domingo, 18 de setembro de 2016

Sugestões para a semana

Livros

«O Czar do Amor e do Tecno», Anthony Marra, Teorema, 382 páginas. Livro fabuloso, melhor livro do ano para New York Times, Washington Post, entre outros, a história de um artista, um pintor, que se torna um censor na União Soviético, eliminando de fotografias e pinturas os ditos, no tempo, «inimigos da revolução». A ler e já dei destaque no meu facebook.

«A Guerra Não Tem Rosto de Mulher», Svetlana Alexievich, Elsinore, 392 pág. É o segundo livro, depois das «Vozes de Chernobyl», que é publicado da vencedora do Nobel por esta editora. Este é o primeiro da autora. «Não escrevo sobre a guerra, mas sobre o ser humano na guerra. Não escrevo a história da guerra, mas a história dos sentimentos. Sou historiadora da alma». Depois, é o seu habitual, e genial, estilo de caleidoscópio de experiências que transporta com sensibilidade para o papel.

«Skype com Deus», Bruno Costa Carvalho, Glaciar, 67 pág. Livro que se lê com gosto e num ápice. Tenho grande estima pelo autor, que aqui exercita um diálogo criativo, imaginado com Deus. Alguém não teve já a tentação de agradecer, em tempo de alegria, ou de questionar quando algo corre mal a divindade ou divindades em que acredita? Por Skype vemos que Deus está mais perto de nós e tem quase os mesmos gostos que nós.

Cinema

Em casa, na RTP2, na quarta, 23.20h, um dos mais belos filmes do Peter Greenaway, «Os Livros de Próspero», inspirado na "Tempestade" de Shakespeare.
Sexta, no TVC1, 21.30h, um dos melhores saídos de Hollywood no ano passado: «Sicário».
Em sala, no Nimas, regressa em versão digital restaurada e remasterizada, na quinta, um dos clássicos do cinema moderno: "Taxi Driver", de Martin Scorsese. Tenho a certeza de que quem já o viu umas dez vezes voltará ao escurinho do cinema.

Séries

Na RTP2 estamos já na segunda semana da segunda temporada de «Príncipe», série de produção espanhola, passada em Ceuta, sobre terrorismo e que não sendo nenhuma obra-prima é uma agradável produção europeia e uma boa alternativa.
Na quinta regressa uma espécie de Dallas nó hip-hop e R&B em Empire, na fox Life.

Documentários

Vou chamar-lhe documentário, sabendo que é uma série, mas é uma produção do canal História que se estreia amanhã às 22h. "Barbarians Risings" sobre as diversas civilizações e tribos que atacaram e sucederam ao Império Romano.
No TVC2, na quarta, 19.15h, para aquelas pessoas que gostam de passar o fim-de-semana no IKEA, que tal conhecerem Ingvar Kamprad «O homem que mobilou o mundo», o fundador da conhecida marca sueca.

Bar/Restaurante

Aproveitando o bom tempo que ainda vai continuar, aproveitem o pôr~do-sol e dêem um pulo a uma das ruas mais «cool» de Lisboa, a rua de São Paulo, e logo ali no 218, ao lado do elevador da Bica, vão ter o prazer de conviver com um dos homens mais míticos dos tempos em que o Bairro Alto era bom, o meu amigo Hernâni Miguel, no seu bar Tabernáculo, onde podem comer umas deliciosas tapas e também todos os dias um prato esmerado com qualidade. Tudo acompanhado com um bom vinho da Bacalhoa.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A Justiça e Sócrates

Primeiro ponto, não sou jurista nem juíz, em termos de técnicas relacionadas com o Direito haverá gente com muita competência para se pronunciar sobre prazos, acusações e outras variáveis no caso de José Sócrates.

Segundo ponto, não pertenço a nenhum partido (nunca pertenci) e, por isso, não sou nenhum guerrilheiro das redes sociais, arena onde, diariamente, vejo gente, verdadeira e não existente, a digladiar-se em mortíferas batalhas campais, onde a arma de arremesso é a verve e a de defesa é a  falta de memória. Assim sendo, o meu comentário é independente, sem ódios cegos e sem irracionalidade.

Eu gostava que em Portugal a Justiça fosse eficaz, que não temesse poderosos nem o dinheiro dos poderosos, que colocasse a ver o sol entre as grades quem inequivocamente rouba, quem prejudica um Pais para se governar com negociatas. A Justiça deve ser cega, independente, sem preconceitos, mas deve ser certeira e não demorada.

Ao prenderem preventivamente José Sócrates durante 10 meses, quem o fez, sabiam que condicionavam percepções - e muitas vezes a percepção é mais importante que a realidade - que haveria uma condenação geral da população mesmo, como acontece, que não houvesse uma clara condenação construída pela máquina judicial.

O certo é que já passaram dois anos e José Sócrates ainda não sabe do que é acusado. Dois anos é muito tempo, como diria uma canção, muitas notícias foram soltas, muitos cenários foram construídos. Eu gostava que, em todos os casos, a Justiça fosse célere, porque nesta altura do campeonato a maior parte dos portugueses já tem suposições, já julgou o ex-Primeiro-Ministro na sua consciência, mas o que é certo é que até agora são só percepções e cenários, enquanto a reputação de um indivíduo, que desempenhou um dos mais altos cargos do país, está nas ruas da amargura.

Agora a PGR dá mais 6 meses para o Ministério Público investigar José Sócrates. É demasiado tempo e a Justiça arrisca-se, ela também, a ficar com a sua margem de erro e reputação de rastos.  

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Assunção Cristas em Lisboa

Eu tenho simpatia pela Assunção Cristas, já o disse e mantenho. E digo-o com a liberdade de não pertencer a nenhum partido e tentar ver a política de maneira racional, sem guerrilhas partidárias.

Assunção está a criar a sua aura, o seu caminho. Tal como o seu antecessor, sabe que uma candidatura a Lisboa, com meses de campanha, com intensa exposição mediática, são a melhor maneira de conquistar notoriedade e solidificar a sua liderança.

Em 2001, Lisboa juntou João Soares, Pedro Santana Lopes e Paulo Portas. Três pesos-pesados, provavelmente na melhor campanha política de sempre. O CDS obteve 7,5 por cento dos votos. Sendo assim, esta é a barreira mínima da nova líder do partido, qualquer resultado abaixo será um fracasso.

Assunção tem uma capacidade, com o actual PSD, de roubar eleitorado e dar bicadas ao seu discurso. E tem um capital de simpatia que não é despiciendo na actualidade. Muita gente que não milita no seu partido, respeita-a, e o CDS tem hoje caminho livre para se afirmar, crescer e robustecer a sua base de apoio.

Por isso, sem uma coligação previamente delineada e assinada com o PSD, o seu movimento era o mais natural e o que mais empolga o seu partido, não dando margem para que outros nomes do CDS se neguem ao combate nestas autárquicas.

Mas há algo que não gostei e terá de ser rapidamente limado, apurado e construído. Se já elogiei o movimento de xadrez da sua candidatura, não me esqueço que eu sou de Lisboa, e gostava que quem se candidatasse à minha cidade não dissesse apenas «sou candidato» e apresentasse já algumas ideias que representassem a ruptura com a governação da cidade que está sem qualquer estratégia e a navegar à vista. E aliás, tem boa gente aqui em Lisboa que a pode ajudar, com trabalho evidente e de qualidade na oposição, uma vez que só o CDS - o PSD não existe, Seara desapareceu - tem combatido o presidente não eleito, Medina.

Não basta dizer «tenho o vento de Lisboa colado à minha pele e tenho a água do Tejo no fundo da minha alma», quem lhe construiu este soundbyte é amador, diga-se. Lisboa precisa de uma ideia de cidade, de uma estratégia global e não de apontamentos e obras avulsas. Cristas está no terreno, seja bem vinda, é uma mulher simpática, passa bem o que quer dizer, cria empatia com as pessoas, mas ainda tem de dizer ao que vem.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A grande praga do Verão: os «especialistas»

No mundo muita gente temeu, por causa dos Jogos Olímpicos, a praga do Zika. Em Portugal o nosso território foi, e ainda é, martirizado pelos fogos florestais, mas, pior que tudo, como se do Êxodo brotasse nova praga de gafanhotos foi o pobre espectáculo que os canais de televisão deram ao ungir umas dezenas largas de "especialistas".

Especialistas entre aspas, porque o nome real seria embusteiros, com a conivência natural de quem os convidou e os intitulou assim. Vi cenas deprimentes, indivíduos e cavalheiras que nem sabiam do que estavam a falar, gente à qual nunca se conheceu um pensamento, que nunca publicou uma ideia, gente sem currículo, que não tem audiências e nem traz audiências. mas que todas as televisões ditas de informação ungiram como "especialistas". E isto aconteceu na SIC-N, na TVI24 e, especialmente, na RTP3 que é um desastre completo neste aspecto. Vamos a exemplos:

- na SIC-N é constante a presença de um politólogo, que nem os grandes politólogos portugueses conhecem e sabem quem é, não se conhece uma ideia, um pensamento de lado nenhum, mas o indivíduo surge todo lampeiro, comenta política nacional e internacional, até fala de comunicação (e aqui esclareço os leitores que o indivíduo nada sabe e nunca trabalhou em comunicação, que é a minha área e sei do que falo). Audiências zero, impacto zero, relevância nenhuma, já informei dois amigos  decisores da SIC, mas o senhor continua a lá ir.

- durante os fogos que lavravam, das imagens mais terríveis e tristes que as televisões nos apresentam,  foi ininterrupto a presença em todos os estúdios de dezenas de "especialistas" em fogos, florestas e meios de combate aos incêndios, horas e horas de comentários com inúmeras receitas, mas, ao mesmo tempo que debitavam sem parar, na vaidade de se ouvirem, não percebiam que as suas vãs palavras nada valiam e o espelho das suas receitas estava ser feito poeira como o nosso território e os bens das pessoas.

- Na RTP 3 vi um "comentador RTP" a comentar a Convenção Democrata sem a comentar, citando apenas Donald Trump num chorrilho de lugares comuns e sem saber nada de política americana. Duas notas minhas sobre isto: 1- para quem não sabe, eu fui editor internacional durante dois anos no jornal Semanário, onde tinha coluna semanal de opinião sobre temas da política internacional, fui à sede da NATO, em Bruxelas, escolhido então pela embaixada americana em Lisboa,  para falar numa conferência sobre o programa PpP, que nem estes "especialistas" sabem o que é. Era Parceria para a Paz e o possível alargamento da Aliança Atlântica à Rússia. Já agora, sabem como se chamava a minha coluna de opinião no Semanário, nome que eu escolhi? "Olhar o Mundo", passados tantos anos, vejo que é o nome do programa de política internacional da RTP3. E sendo consultor de comunicação hoje, mantenho a leitura, actualidade e paixão pelo internacional. 2- por causa dessas leituras, cabe-me dizer que ao ouvir esse comentário sobre a Convenção Democrata e o Trump, enviei um sms para um responsável da RTP com o comentário: «o comentador não percebe nada do que diz, mas pelo menos leu o El Pais de ontem, pois está a dizer ipsis verbis o que lá vinha da relação do Trump com Putin, pelo menos isso».

- Na RTP3 vi outro "especialista", que estava à frente do Bernardo Pires de Lima (o único bom especialista, sem aspas, de política internacional da RTP, os outros numa televisão criteriosa seriam todos vetados) a mencionar, durante o impeachment no Brasil, «um senador Buarque que falou, mas que nada tem a ver com o Chico Buarque», como se estivesse a fazer humor para tapar a sua ignorância. o Buarque, que o "especialista" mencionava e não sabia quem era, era o Cristovam (sim, com M no fim) Buarque, um dos mais respeitados políticos brasileiros, governador de Brasília, ministro da Educação, criador do Bolsa Escola, mas o "especialista" em assuntos internacionais, "comentador RTP" nem ao trabalho se deu de preparar a sua intervenção, expondo ainda mais a sua ignorância.

- Na RTP3 para terminar por agora, mas tenho muitos mais casos assinalados, o ponto alto decorreu no 360 graus da Ana Lourenço. Nesse dia contei ao minuto, no meu mural e muita gente viu e outros foram rever nas suas boxes, e recebi inúmeras mensagens sobre o espanto, a vergonha, de como a RTP3, sem saber nos dias de hoje quem conta, preconceituosamente perdida nos seus amiguinhos e nos lóbis do costume, para o caso dos jovens iraquianos e da imunidade diplomática, ter convidado um indivíduo, "especialista" em assuntos internacionais, "comentador RTP" que olhou duas vezes para a cábula para dizer a data da Convenção de Viena, que nada sabia de imunidade e teve de olhar três vezes e engasgou-se duas, depois menciona mais duas vezes «comunicação política», janela fantástica para os ignorantes taparem o que não sabem dizer (e este indivíduo nunca trabalhou em comunicação política, garanto-vos eu) e ainda dispara um sonoro «zeitgeist», coisa que a maioria dos poucos espectadores da RTP3 não sabem o que é, e o indivíduo também não sabe explicar, mas cai bem dizer umas coisas «estrangeiras». Depois, disto, um qualquer decisor na plena posse das suas faculdades agarrava num telefone e dava ordens ao seu produtor para este "especialista" nunca mais aparecer. Sabem qual é o problema? Se calhar, nem os decisores estavam a ver este pobre espectáculo, e o mais grave é que o "especialista" estava 20 minutos depois a comentar outro tema no Jornal da 2.

Uma vergonha, a passagem de um atestado de imbecilidade a incautos em todos os canais, não contem comigo para eu calar esta pornochachada. Aqui me terão, não protejo medíocres, mas os medíocres protegem-se sempre uns aos outros. Portugal, infelizmente, é assim.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Ao cuidado do Turismo de Lisboa

Como é sabido, sou um lisboeta agradecido pelo trabalho que o Turismo de Lisboa tem desenvolvido. O que seria da economia da nossa cidade, do nosso País, se não houvesse um incremento dos que nos visitam e que, na maior parte dos casos, voltará sempre outro tempo na sua vida?

Por isso, deixo a seguinte sugestão construtiva. A Islândia tem um grande escritor de policiais, Arnaldur Indridason, e uma grande escritora de thrillers, prefiro esta caracterização do que policiais para esta autora, Yrsa Sigurdaddotir. A que propósito os menciono?

É que da segunda, que vende milhões de livros em todo o mundo e dá entrevistas para diversos jornais globais, a Quetzal deu à estampa "O Silêncio do Mar". A particularidade é que é uma interessante história de um navio que sai de Lisboa e chega a Reiquejavique (capital daquela fascinante ilha) sem ninguém a bordo. Seguindo-se toda a construção e desenlace deste mistério.

Parte da acção, até ao embarque, é passada em Lisboa mas a mim parece-me que a escritora nunca esteve cá, pois não é muito rica nem realista na descrição que faz da nossa cidade. Daí a minha sugestão: trazer cá a escritora, ela que explique porque a acção parte de Lisboa (se calhar, fruto do bom trabalho do Turismo de Lisboa que a levou a uma cidade que está na moda) e pelo menos temos a certeza que, quando em conferências e entrevistas, Yrsa Sigurdaddotir poderá mostrar uma simpatia ainda maior por Lisboa. E ela vende milhões.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

O Serviço Público da RTP

Eu gosto da RTP, acredito na sua responsabilidade de serviço público de televisão e desejo que o canal seja um farol ao nível da inovação, ao nível da ruptura com o politicamente correcto, que não se conforme com o "statu quo" de fazer fácil e não seja preguiçoso e se deixe levar pelo hábito e pelos preconceitos adquiridos.

Dito isto, e não particularizando todos os canais, arranca hoje uma nova fase da programação em que há uma aposta clara na produção nacional, nomeadamente, a consolidação de uma produção portuguesa de séries de ficção na RTP1. Elogiei aquando do lançamento de "Terapia" essa aposta, porque é rumar contra a maré e contra quase o direito consuetudinário de os portugueses, em canais generalistas, serem obrigados a aturar novelas atrás de novelas do "prime-time" até ao "late-night".

Claro que eu, como qualquer pessoa minimamente informada, sei que é muito difícil a RTP obter com esta aposta logo uma audiência considerável. Os consumos televisivos do grande público são conservadores e não é apenas porque surgem estas quatro séries portuguesas que eles carregam no comando e viram para o canal 1. São muitos anos, desde a influência da Globo, em que os portugueses querem ver telenovelas, estão no seu direito e as audiências assim o dizem.

Mas a RTP deve estar ao lado dos produtores nacionais, deve apoiar tanto séries como o cinema, não deve ter medo da ruptura e deve ter guiões e histórias que possam ser exportadas como outros países europeus conseguiram, por isso irei espreitar todas estas novas séries para aferir da sua qualidade e interesse. Porque há públicos que, a cada dia que passa, fogem para o Cabo e para a Netflix e não se pode perder a esperança de os tentar reconquistar.

Sem esquecer que Portugal não são os 15 mil leitores do Público, sem esquecer que a RTP não é o canal Q e não deve estar refém de humoristas, sem esquecer, e só escrevo hoje sobre a RTP1 (escreverei noutro dia sobre a 2 - e gosto da 2 - e o desastre que tem sido a RTP3 onde os critérios dos amiguinhos, os "especialistas" da tanga e sem currículo predominam, onde o politicamente correcto domina, onde ninguém percebeu o peso dos líderes de opinião das redes sociais que valem mais do que todos os comentadores que lá têm juntos, dá 7 mil espectadores por dia), que Portugal é o mesmo que vê a Volta a Portugal em Bicicleta, que vê o Jorge Gabriel e a Sónia Araújo e continua a gostar do Preço Certo.

Por isso, qualidade sim, sem qualquer dúvida, mas agregando, criando empatia com os portugueses - e bem que a RTP precisa de voltar a ter essa empatia como já teve -, fazendo uma televisão agradável e sem preconceitos. Mas a RTP - e todos os seus canais - não pode perder relevância. Esse é um desafio que não pode ser esquecido. As audiências até podem não ser grandes, mas se a RTP se tornar irrelevante isso será a morte do artista.

domingo, 4 de setembro de 2016

Sugestões para a semana

Livros

"O Mapa e o Território", Michel Houellebecq, Alfaguara, 376 páginas. Não sendo uma edição deste ano, a de 2016 que chocou muita crítica foi o menos inspirado "Submissão", li-o no Verão, já lhe dei destaque no facebook e, juntamente com "Partículas Elementares", é o seu livro mais genial.

"Onde Todos Observam", Megan Bradbury, Elsinore, 281 pág. Um livro que é uma declaração de amor a Nova Iorque, através de diversos olhares, de quem a viveu, de quem a construiu, mas não pensem que é um livro de viagens, nada tem a ver com isso. Ressalto ainda a qualidade que a editora Elsinore coloca nos seus produtos. É linda a capa, os caracteres da escrita são sublimes, uma edição cuidada, como todas as outras desta editora, com destaque para "As Vozes de Chernobyl", que é um dos livros do ano.

"Fechada para o Inverno", Jorn Lier Horst, D. Quixote, 341 pág. Costumo deixar sempre a sugestão de um policial nestas prosas, é um estilo que aprecio e que leio ao mesmo tempo que outras obras. Este ano, em Portugal, não foram muitos os policiais de grande qualidade editados, mesmo os já clássicos Jo Nesbo ou Camilla Lackberg não me surpreenderam por aí além (deixo o que mais me surpreendeu para a semana). Por isso, sugiro este norueguês que traz um novo personagem que espero que continue a chegar, o detective WilliamWisting.

Cinema

Em sala, aproveitem as últimas projecções de "Dersu Uzala", um filme sublime de Akira Kurosawaa, no Nimas. Na Cinemateca mais um punhado de grandes obras que têm como protagonista Kirk Douglas, para esta semana destaco "The Strange Love of Martha Ivers", o melhor de Lewis Milestone (segunda 15.30h) e "The Big Carnival", do extraordinário Billy Wilder, um filme muito actual, com um jornalista a tentar sobreviver, contribuindo para a morte de um homem, contando com a voracidade das audiências que dão atenção a um drama mas que em minuto partem, como hienas, para novos dramas.
Em casa, na RTP2, na sexta, 23.30h, continuação do ciclo dedicado a Andrei Tarkovsky com "Solaris", depois de nesta sexta ter passado um dos meus filmes preferidos, "Andrei Rublev".

Séries

Acho que já quase toda a gente que tem Netflix viu nestes dias "Narcos" na sua segunda temporada. Se não viram ainda, não sei do que estão à espera.

Documentários

No Odisseia na quarta, 20.30h, cinquenta minutos sobre samurais, um tema sempre fascinante.

Restaurante

Ainda antes de ir de férias almocei no Hikidashi, um japonês de muita qualidade em Campo de Ourique. Não é barato, mas é uma grande experiência.