A Noruega é um país desmilitarizado, rico em petróleo e que abdicou da integração europeia. As sociedades nórdicas ganharam reputação de utopias como sociedades de bem estar.
O passar dos tempos e o contacto com outras culturas vieram revelar outras tensões acumuladas. Há quem diga que foi o assassínio de Olof Palme, na Suécia, que fez desabrochar essas pulsões até então sob a pele.
Não sei que imagem faz hoje o mundo dos países nórdicos, mas ontem deparou com o pesadelo desencadeado por um anjo negro (por acaso é louro) que abalou aquela calma de morte que parece tocar aqueles mares.
Sei que o mundo vibra com os grandes autores de policiais nórdicos. Stig Larsson - e a saga Millenium - trouxeram outro olhar, mas quem é apreciador do género. como eu, conhece Lars Kepler (uma dupla, a mulher é de ascendência portuguesa), Ann Holt, Camilla Lackberg, Arnaldur Indridason, Asa Larsson, Mons Kallentoft ou, sobretudo, Henning Mankell e o seu inspector Kurt Wallander.
O El Pais recorda hoje Wallander, como o ícone dos policiais mais extremos e próximos do mal que a nova geração de autores nórdicos trouxe e hoje os torna expoentes máximos do género.
O que ontem se passou, podia estar numa história de qualquer um destes autores. «Escrevo na tradição literária mais antiga, a que utiliza o espelho do delito e do crime para reflectir a sociedade. De que falavam as tragédias gregas senão de crimes?», Henning Mankell dixit.
Wallander é apenas o cansado inspector sueco que «simboliza a luta contra as pulsões obscuras de uma sociedade só aparentemente perfeita». As sociedades nórdicas estão doentes.
domingo, 24 de julho de 2011
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