Quando o Jornal de Notícias quis saber a minha opinião, na sexta, sobre o que se passava na campanha do PS, comecei assim: «acho estranho o que se passa. António Costa é um político talentoso, o director de campanha, Ascenso Simões, é um homem experiente e inteligente e Edson Athayde já deu outras vitórias ao PS. Mas todo este talento junto tem levado ao desastre».
Há uma regra base de uma campanha política: não cometer erros. Nesta campanha do PS, os sucessivos erros relacionados com outdoors levaram a que as atenções das pessoas fossem desviadas do que deve ser o debate político e criou-se a percepção que o PS estava a passar por dificuldades. Por causa dos disparates com um outdoor que parecia de uma igreja evangélica e depois com outro em que o storytelling estava errado e precisou de justificações, o que o levou a perder eficácia.
Assim, e sabendo que nenhum outdoor vence eleições, os erros acumulados desviaram o foco do que devia ser a campanha socialista. O PS em vez de estar ao ataque contra um Governo que aborreceu os portugueses, está à defesa por causa de peças de comunicação política que são os outdoors.
O PS que precisa de uma onda de entusiasmo para efectuar a mudança, viu-se entorpecido e atolado nas suas debilidades de campanha. Agora, pode dar-se a volta, mas para voltar a ganhar o "momentum" tem de se ultrapassar o "damage control" e entrar numa velocidade "warp" de campanha e a altura não é a ideal.
Mas há outra ilação que se pode tirar. O PS ainda não percebeu o efeito das redes sociais. Há uns anos atrás, se estes erros não surgissem nos media tradicionais, poucos reparariam neles, ainda por cima no mês de Agosto. Mas estamos no século XXI, a comunicação mudou, e a comunicação política tem de se adaptar.
Nesta crise dos outdoors, mais uma vez foram as redes sociais que a exploraram, gozaram, criando um facto político que os media tradicionais tiveram de seguir, enquanto o PS demorava a reagir, perdendo por completo esta batalha no facebook e twitter onde existem poderosos influenciadores independentes (e não só) que chegam a qualquer pessoa com um smartphone ou I-Pad que esteja na praia, em férias, e que apanharam como grande evento político do ano uma sucessão de disparatados outdoors.
O PS já pediu desculpas públicas, o que é bom. Já mudou de director de campanha, não sei se é bom ou se é mau. Já meteu um novo outdoor, tradicional, sóbrio, apoiando-se na imagem de António Costa. Mas falta conquistar a empatia das pessoas, falta rua, faltam ideias, ninguém sente uma onda PS como nos tempos em que Jorge Coelho mobilizava a máquina partidária. E ainda não descobriram a palavra-chave para ganhar estas eleições. Isso deixo para amanhã.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
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