que o canal seja um farol ao nível da inovação, ao nível da ruptura com o politicamente correcto, que não se conforme com o "statu quo" de fazer fácil e não seja preguiçoso e se deixe levar pelo hábito e pelos preconceitos adquiridos.

Dito isto, e não particularizando todos os canais, arranca hoje uma nova fase da programação em que há uma aposta clara na produção nacional, nomeadamente, a consolidação de uma produção portuguesa de séries de ficção na RTP1. Elogiei aquando do lançamento de "Terapia" essa aposta, porque é rumar contra a maré e contra quase o direito consuetudinário de os portugueses, em canais generalistas, serem obrigados a aturar novelas atrás de novelas do "prime-time" até ao "late-night".

Claro que eu, como qualquer pessoa minimamente informada, sei que é muito difícil a RTP obter com esta aposta logo uma audiência considerável. Os consumos televisivos do grande público são conservadores e não é apenas porque surgem estas quatro séries portuguesas que eles carregam no comando e viram para o canal 1. São muitos anos, desde a influência da Globo, em que os portugueses querem ver telenovelas, estão no seu direito e as audiências assim o dizem.

Mas a RTP deve estar ao lado dos produtores nacionais, deve apoiar tanto séries como o cinema, não deve ter medo da ruptura e deve ter guiões e histórias que possam ser exportadas como outros países europeus conseguiram, por isso irei espreitar todas estas novas séries para aferir da sua qualidade e interesse. Porque há públicos que, a cada dia que passa, fogem para o Cabo e para a Netflix e não se pode perder a esperança de os tentar reconquistar.

Sem esquecer que Portugal não são os 15 mil leitores do Público, sem esquecer que a RTP não é o canal Q e não deve estar refém de humoristas, sem esquecer, e só escrevo hoje sobre a RTP1 (escreverei noutro dia sobre a 2 - e gosto da 2 - e o desastre que tem sido a RTP3 onde os critérios dos amiguinhos, os "especialistas" da tanga e sem currículo predominam, onde o politicamente correcto domina, onde ninguém percebeu o peso dos líderes de opinião das redes sociais que valem mais do que todos os comentadores que lá têm juntos, dá 7 mil espectadores por dia), que Portugal é o mesmo que vê a Volta a Portugal em Bicicleta, que vê o Jorge Gabriel e a Sónia Araújo e continua a gostar do Preço Certo.

Por isso, qualidade sim, sem qualquer dúvida, mas agregando, criando empatia com os portugueses - e bem que a RTP precisa de voltar a ter essa empatia como já teve -, fazendo uma televisão agradável e sem preconceitos. Mas a RTP - e todos os seus canais - não pode perder relevância. Esse é um desafio que não pode ser esquecido. As audiências até podem não ser grandes, mas se a RTP se tornar irrelevante isso será a morte do artista.

domingo, 4 de setembro de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"O Mapa e o Território", Michel Houellebecq, Alfaguara, 376 páginas. Não sendo uma edição deste ano, a de 2016 que chocou muita crítica foi o menos inspirado "Submissão", li-o no Verão, já lhe dei destaque no facebook e, juntamente com "Partículas Elementares", é o seu livro mais genial.

"Onde Todos Observam", Megan Bradbury, Elsinore, 281 pág. Um livro que é uma declaração de amor a Nova Iorque, através de diversos olhares, de quem a viveu, de quem a construiu, mas não pensem que é um livro de viagens, nada tem a ver com isso. Ressalto ainda a qualidade que a editora Elsinore coloca nos seus produtos. É linda a capa, os caracteres da escrita são sublimes, uma edição cuidada, como todas as outras desta editora, com destaque para "As Vozes de Chernobyl", que é um dos livros do ano.

"Fechada para o Inverno", Jorn Lier Horst, D. Quixote, 341 pág. Costumo deixar sempre a sugestão de um policial nestas prosas, é um estilo que aprecio e que leio ao mesmo tempo que outras obras. Este ano, em Portugal, não foram muitos os policiais de grande qualidade editados, mesmo os já clássicos Jo Nesbo ou Camilla Lackberg não me surpreenderam por aí além (deixo o que mais me surpreendeu para a semana). Por isso, sugiro este norueguês que traz um novo personagem que espero que continue a chegar, o detective WilliamWisting.

Cinema

Em sala, aproveitem as últimas projecções de "Dersu Uzala", um filme sublime de Akira Kurosawaa, no Nimas. Na Cinemateca mais um punhado de grandes obras que têm como protagonista Kirk Douglas, para esta semana destaco "The Strange Love of Martha Ivers", o melhor de Lewis Milestone (segunda 15.30h) e "The Big Carnival", do extraordinário Billy Wilder, um filme muito actual, com um jornalista a tentar sobreviver, contribuindo para a morte de um homem, contando com a voracidade das audiências que dão atenção a um drama mas que em minuto partem, como hienas, para novos dramas.
Em casa, na RTP2, na sexta, 23.30h, continuação do ciclo dedicado a Andrei Tarkovsky com "Solaris", depois de nesta sexta ter passado um dos meus filmes preferidos, "Andrei Rublev".

Séries

Acho que já quase toda a gente que tem Netflix viu nestes dias "Narcos" na sua segunda temporada. Se não viram ainda, não sei do que estão à espera.

Documentários

No Odisseia na quarta, 20.30h, cinquenta minutos sobre samurais, um tema sempre fascinante.

Restaurante

Ainda antes de ir de férias almocei no Hikidashi, um japonês de muita qualidade em Campo de Ourique. Não é barato, mas é uma grande experiência.


segunda-feira, 27 de junho de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"O Ruído do Tempo", Julian Barnes, Quetzal, 193 pág. Um dos que leio neste momento e é, provavelmente, um dos melhores do ano. Sobre a Arte e o Poder, a relação entre Chostakovich e Estaline. Bem escrito e com uma ironia marcante,

"Génio", Harold Bloom, Temas & Debates, 902 pág. Esta é uma obra sublime, convém ir lendo página a página, com carinho com medo que o livro acabe. Um tratado sobre literatura e os grandes escritores.

Cinema

Recomendo-vos o "Asas", de Larisa Shepitko, em várias sessões no Nimas esta quarta. É um dos melhores presentes nesta mostra dos grandes mestres do cinema russo. Realizado num tempo em que houve um pequeno espaço para sonhar na URSS, no tempo de Khrushchev.
Em televisão, e ainda há pouco estava nas salas, o último do françois Ozon, no TV Cine 2 na sexta 22h. Sobre este filme que já vi, registei todos os críticos que lhe deram nota 2. É que daqui a 20 anos os mesmos que lhe atribuíram essa nota vão passar a dizer que é um grande filme, vão por mim.
Recomendo o ciclo do Roberto Rosselini que começou na semana passada com o "Amor", às terças no TVC2, e durante toda a semana cerca de 9 filmes do John Carpenter no TVC 4

Séries

A estreia da segunda temporada de Marco Polo, no Netflix. Mais do que a história, a produção e mise-en-scéne é fabulosa.

Documentários/Debate

Eu que sou assinante da Globo Internacional, para lá do charme e humor com classe do programa do Jô Soares, há um programa de debate de grande qualidade que passam os anos e continua bom, é o Manhattan Connection. Passa ás terças.

Restaurante

 Para umas tapas seguidas de boa diversão e bom ambiente espreitem o Lagar do Cais, na Rua de São Paulo. Não é barato mas é um sítio agradável.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"Chega de Saudade", Ruy Castro, Tinta da China, 492 páginas. Um dos livros que leio neste momento, uma edição recente e magnífica. Ruy Castro tem inúmeras obras de eleição sobre a sociedade e personalidades brasileiras. Aqui é a origem da Bossa Nova, um livro riquíssimo recheado de grandes figuras: Vinícius, Jobim, João Gilberto, Nara Leão, Ronaldo Boscoli, Roberto Menescal, Carlinhos Lyra. Uma delícia de construção, tão sonora e elegante como a música que estes génios criaram. Imperdível.

"Augusto", Adrian Goldsworthy, Esfera dos Livros, 582 pág. Para quem gosta de história este é um dos livros a não perder, É História mesmo, não é ficção histórica, pois o autor é um especialista. Não é tão bom como os seus outros dos quais já dei nota, "Júlio César" e "Generais Romanos", mas Augusto é uma personalidade fascinante, ele é que consolidou o império romano na companhia da sua mulher, a maquiavélica Lívia, e por isso são as bases da nossa civilização que inundam este livro.

"A Amiga Genial", Elena ferrante, Relógio d`Água, 264 pág. Este é apenas o primeiro volume que dá o nome a esta tetralogia de Nápoles a qual já li na íntegra. Já tinha recomendado e tirado frases para as redes sociais, é uma obra fabulosa de quem domina todas as técnicas do romance. É fascinante acompanhar a vida de Elena e Lila e toda uma galeria de personagens que se entrelaçam connosco,

Cinema

Dos mestres do cinema russo, no Nimas, esta semana dois filmes inéditos nas salas portuguesas: "O Tio Vânia" e "Siberíada", ambos de Andrei Konchalovsky. Mas de todo o ciclo que tem passado desde Abril, e que praticamente já vi todo, deixo-vos os que considero indispensáveis: para lá de todos os Eiseistein, vejam mesmo o "Ivan, o Terrível" nesta cópia restaurada que é genial, recomendo "O Homem da Câmara de filmar", de dzigo Vertov; "A Casa na Praça Trubnaia", de Boris Barnet, e dois que nunca tinham passado em Portugal: "Asas" e "Ascensão" de Larisa Shepitko
Na Cinemateca, esta semana recomendo o ciclo de Orson Welles e na continuação da mostra da  obra de Vincente Minnelli, "Lust for Life"  (A Vida Apaixonada de Van Gogh) e sobretudo "Cobweb" (Paixões sem freio). E Minnelli, passada toda a sua carreira inicial ligada a musicais, tem filmes geniais dos quais destaco três que vi neste ciclo: "The Clock" (um dos mais belos da história do cinema), "Undercurrent" e "Madame Bovary" com uma das mulheres mais belas de Hollywood, Jennifer Jones, num papel magistral.

Séries

Esta é uma altura em que os principais canais se resguardam para a rentrée e assim as estreias são poucas. Por isso destaco, no Netflix, "Bloodline"(1ª e 2ª temporada), uma séria nota 5, como uma série deve ser, de guião, de personagens marcantes e, neste caso, com grandes actores. Ali verão Sissy Spacek, Sam Shepard, Kyle Chandler (formidável) e depois, na 1ª temporada, Ben Mendelson com um papel que é uma das personagens mais mal formadas que já vi. Mau, sem escrúpulos, marcante; e a quarta temporada de "Orange is the New Black" que se estreia esta semana e as anteriores são sensacionais.

Documentários

George Martin, o produtor dos Beatles diz: «Um produtor tem de ter tacto e saber lidar com um artista». No Odisseia, às quartas, Soundbreaking. Sobre música, mas sobretudo com os produtores que marcaram a história da música em diferentes áreas; Quincy Jones, George Martin, Jay-Z, Phil Spector, tantos outros.
No Netflix há uma série que é quase documentário e hei-de escrever mais detalhadamente sobre ela pois adorei a 1ª temporada. Chama-se "Chef`s Table". Mas é muito mais do que uma série sobre gastronomia, uma realização perfeita e atractiva, vários pontos do mundo com imagens maravilhosas. A ver.

Restaurante

Eu gosto muito da Camponesa em Santa Catarina. Excelente cozinha, quanto a vinhos deixem o dono recomendar e o ambiente é excelente. Não é barato, mas não é nenhum assalto ás carteiras e é bem ali no meio de tudo.