Vou deixar a análise ao momento da campanha do PS para amanhã aqui no blog, apesar de já ter dito umas coisas para a edição de ontem do Jornal de Notícias. Hoje quero escrever sobre a falácia do nosso sistema eleitoral que há muito já devia ter sido mudado para aproximar os eleitores dos eleitos e para responsabilizar claramente quem escolhemos com o nosso voto.
Todos sabemos que quando acontecem eleições legislativas a tendência das pessoas é escolher sobre o melhor candidato a Primeiro-Ministro. Normal, mas não devia ser assim. Para melhorar a qualidade da democracia, devíamos saber na plenitude qual a pessoa que estamos a escolher, conhecê-la claramente para, depois, nos representar e exigirmos a sua resposta e responsabilização.
Exemplo: uma pessoa que mora em Braga elege os deputados do seu circulo eleitoral. Mas sabem os bracarenses, entre os escolhidos pelos diretórios partidários dos seus funcionários, quotas e amigos, quem são os seus representantes? Comunicam com eles? Pedem-lhes satisfações? Não. E enquanto esse afastamento perdurar, a qualidade da nossa democracia e a qualidade da nossa classe política não melhorará.
Eu sou de Lisboa, independente, nunca militei em nenhum partido, apesar de já ter trabalhado com vários e não só portugueses. Sou um daqueles eleitores esclarecidos, daqueles que não interessam muito aos partidos porque não sou manipulável, como irei votar?
Nesta altura do campeonato tenho de confessar que ainda não sei. A coligação durante quatro anos violentou e aborreceu os portugueses, massacrou empresários e a classe média, roubou reformados e pensionistas. O PS, que neste momento devia estar a navegar numa onda de optimismo e de esperança na mudança, está atolado no pesadelo do prisioneiro 44, não encanta ninguém e parece que desaprendeu tudo o que deve ser uma campanha de sucesso.
Não tenho nada a ver com o Bloco de Esquerda, nunca gostei do proselitismo de Louçã nem do histrionismo de Catarina Martins, que em termos de voz é a Cristina ferreira da política portuguesa (o que não é nada bom).
Mas gosto muito da Mariana Mortágua, já gostava dela e chamei a atenção para ela, basta ver no meu twitter, muito antes de se ter tornado uma estrela com a CPI do BES, porque tenho anos de comunicação política e alguns anos (já lá vão muitos e às vezes com saudades dessa bela profissão) enquanto jornalista a passar muitos dias no Parlamento. Quem por lá passou sente sempre melhor quem é bom.
Ela é uma política que faz falta. É uma miúda que é uma esperança. Mas é honesta, gosta de Portugal (e o patriotismo não é apenas um valor da direita), está bem preparada, é estudiosa, não tem pudor de cair em cima dos Salgados, Zeinais e outros que tais. O que seria dela se estivesse num partido grande?
Os candidatos que encabeçam a lista por Lisboa são, entre outros: Passos, Costa, Jerónimo, Mariana. Quem é que um cidadão de Lisboa acha que o pode representar melhor? Esse era o dilema que devia nortear as pessoas a escolher e não quem é o melhor candidato a primeiro-ministro. A reforma do sistema eleitoral é uma prioridade absoluta, mas ninguém fala dela. Discutem-se outdoors.
domingo, 9 de agosto de 2015
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