O meu amigo João Leitão, «country manager» ibérico da Betafence, escreveu um excelente artigo no OJE sobre o papel do Estado na Economia. Deixo-o aqui para lerem.
«Todos sabemos, os que andam na área das empresas e dos negócios, que, para estes se desenvolverem, são necessárias duas condições para o investimento ter sucesso: segurança e previsibilidade.
A segurança decorre de indicadores de confiança e a previsibilidade decorre de cenários traçados que dão garantias aos que querem ser investidores numa economia. Tanto na esfera pública como no campo privado.
Vivemos uma crise sem precedentes e o nosso principal mercado, Espanha, com uma taxa de desemprego superior a 20 por cento, uma economia em asfixia e, mais grave, com a Comissão Europeia a duvidar fortemente das suas contas, leva-nos a pensar que as nossas exportações, por ali, não serão a solução.
É nestas alturas, de crise financeira agravada, que nos devemos lembrar do que ocorreu durante o New Deal e a forte política de investimento público levada a cabo por Franklin D. Roosevelt.
Foi o Estado através de um forte programa de obras públicas que reergueu os Estados Unidos e deu nova alma e, naturalmente, mais emprego à Nação.
Nestas alturas em quem é que os empresários devem confiar? Em primeiro lugar em si próprios, continuar a acreditar nos seus negócios, nas suas equipas. Ser optimista num mar de pessimismo às vezes é difícil, mas é um tónico moral importante.
Lembro-me de uma famosa campanha publicitária que referia «menos ais, queremos muito mais». E isso é o lado de quem tem ambição, de quem arrisca, de quem tem gosto em ousar e ser empreendedor. É o lado fascinante dos empresários.
Mas, depois, os empresários devem confiar no Estado que deve ter uma linha de rumo séria e pouco flutuante. O Estado deve dar essa segurança e previsibilidade.
O que se tem passado em Portugal leva os empresários, por vezes, a perder a confiança nas suas próprias previsões.
Uma empresa como a Betafence, líder em em soluções para segurança perimetral, necesita de investimentos nas grandes obras públicas e privadas.
E nos últimos anos têm sido anunciadas diversas obras de grande relevância que poderiam ser importantes para o relançar da economia. O novo aeroporto, nova ponte sobre o Tejo, novos troços de auto-estradas, o TGV e a renovação das linhas ferroviárias. Porém, ficamos na dúvida: vão mesmo avançar?
Se assim não for, todas as condições de segurança e previsibilidade nos investimentos caem por terra. Portugal tem de ter coragem e reforçar as suas decisões, apesar de toda a pressão de Bruxelas para que Portugal recupere os seus principais indicadores económicos e ultrapasse esta grave crise.
Adam Smith dizia que «a ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram». E é um facto que muitos opinion-makers que nunca tiveram a coragem de ser empresários, por vezes dizem que os empresários portugueses vivem dependentes do Estado.
É totalmente falso. Claro que o Estado e as suas instituições estão activas na economia, mas visando o bem comum, construindo e melhorando para providenciar uma maior qualidade de vida aos cidadãos. E por isso, logicamente, têm de estabelecer parcerias com o sector privado.
É por isso que esses críticos, vou-lhes chamar assim, ainda não perceberam que sem a visão e o arrojo de quem está na vida empresarial, a crise seria muito maior.
Por isso necessitamos de empresas confiantes, de segurança e previsibilidade, e neste momento Portugal precisa urgentemente de investimentos públicos e privados.»
João Leitão
Country manager ibérico da Betafence.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário