Ghost Writer é aquela pessoa a quem não é reconhecida a autoria de livros ou discursos, sendo o seu nome substituído por alguém importante.
No filme "The Ghost Writer" a história começa com o convite a Ewan McGregor para escrever, de maneira escondida, as memórias de um ex-Primeiro-Ministro, Adam Lang (Pierce Brosnan).
O filme arranca com um diálogo muito interessante como conceito para a comunicação política:
- "Conheces o Adam Lang?"
- " Claro, votei nele, toda a gente votou nele. Ele não era um político era uma moda".
Depois, o filme que tem laivos declarados de inspiração na personalidade de Tony Blair, não é um filme político. É um thriller com fundo político, tal como o conto de Robert Harris que o originou.
Relembre-se que Harris escreveu Pátria (Fatherland), Enigma, Pompeia e Imperium. Li os quatro, o primeiro e o último referidos fantásticos.
Mas a mim, cinéfilo militante, o que me interessa é como Roman Polanski, o realizador, dá provas de maestria.
Um grande realizador sabe contar uma história, cria um universo próprio. Neste caso, o tempo que passamos na sala é um tempo angustiante, pois algo ainda está para vir.
Muita gente não gosta de Polanski, há quem até não o veja agora como protesto silencioso pelas suas histórias relacionadas com a pedofilia, mas Polanski é um director genial.
Os pormenores são deliciosos com ele. Nunca me esqueço de um dos meus filmes preferidos, "Repulsa", na sua fase inicial de carreira, com uma Catherine Deneuve que, de repente, se torna uma psicopata refugiada em casa.
Mas Polanski tem Tess (mais "ternurento"), a Semente do Diabo (com uma Mia Farrow completamente enleada na influência de algo que não compreende), Frenético (sempre como som de fundo Grace Jones e uma degradada Paris, com o plano inicial e final do filme iguais: um carro de recolha de lixo), o Pianista (onde filma os seus terrores de adolescência), ou o perturbante Lua de mel - Lua de Fel, Oliver Twist (numa visão pessoal do livro de Dickens). Escrevo de memória, daqui a bocado lembro-me de mais.
Este "Ghost Writer" é um thriller actual, um grande filme, ainda com a aparição de um dos melhores secundários de sempre de Hollywood, o "velhinho" Eli Wallach. Recomendo vivamente, não se vão arrepender.
Nos dias de hoje em que Hollywood vive uma fase "cromagnon" de "blockbusters", de prodígios técnicos e de filmes para anormais baseados nos heróis da Marvel (honrosa excepção os dois Batman de Christopher Nolan) é raro vermos cinema de qualidade. Polanski conta uma história e faz um FILME. Que raro isso é hoje.
sábado, 24 de julho de 2010
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